A Petrobras confirmou estar em negociação com países consumidores de petróleo para viabilizar financiamentos garantidos pelo fornecimento futuro de petróleo. A estratégia, classificada como “não ortodoxa” pelo diretor financeiro Almir Barbassa, surge como resposta à necessidade de capital para sustentar o Plano de Negócios da companhia, estimado em US$ 174,4 bilhões.
Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a medida não se trata de venda antecipada, mas de garantia de fornecimento de longo prazo, o que despertou o interesse de ao menos três países com os quais já há tratativas em curso.
Revisão de projetos e foco em padronização para redução de custos
Atualmente, 50% dos projetos previstos ainda não foram contratados, e outros 35% estão em fase de reavaliação. Gabrielli afirma que a companhia trabalha na redefinição de equipamentos, priorizando soluções padronizadas para reduzir custos com fornecedores.
A Petrobras busca renegociar valores de contratos e licitações que foram fechados durante o pico de demanda da indústria de óleo e gás, como os casos das plataformas P-61 e P-63.
Indústria nacional de equipamentos também busca adequação
Segundo Alberto Machado Neto, diretor da Abimaq, é possível negociar preços, mas é necessário analisar individualmente a estrutura de custo de cada item, principalmente em contratos com conteúdo nacional intensivo. Fatores como mão de obra especializada e alta carga tributária dificultam uma redução linear dos preços.
Poder de barganha da Petrobras é destaque entre especialistas
De acordo com o economista Nivalde de Castro (UFRJ), a Petrobras possui vantagens estratégicas no mercado por causa de seu acesso ao pré-sal e grande volume de produção futura, o que a posiciona como uma das maiores compradoras da indústria global.
Para ele, a redução de preços é viável, mas depende de uma negociação conjunta com fornecedores, governo e trabalhadores, de forma a preservar empregos e a saúde financeira da cadeia de suprimentos nacional.
Um equilíbrio entre estratégia e responsabilidade
A tentativa da Petrobras de buscar novos modelos de financiamento e reavaliar contratos sob um cenário econômico mais cauteloso pode representar uma evolução na forma de gerir grandes investimentos. No entanto, a pressão por redução de custos deve ser acompanhada por responsabilidade social e manutenção da cadeia produtiva nacional, fundamental para o fortalecimento da indústria de petróleo e gás no Brasil.