Aumentar a produtividade e a eficiência são buscas constantes no mercado de construção civil, principalmente no mundo das construtoras. E, sem dúvidas, a tecnologia é a “mola propulsora” para alcançar esses objetivos.
A realidade segue na contramão, pois a construção civil é um dos setores mais atrasados tecnologicamente. Um estudo realizado com 300 construtoras pela consultoria EnRedes, especializada em inovação no setor de edificações, no primeiro semestre do ano, apontou que a adoção de novas tecnologias na construção civil ainda se concentra nas áreas administrativas.
É claro que soluções como o BIM (Modelagem de Informações da Construção – Building Information Modeling), que permite criar modelos virtuais da estrutura para uma análise mais criteriosa e o uso de Big Data (análise e interpretação de dados), que pode auxiliar nas melhores escolhas das etapas construtivas são fundamentais para o avanço.
Mas é preciso olhar para o que está acontecendo nos canteiros de obras, isto é, na “dor” das construtoras. Essas empresas sentem como a falta de recursos tecnológicos impactam diretamente na qualidade de suas edificações. E não se tratam apenas dos equipamentos, mas de toda uma cadeia que deve e pode oferecer soluções muito mais modernas para melhorar a qualidade, capacidade de produção e o rendimento nas obras.
O que é possível fazer? Em primeiro lugar, abro a reflexão sobre a importância da inovação consciente, que trás a reorganização dos modelos de negócios e a modificação dos padrões estabelecidos. Refiro-me a mudança de “mindset” ou “Programação Mental” das organizações para uma linha sustentável e humanista. Apenas com essa virada de chave é possível olhar de forma empática para o mercado e compreender como a tecnologia pode ser convergente às necessidades reais.
Acredito muito no desenvolvimento de soluções completas, que compartilham serviços e produtos, para atender a demanda de inovação na construção civil. Um bom caminho a seguir nessa direção é investir em construtechs, as startups do nosso mercado. Essas empresas fomentam a criatividade de forma organizada. São ávidas por inovação, tecnologia e possuem um olhar aguçado sobre como fazer diferente, de forma sustentável, solucionando questões que há muito tempo afligem o setor. Suas soluções podem promover impacto em escala global, uma vez que até 2030 cerca de U$ 13 trilhões devem ser investidos no setor segundo especialistas por todo o mundo.
Na Vedacit encerramos, recentemente, o primeiro ciclo do Vedacit Labs, o programa pioneiro de aceleração de construtechs no mercado de impermeabilização, e os resultados obtidos foram impressionantes. As cinco empresas participantes criaram soluções tecnológicas focadas nas demandas genuínas do setor, parte delas com foco em otimizar e melhorar consideravelmente as “dores” nos canteiros de obras.
As lições que tivemos com essa primeira experiência são valiosas. Foi um verdadeiro “ganha-ganha” tanto para o mercado, que agora pode contar com as soluções desenvolvidas, quanto para nossos colaboradores que mergulharam em uma atmosfera de inovação e tecnologia participando ativamente dessa construção.
Assim como a Vedacit há outras empresas do mercado de construção civil seguindo esse movimento de aproximação com startups, mas a maior parte ainda caminha sem um direcionamento estratégico para o mundo das construtoras, isto é, o B2B.
Talvez porque inovar, implantar tecnologia, nesse setor requer um olhar 360° sobre as etapas construtivas, mas o fato é que são mais de 80 mil construtoras no Brasil e precisamos caminhar de mãos dadas com esse segmento para alcançar novos patamares de desenvolvimento.
Marcos Campos Bicudo é presidente da Vedacit. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), com especializações em Programas de Gestão Executiva em Harvard, INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), Kellogg e Universidade de Cambridge. Possui 23 anos de experiência na indústria de bens de consumo (B2C), 7 anos na indústria de materiais de construção, iluminação e saúde (B2B) com mais de 14 anos atuando como CEO em empresas como Amanco, Philips e Masisa, com sólida carreira internacional nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina.