Tem sido motivo de repercussões, nos meios técnicos, entrevista do professor Paulo Helene, diretor da empresa PhD Engenharia, publicada na edição OE 521, sob o título O duro aprendizado e o juramento dos engenheiros.
Na entrevista, ele faz referências às conquistas já obtidas pela engenharia brasileira; às áreas em que mais ela se desenvolveu; às medidas que devem ser adotadas, com base no conhecimento que ela acumulou, para prevenir acidentes naturais e aqueles provocados por falhas técnicas ou falência de fiscalização.
Ele salientava que a engenharia vem revelando dificuldades para enfrentar problemas especificados nos projetos dos modernos edifícios atualmente em fase de construção, a exemplo do que já aconteceu quando da construção da Casa da Música, do Museu Iberê Camargo e de outros empreendimentos desse porte e estética. “É por isso”, alertava, “que estão penetrando facilmente no País os escritórios de arquitetura e de engenharia estrutural, os softwares estruturais e de gerenciamento e os fornecedores de materiais e sistemas de obras sofisticadas”.
Contudo, ele ponderou ainda mais, em especial ao discorrer sobre normalização. Nesse caso, disse que “a normalização de um país é o retrato de seu grau de desenvolvimento”. Em razão da repercussão das reflexões que ele fez, na matéria então publicada, decidimos reproduzir aqui o texto sobre normalização. É o que se segue:
“Novamente é necessário separar as especialidades. Na área, por exemplo, de cimentos, agregados e concreto, o Brasil tem um lugar de destaque e tem sido reconhecido como líder e um dos referenciais para a normalização mundial. Foi um dos primeiros a bem introduzir adições, critérios de desempenho, coprocessamento, substituição de combustível, enfrentar o problema de reação álcali-agregado com medidas profiláticas inteligentes e sustentáveis, aceitar maiores teores de MgO, limitar cloretos, e hoje é considerado o país de melhor índice de sustentabilidade na fabricação de cimentos, o material de construção mais consumido pela humanidade.
Infelizmente, não se pode dizer o mesmo dos materiais tipo aditivos, adesivos, elastômeros, impermeabilizantes, hidrofugantes, revestimentos, nos quais a carência de normas e o atraso são sentidos duramente pelo setor. Há poucos anos, a ABNT chegou a ter mais de 15 mil normas no seu acervo. Hoje, talvez não chegue a 10 mil. E por quê?
Porque muitas delas caducaram, os produtos inexistem e novas normas não foram geradas. Por outro lado, hoje há maior interação do meio técnico nacional com o estrangeiro e com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); com os organismos similares de caráter internacional tipo ISO, e eu gosto de pensar que em poucos anos seremos capazes de reverter essa tendência e ajustar melhor e mais rapidamente nosso acervo aderindo e aproximando-o da normalização internacional”. São previsões feitas pelo Paulo Helene.
Fonte: Revista O Empreiteiro