Pré-fabricados antecipam em 10 meses edifício de 32 andares

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Montado com módulos industrializados em fábrica, o prédio B2, do projeto Atlantic Yards, em Nova York (EUA), aguarda que o mercado e os futuros moradores ratifiquem o sucesso do seu processo construtivo

 

Joseph Young

 

Cerca de um ano depois do lançamento comercial, o primeiro prédio modular e pré-fabricado B2, que integra o gigantesco empreendimento imobiliário Atlantic Yards, começou em dezembro do ano passado a ser montado em Nova York.

 

A previsão é de que, até o final de 2014, os 363 módulos, produzidos em série numa planta em Brooklyn Navy Yard e transportados por caminhão até o canteiro, sejam içados por guindastes e dispostos na estrutura metálica. Com 32 andares, será um dos edifícios pré-fabricados mais altos do mundo. Até hoje, o maior pré-fabricado do mundo continua sendo o Sky City One, com 838 m de altura, na cidade chinesa de Changsa.

 

Quando o B2 estiver concluído, o processo de construção ali adotado terá reduzido em 10 meses o cronograma, revelando-se, portanto, vantajoso, sob esse aspecto, se comparado ao método tradicional, onde todos os trabalhos são realizados no próprio local.

 

O conjunto de todo o complexo é formado por 16 torres. O projeto foi anunciado há 10 anos e tem como âncora a arena multiúso Barclay Center, inaugurada há um ano ao custo de US$ 1 bilhão.

 

Guindastes operando na montagem das peças industrializadas

 

A empresa de investimento chinesa Greenland Holdings Group negociou uma participação de 70% no projeto. Os 16 prédios somarão ao final 6.500 unidades habitacionais, parte destinada à população de baixa renda e parte vendida a preço de mercado.

 

O primeiro prédio B2 oferecerá 181 unidades residenciais para baixa renda. O custo total do empreendimento soma US$ 4,9 bilhões.

 

Dentro da fábrica

Numa linha de produção em escala gigante, unidades completas de apartamentos com todas os subconjuntos e instalações hidráulicas e elétricas, e acabamentos externos e internos, estão sendo montadas rapidamente. São cerca de 100 trabalhadores na produção dos módulos destinados.

 

Um dos principais obstáculos contra a pré-fabricacão eram os sindicatos, que consideravam o processo uma opção para reduzir o emprego de mão de obra. O consórcio formado pela norte-americana Forest City e a sueca Skanska, chamada FCSModular, negociou com os sindicatos de Nova York uma nova modalidade que mescla os trabalhadores de ramos diferentes, incluindo carpinteiros, eletricistas, encanadores etc., em grupos que atuam ao mesmo tempo na montagem dos módulos.

 

Os módulos começam como meras estruturas metálicas que parecem contêineres e se transformam num apartamento acabado em menos de uma semana. Empilhadas fora da fábrica no Brooklyn Navy Yard — um antigo estaleiro da 2ª Guerra Mundial —, a estrutura recebe reforços diagonais por intermédio de treliças Vierendeel, semelhantes às usadas em pontes.

 

A falta de resistência nos esforços laterais dos módulos foi solucionada pelos engenheiros da FCS e da projetista estrutural Arup: as estruturas dos módulos, unidas, formam um conjunto de treliça contraventada.

 

Na linha de montagem, na fase da pré-fabricação, as estruturas recebem drywall, janelas, conjuntos sanitários e até luminárias, transformando-se em apartamentos tipo Studio, de um, dois e três dormitórios. Uma equipe específica cuida da logística dos materiais, a fim de que não faltem itens menores como conexões ou fios elétricos.

 

Numa parte da fábrica estão situadas dez plataformas onde os conjuntos de banheiros são instalados. Por causa das redes hidráulicas e elétricas, esta é a parte mais demorada da montagem do módulo. Ao lado, uma equipe prepara sacos etiquetados com tubos e acessórios, que são deslocados sobre carrinhos para cada banheiro em montagem contendo todos os materiais necessários para concluí-lo.

 

Quando essas peças montadas forem transportadas por caminhão até o sítio do prédio Atlantic Yards, os trabalhadores vão uni-las usando uma série de dispositivos embutidos e redundantes, projetados para serem à prova de falhas. Não se usa solda para essa tarefa, por causa dos materiais combustíveis existentes nos acabamentos.

 

 A obra segue uma sequência que começa nas escavações de fundações, prosseguindo com a construção do piso térreo, a montagem da estrutura metálica vertical, a chegada e içamento dos módulos, derivando para a etapa final com os trabalhos meticulosos de conexão das redes de utilidades. Assim, cerca de 20% dos trabalhos são efetuados no sítio e 80% na fábrica. É tudo radicalmente contrário ao que acontece com a construção tradicional.

 

O sucesso do edifício B2 e das outras torres do projeto Atlantic Yards pode tornar permanente a operação da fábrica. Após numerosas tentativas de se replicar o processo de pré-fabricação para edifícios, ao longo de décadas, o sucesso do B2 e da FCS Modular pode significar que finalmente essa tecnologia chegou à maturidade.

 

Vista do conjunto, com destaque para a arena multiúso Barclay Center

Fonte: Revista O Empreiteiro


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