OInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza, mensalmente, o levantamento sistemático da produção agrícola, que é uma pesquisa de campo, realizada desde 1975, que informa a previsão da colheita para o ano civil, incluindo o que já foi colhido e o que ainda não foi plantado.
Para 2012, de acordo com Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, os levantamentos feitos em março e abril indicaram que o Centro-Oeste ultrapassou a região Sul na produção nacional de grãos. No momento, esse resultado pode ser explicado em função, principalmente, da seca que atingiu o Sul do País, com destaque para os prejuízos que interferiram, em especial, na produção de arroz e soja no Rio Grande do Sul.
Há que se considerar que essa é uma tendência anunciada, que vem se consolidando, ao longo dos anos, desde quando os grãos entraram no cerrado do Centro-Oeste, que se revelou uma região própria para a mecanização e o cultivo de produtos como milho, soja e algodão.
Entre os fatores que favorecem, estão a topografia e as terras mais baratas em relação ao Sul. Na verdade, desde os anos 1980, o próprio agricultor sulista, que já tinha absorvido a técnica para esse cultivo, passou a migrar para o Centro-Oeste. Nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná a disponibilidade de terras para a agricultura já apresentava sinais de esgotamento, favorecendo a criação de novas fronteiras agrícolas.
A pesquisa do IBGE agrupa 14 produtos, entre cereais, leguminosas e oleaginosas, que são caroço do algodão, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale (resultado da hibridação do trigo e do centeio). Esses produtos perfazem um total aproximado previsto de 158 milhões de t a serem produzidas nacionalmente, em 2012, de acordo com números de março último.
O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos desse grupo que, somados, representam 91,2% da previsão da produção e respondem por 84,3% da área a ser colhida. A soja aparece em primeiro lugar, com 42% da produção nacional, seguida pelo milho, com 41,6% (que é o principal componente da ração animal). O arroz ocupa o terceiro lugar, com 7,3%.
Entre as grandes regiões do Brasil, o volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição: Centro-Oeste, 64,5 milhões t; Sul, 56,9 milhões t; Sudeste, 18,4 milhões t; Nordeste, 15,0 milhões t; e Norte, 4,6 milhões t. Em comparação à safra passada, são constatados incrementos nas regiões Nordeste (2,6%), Sudeste (6,9%), Norte (4,6%), Centro-Oeste (15,0%) e decréscimo no Sul (-16,2%).
Na quarta avaliação para 2012, o Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 23%, seguido pelo Paraná, com 19,3% e Rio Grande do Sul, com 12,6%, estados estes que somados representam 54,9% do total nacional.
A tendência expansionista da produção de grãos no Centro-Oeste, de acordo com Andreazzi, se deu principalmente com evolução da tecnologia agrícola. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem desenvolvendo, sistematicamente, diversos programas que viabilizam a agricultura no solo do cerrado brasileiro, que é pobre, mas com a característica de possuir uma boa drenagem. São solos que só produzem com muito investimento, com adubação, correção e utilização de sementes adaptadas. Toda essa tecnologia aplicada deverá possibilitar a tirada de duas safras por ano, de soja e milho, intercaladamente, por meio do plantio direto.
Em relação ao aproveitamento e escoamento de todo esse potencial de grãos do Centro-Oeste, o pesquisador do IBGE lembra que já é possível observar que muitas empresas de transformação de grande porte estão transferindo suas instalações fabris para a região, para aproveitar a produção agropecuária local. A região tem sofrido uma significativa transformação, com o surgimento de cidades novas, já planejadas, em função do crescimento econômico.
Fonte: Padrão