Rodovia direciona expansão de BH

Compartilhe esse conteúdo

A obra da Linha Verde foi concluída em dezembro, 37 meses após ter sido iniciada, ao custo total de R$ 400 milhões provenientes do Tesouro do Estado de Minas Gerais. Projetada como via de trânsito rápido, tendo como meta reduzir o tempo viagem do centro da capital ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a via, com 35,4 km, tornou-se o mais extenso corredor de tráfego de BH.

Mas a existência de diversos faróis ao longo da avenida Cristiano Machado vai contra essa concepção, prejudicando o fluxo viário. Houve críticas sobre a falta de uma ação coordenada da Linha Verde com o Metrô – que estuda uma nova linha na Região Norte, junto ao MG-010, ao lado da futura nova sede do governo – e sobre o volume de recursos aplicados no projeto.

Tanto em termos de recursos ou de obra viárias, a Linha Verde representa o maior investimento recente na qualificação urbana de Belo Horizonte, incluindo até mesmo a instalação de um sistema de segurança e atendimento ao usuário ao longo da MG-010, nos moldes de uma via concessionada. Em toda a rodovia foram construído mais de 20 viadutos, duas trincheiras e 20 passarelas e travessias para pedestres. Foi executada a urbanização e novo paisagismo de áreas centrais, que contemplou a cobertura de um córrego para melhorara travessia de veículos e pedestres.

A Linha Verde foi dividida em três etapas: a implantação do Boulevard Arrudas, a duplicação da rodovia MG-010 e a nova Avenida Cristiano Machado. O Boulevard permitiu a requalificação de áreas centrais; no trecho da Avenida Cristiano Machado, o ponto alto são os viadutos de travessia, que exigiram capacidade técnica e experiência por parte da construtora devido ao pesado alto tráfego local. Já no trecho da MG-010, que dá acesso ao aeroporto, além das obras de melhoria viária, destaca-se a implantação do Sistema de Atendimento Integrado ao Usuário da Linha Verde (Sai – Linha Verde), algo inédito na região.

Avenida Cristiano Machado

A avenida foi a última etapa a ser concluída, em dezembro de 2008, cruzando a cidade no seu anel viário central, exigindo diversas obras de travessia. Além de grande número de interferências e do intenso tráfego urbano, um obstáculo a mais foi superado pela Camargo Correa: a necessidade de retirada e remanejamento de moradores ao longo do trajeto da via. Esse trabalho foi realizado em conjunto com órgãos como a Urbel, a Sudecap, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), exigindo um canal direto de comunicação com a população, a fim de explicar o desenvolvimento do projeto e seus benefícios. Uma das orientações dadas pelo governo foi empregar a mão-de-obra local, permitindo sua qualificação profissional.

Na parte técnica, a preocupação foi reduzir ao máximo as paralisações no tráfego. O trecho mais crítico nesse sentido foi a execução do elevado Jacuí, que atravessa a avenida Cristiano Machado, caracterizada pelo tráfego intenso. Foram erguidos dois viadutos de 500 m de extensão e 12 m de largura cada, localizados longitudinalmente sobre a avenida. Para agilizar a montagem, foram empregadas vigas pré-moldadas içadas, cada uma, por dois caminhões munck. Cada içamento foi seguido por um giro no ar para o posicionamento correto da viga, momento em que o tráfego era paralisado por cerca de 5 minutos.

Já o complexo de elevados do Anel Rodoviário, também a cargo da Camargo Correa, foi composto de um total de sete viadutos, sendo quatro deles (eixos 20, 21, 22) com 60 m de extensão e 10m de largura. Os outros dois viadutos (eixos 1 e 2) tinham 130 m de extensão e 8,5 m de largura cada, enquanto o eixo 18 teve 190 m de extensão e 8 m de largura. Além de elevados, a obra contemplou também os canais da Cachoeirinha e da Pampulha.

Rodovia MG 010

O trecho da MG 010, a cargo do Consórcio Cowan/Barbosa Mello, consistiu na duplicação e restauração da pista existente na rodovia MG 010, incluindo o acesso ao Aeroporto Internacional Trancredo Neves (Confins), numa extensão de 22,10km no total. A obra contemplou a execução de sete viadutos, uma trincheira e 14 passarelas e travessias de pedestres.

O Complexo de Acesso a Lagoa Santa, que envolveu a execução de dois viadutos – o de acesso e o de retorno a Lagoa Santa – foi considerada uma das etapas mais complexas da obra, com curvatura de 155 m e vão livre de 65 m em concreto protendido moldado in loco (caixão perdido).

