Não há como não ficar urgentemente ao lado do professor (aposentado) de planejamento urbano, Luiz Carlos Costa, nas observações que ele faz na FSP do dia 4 último, em relação ao Plano Diretor Estratégico de São Paulo, aprovado em primeira votação pela Câmara Municipal.
Aparentemente os autores do PDE não procuraram corrigir equívocos ocorridos tradicionalmente no processo de crescimento da cidade. Haja vista, conforme salienta o professor, a autorização dada ao setor imobiliário para “expandir indefinidamente seus empreendimentos verticalizados e elitistas em uma imensa parcela do território urbano, independentemente de sua capacidade de suporte”.
Há vários equívocos. Mas, por ora, gostaria de comentar apenas neste, por julgá-lo um dos mais importantes, senão, a matriz de todos os demais.
São Paulo tem se expandido verticalmente em áreas cujos serviços de infraestrutura não têm acompanhado, de perto ou de longe, aquele crescimento. E, cada vez mais aumenta a distância entre os conjuntos verticais construídos e entregues aos proprietários, e a falta de infraestrutura capaz de lhes propiciar o suporte de serviços correspondentes. Houve até o caso de um conjunto construído às margens do canal do rio Pinheiros cujos dejetos eram despejados diretamente no leito daquele canal de esgoto a céu aberto.
Assim, evidentemente, não dá. As construções se avolumam em bairros cujo planejamento fica sem prever a ampliação da rede de esgotos e de abastecimento de água e de outros serviços essenciais, sem falar naqueles que deveriam ser ofertados – como áreas verdes – para o lazer da população.
Como está, o Plano Diretor Estratégico não vai ajudar a mudar a introduzir melhorias profundas na cidade, em defesa de sua população; vai apenas sacramentar ou endossar o que já está. E, o que está, é a insensatez generalizada.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira