São conhecidos os perigos de se viajar pela precária Cuiabá-Santarém, no trecho de Mato Grosso. Mas é percorrendo a estrada que se verifica que o problema transcende em muito a questão do gargalo logístico, que tem obrigado caminhões pesados a usá-la intensamente rumo ao Sul do País. É preciso ter sangue-frio para dirigir pela rodovia. A constante necessidade de se fazer ultrapassagens de carretas bitrem de mais de 20 m de extensão, carregadas de soja ou milho em vias de mão dupla, para poder seguir viagem, é um exercício de destreza no volante, em meio às depressões na pista, os buracos e a falta de sinalização. São nessas ultrapassagens que acontecem a maior parte dos acidentes fatais. Em muitas dessas ultrapassagens perigosas são vistos caminhões e carros trafegando pelo acostamento para evitar o pior. Em Cuiabá, antes de iniciar a viagem rumo ao Pará, vi um jornal diário local com uma foto na capa, ocupando generoso espaço, de uma jovem de 21 anos morta em acidente na BR-163. O motorista tentava passar à frente de uma carreta bitrem, mas acabou colidindo com outra que vinha em sentido contrário. Fiquei com receio de presenciar uma tragédia semelhante. A pouco mais de 100 km de Cuiabá, já retornando da longa viagem que fiz de carro, vi um acidente desse tipo que acabara de acontecer. O carro estava irreconhecível. Manchas de óleo e sangue escorriam na pista. O motorista da carreta andava de um lado para outro inconsolável... (Augusto Diniz) Ultrapassar carretas na BR-163 é um exercício de destreza e, por vezes, acaba em tragédia Fonte: Revista O Empreiteiro