No total, os serviços de terraplenagem executados no trecho movimentaram 1,6 milhão de m³ de terra com a execução de aterros compactados, em terra armada com paramentos de muros de placas verticais intertravadas e gaiolas de gabiões estruturadas entre camadas (terramesh), além de proteções de encostas através de cortinas atirantadas e solos grampeados. A obra envolveu ainda uma série de remanejamento de interferências com redes de utilidade pública – telefonia, energia (Cemig), gasoduto, saneamento (Copasa) – assim como interferências em áreas de terceiros no perímetro urbano e rural.

Um total de R$ 2 milhões estão sendo aplicados atualmente na implantação do Sistema de Atendimento Integrado ao Usuário da Linha Verde (Sai – Linha Verde), incluindo serviços de reboque e monitoramento on line da MG-010, MG-424 e LMG-800, em modelo semelhante ao de rodovias concessionadas. O serviço não atenderá à avenida Cristiano Machado, de responsabilidade dos órgãos municipais. O Governo do Estado ficou responsável pela cobertura dos gastos operacionais com investimento de R$ 2,3 milhões. A empresa vencedora da licitação é a Sigma Engenharia.

Boulevard Arrudas

Com ênfase no enfoque urbanístico, o conjunto formado pelo Boulevard Arrudas e a Praça Rui Barbosa foi primeira etapa concluída da Linha Verde que modificou o perfil do centro de Belo Horizonte. Com extensão de 1,4 km, o Boulevard Arrudas ampliou a capacidade de tráfego na região com quatro novas faixas para tráfego em cada sentido, sendo duas delas sobre o Ribeirão Arrudas, coberto com 600 vigas pré-moldadas e lajes de concreto. Nesse trecho, a avenida dos Andradas foi reurbanizada ganhando projeto paisagístico diferenciado. Nova iluminação foi implantada com 417 postes e 834 luminárias, além de 150 bancos de concreto e madeira, 43 jardineiras e nove abrigos de ônibus.

Além desses investimentos, o Governo de Minas decidiu ampliar o Boulevard Arrudas em mais 2,2 km. Em direção à Região Leste, será estendido em 1 km até a avenida do Contorno, nas proximidades do Centro de Especialidades Médicas (CEM) de Belo Horizonte. Atualmente, está em execução as obras de melhoria do fundo do canal do Arrudas com investimento de R$ 4,3 milhões. Após a conclusão dessa fase, em seis meses, será iniciada a cobertura do ribeirão e pavimentaç&atilde

;o da via. Nesse trecho também está prevista a implantação de uma estação de ônibus na avenida Bernardo Monteiro, entre as avenidas Andradas e Francisco Sales, além da construção de um viaduto ligando a Bernardo Monteiro com a Andradas, no sentido centro. No sentido oeste, o boulevard ganhará mais 1,2 km, da rua Rio de Janeiro até a rua dos Carijós, nas proximidades do Terminal Rodoviário. Para o projeto de ampliação nos dois sentidos estão previstos investimentos de R$ 50 milhões.

Executado pela Mendes Junior, o boulevard exigiu a execução dos serviços e obras de cobertura do Ribeirão Arrudas, no segmento entre a Alameda Ezequiel Dias e o complexo de viadutos da Lagoinha, na região central da capital, além da restauração da Praça Rui Barbosa. O projeto estrutural empregou pré-laje e vigas pré-moldadas, utilizando concreto estrutural com microsílica que possibilita alta resistência inicial (24 MPa em 24 horas). No pavimento, foi utilizado asfalto Ecoflex, com 18% de borracha reciclada de pneus em sua composição. A execução do pavimento do Boulevard foi executado em paralelo, totalizando 20 mil m² de pisos em calçada portuguesa e piso podotátil.

Integrando o conjunto de obras do Boulevard Arrudas, a Praça Rui Barbosa foi ampliada e revitalizada. O traçado original da praça foi resgatado com pisos, calçadas e fontes luminosas recuperados. Um novo projeto de iluminação, com luminárias mais baixas, foi instalado para garantir maior segurança à população que passou a contar com mais um espaço de lazer e convivência, de 9,5 mil metros quadrados. O espaço que abrigava a avenida Santos Dumont foi incorporado e transformado numa ampla e agradável alameda cercada por palmeiras imperiais. Lixeiras e bancos de madeira foram instalados no local. As peças de arte que adornavam a praça – leões, ninfas e Quatro Estações, em mármore carrara, foram restauradas e substituídas por réplicas de mármore reconstituído – mistura de resina de poliéster, pigmento branco e pó de mármore. As originais foram abrigadas em museus da cidade.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário