Nildo Carlos Oliveira
Pois é. Temos um novo capítulo na novela da travessia Santos-Guarujá. Enquanto os vários lances da história prosseguem, o tradicional sistema de passagem, por balsas, se eterniza, sacrificando os moradores de um lado e de outro e, sobretudo, os que pretendem chegar a Guarujá, nos feriados ou nos fins de semana.
No início difundiu-se a ideia da construção de uma ponte. Sustentava-se que a ponte seria uma obra menos cara do que um túnel. Foi até montada uma maquete mostrando a estrutura e os acessos. Como uma ponte, a rigor, não oferece quaisquer mistérios à experiência da engenharia brasileira, seja no projeto ou na execução – afinal abundam por aí os exemplos de obras do gênero, de grande porte, bem acabadas e em operação plena – imaginava-se que o empreendimento ganhasse corpo e celeridade. Não ganhou. Tanto é, que em 2011 o governo Geraldo Alckmin apresentou outro projeto: a travessia seria feita, mas por intermédio de um túnel submerso.
Ainda naquele ano o governo paulista abandonou a ideia da ponte e assumiu a responsabilidade pela construção do túnel. A obra poderia estar concluída até 2016. Essa data, pelo visto, já foi para as calendas.
O projeto do túnel Santos-Guarujá, a ser tocado sob a responsabilidade da Dersa e do consórcio Engevix, Themag e Planservi, ganhou o prêmio 2014 de Inovação em Infraestrutura Urbana, no evento global da empresa de TI Bentley, realizado em Londres, Inglaterra.
O custo do empreendimento, considerando a data-base de março de 2014, era de R$ 2,8 bilhões. Em seus primórdios, quando ainda se discutia se a travessia seria feita por ponte ou túnel, o custo estimado, para esta última opção, era de R$ 1,3 bilhão; depois evoluiu para R$ 2,5 bilhões e, mais tarde, para até R$ 3,2 bilhões. Em seguida, a Dersa informou que o valor seria aquele de R$ 2,8 bilhões, mas considerando a data-base mencionada.
Quando imaginávamos que a construção já estivesse ao menos sendo iniciada, vem o Tribunal de Contas do Estado determinando que a Dersa altere o edital. É que o TCE identificou uma série de dúvidas, que exigirão mexida no projeto executivo. A Dersa ainda não se manifestou sobre o ingresso de um novo figurante, o TCE, na novela da travessia.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira