Traçado ainda não definido

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A construção de uma nova pista da Dutra na Serra das Araras será a próxima grande obra entre as rodovias concedidas. A NovaDutra apresentou duas possibilidades de traçado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão responsável pelo controle das concessões federais, e aguarda a sua decisão para avançar na elaboração dos estudos ambientais e detalhamento do projeto. A opção que parece ser a mais lógica é aproveitar o traçado existente na pista Sul (subida) da Serra das Araras, utilizada pelos veículos que seguem no sentido Rio de Janeiro – São Paulo, alargando a rodovia no trecho para criar a pista nova, com cerca de 8 km de extensão. As duas pistas serão separadas por barreiras do tipo New Jersey. Paulo Cesar Rangel, diretor-presidente da Engelog, empresa que concentra a área de engenharia de todas as concessionárias ligadas ao grupo CCR, explica que o fato de o traçado da rodovia já existir contribui positivamente em vários aspectos, mas um dos mais importantes é reduzir o impacto produzido pela obra em uma área de proteção ambiental. Existem menos interferências com a cobertura vegetal, a drenagem natural é mantida e as áreas de apoio (bota-fora de materiais inservíveis e caixas de empréstimo) necessárias também são reduzidas. Essa opção possui ainda outro ponto a seu favor: custa bem menos — cerca de R$ 100 milhões – praticamente a metade dos R$ 196 milhões estimados para a segunda alternativa em estudo. O outro projeto sendo analisado é construir uma pista totalmente nova cortando a Serra das Araras, com cerca de 9,3 km de extensão. Além de custar mais, essa opção tem ainda outros aspectos relevantes a serem considerados: o impacto ambiental é maior, a área a ser desapropriada é extensa e será necessário construir cerca de 13 obras-de-arte especiais. A pista Norte, utilizada atualmente pelos veículos que descem a Serra das Araras, independente de qual seja a opção escolhida pela ANTT, será desativada para o tráfego e utilizada apenas como pista de serviço pelas equipes da concessionária.

Soluções pontuais

Caso a primeira opção seja a escolhida, a nova pista terá duas faixas, nos trechos mais íngremes a terceira e, eventualmente, até uma quarta será construída. A premissa que norteará todo o projeto é afetar o usuário o mínimo possível, mantendo sempre as duas faixas de rolamento em uso. Do ponto de vista da engenharia, não existirá uma solução única para alargar a pista existente. Em alguns pontos a nova pista será construída sobre aterro e em outros a opção será pelo corte. “Buscaremos o melhor traçado, que cause o menor impacto. Nosso maior desafio nesse projeto não é técnico e sim operacional: manter a fluidez do tráfego durante a construção da nova pista”, comenta Rangel. Ao todo serão necessárias cerca de 14 estruturas de contenção, como muros de arrimo, cortinas atirantadas e maciço armado. Essa opção de traçado também não requer muitas obras-de-arte especiais: apenas uma será duplicada. O posicionamento dos canteiros ainda não foi detalhado, mas Rangel acredita que deverão existir dois. Essa decisão dependerá do diagrama de massas, que ainda não foi elaborado. Estima-se a movimentação de 300 mil m³ nessa opção, contra 1,5 milhão m³ necessários para a construção da pista em um traçado totalmente novo. O pavimento será do tipo flexível, já que a projeção de tráfego na Serra das Araras não justifica a opção pelo piso de concreto. Além disso, o pavimento de concreto requer tempo de cura entre sete e 14 dias, resultando em interferências mais expressivas no tráfego. O tipo de pavimento flexível também ainda não foi determinado, mas provavelmente será asfalto modificado com polímero. A decisão será tomada durante a elaboração do projeto executivo. Rangel explica que a nova pista deverá começar a ser construída em 2008, com conclusão em 2010. Essas datas fazem parte do programa de obras da concessionária, mas dependem da decisão da ANTT a respeito da opção desejada e também das licenças ambientais. Caso o cronograma inicial seja mantido, a mobilização nos canteiros deverá começar por volta do início de 2008. Por enquanto ainda não se decidiu se a implantação da pista será feita por uma só construtora ou a contratação será dividida em dois lotes.

Marginais e alargamento de obras-de-arte

Enquanto o projeto da nova pista da Serra das Araras não é iniciado, a NovaDutra prossegue com seu programa de obras, que consiste basicamente na construção de marginais nas saídas de São Paulo e Rio de Janeiro, separando os tráfegos local e de longa distância, e o alargamento e reforço das obras-de-arte existentes. Rangel explica que em 2006 foi possível concluir o alargamento e reforço de 14 obras-de-arte especiais, cujos serviços foram iniciados em 2005. Os serviços compreendem a recuperação de patologias do concreto, o reforço estrutural para TB-45 e o alargamento para permitir a incorporação dos acostamentos. Em 2007, a concessionária deverá iniciar os trabalhos em mais 25 obras-de-arte especiais. A obra mais complexa desse tipo será realizada no viaduto Bulhões, localizado em Resende (RJ), que foi construído antes da rodovia ser duplicada e possui um arco invertido, ou seja, acima do pavimento. Esse arco será eliminado e o viaduto receberá uma estrutura de concreto convencional, com vigas sob a laje. Do ponto de vista técnico não há dificuldade a ser superada. Manter o tráfego no trecho, com o menor impacto operacional possível, é o ponto crítico da obra. Os serviços no viaduto deverão ser iniciados em 2008. As obras de implantação das marginais também continuam e no período 2007/2008 deverão somar cerca de 3 km, entre os km 169 e km 172 no sentido Rio de Janeiro – São Paulo, na região de São João de Meriti. O intenso tráfego local e as inúmeras interferências com as redes existentes de água, esgoto e energia elétrica tornam o trabalho mais demorado, embora tecnicamente não existam dificuldades maiores. (L.M.)

Fonte: Estadão


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