Símbolo nacional e mundial do futebol, o Maracanã foi inaugurado oficialmente em 16 de junho de 1950, como a principal obra para a Copa do Mundo de 1950, disputada pela primeira vez no Brasil. Seu nome oficial é Jornalista Mário Filho, em homenagem ao profissional que ajudou a elevar o futebol a paixão nacional, entre os anos de 1920 e 1960, à frente, entre outros jornais, do Jornal dos Sports. Mário Filho era irmão do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues e autor de um livro clássico sobre o esporte bretão, O negro no futebol brasileiro, de 1947. Mário foi árduo defensor da construção do Maracanã no bairro de que herdaria o nome. Outro jornalista, Carlos Lacerda, lançara campanha para levar o estádio para Jacarepaguá.
O Maracanã é, portanto, o equipamento esportivo que faz a ponte entre o passado e o presente, a Copa de ontem e a Copa de hoje. É mais que um estádio, formalmente falando: está inscrito, desde dezembro de 2000, no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). É patrimônio de um povo.
No parecer que justificou o pedido de tombamento do estádio, aprovado, o relator Nestor Goulart Reis Filho avaliava a importância do Maracanã como representante da “massa”: “O Urbanismo e a Arquitetura (sobretudo as obras de uso coletivo) têm uma dimensão simbólica, que ultrapassa os limites dos aspectos utilitários. Mas poucas vezes a monumentalidade reúne qualidades simbólicas de caráter democrático. Em geral, as obras monumentais são afirmações de poder sobre o povo. Neste caso, ocorre o contrário. O Maracanã tem a monumentalidade da massa que o utiliza, à qual representa. Não deve ser descaracterizado”. A citação consta do artigo “Maracanã: destruir ou preservar”, da arquiteta e urbanista Claudia Girão, publicado na edição 133 da revista Projetos, de fevereiro de 2012. Como patrimônio tombado, deveria ter preservadas suas características originais, porque é memória nacional a céu aberto. Pois, para Claudia e outros urbanistas e arquitetos, o fato não foi levado em consideração na reforma atual. E a grande questão foi a manutenção ou não da marquise de concreto que recobria todo o perímetro do estádio. Já desgastada pela ação do tempo, precisava de severa intervenção em sua estrutura. Mas decidiu-se, ao fim, não por reformá-la, nem por reconstruí-la nos mesmos moldes, mas por demoli-la completamente, para a colocação da cobertura de lona tensionada. “A segurança era importante”, escreve Claudia Girão, “e havendo problemas na estrutura da marquise, que deveria ademais suportar uma sobrecarga (um toldo), declinaram da opção do reforço estrutural com durabilidade suficiente para abrigar os ‘grandes eventos’ até 2016, e escolheram, decidiram, demolir a marquise. Simples assim, como se não houvesse limites – limites éticos e limites jurídicos”.
O tradicional cartão-postal do Rio de Janeiro, com o Maracanã sendo visto de cima, com a marquise de concreto em destaque, não será mais o mesmo. É a força da grana que ergue e destrói coisas belas, como cantava Caetano Veloso?
O projeto original do Maracanã (e do complexo em torno), dos anos de 1940, teve as assinaturas de Raphael Galvão, Pedro Paulo Bernardes Bastos, Antônio Dias Carneiro, Waldir Ramos, Miguel Feldman e Oscar Valdetaro de Torres e Melo. A construção do estádio começou no dia 2 de agosto de 1948, pelo consórcio formado por Construtora Nacional, Cavalcanti Junqueira, Dourado S.A., Humberto Menescal, Cristiani & Nielsen e Severo Villares Ltda.
O atual projeto executivo de arquitetura é dos arquitetos Daniel Hopf Fernandes e Luis Henrique de Lima, do escritório brasileiro Fernandes Arquitetos Associados. A nova cobertura tem a assinatura dos engenheiros Knut Göppert e Knut Stockhusen, do escritório alemão Schlaich Bergermann und Partner.
Ficha técnica
Estádio: Maracanã
Proprietário: Governo do Estado do Rio de Janeiro
Início das obras: agosto de 2010
Término das obras: fevereiro de 2013 (previsto)
Custo total: R$ 859,9 milhões
Projeto executivo de arquitetura: Daniel Hopf Fernandes e Luis Henrique de Lima
(Fernandes Arquitetos Associados)
Construção: Consórcio Maracanã Rio 2014
(Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez)
Fonte: Padrão