Vem um pouco de chuva e a estiagem recua, mas não muito. É cedo ainda para comemorar os préstimos, tímidos, da natureza. Mas, ao lado das primeiras chuvas, chega a informação de que a Agência Nacional de Águas (ANA), avaliou e avalizou proposta do governo paulista para a retirada de água da bacia do rio Paraíba do Sul a fim de complementar o volume do sistema Cantareira.
A retirada de água do Paraíba para o Cantareira não deverá ser tarefa muito simples. Vai requerer um conjunto de obras estimadas em cerca de R$ 500 milhões. Certamente esses cálculos não serão exatos. Há muito tempo, para efeito de contas oficiais, a matemática tem incidido em equívocos. Ou ela tem sido utilizado para disseminar desconfianças. Prevalece, nesses casos, a velha assertiva: “Os números não mentem jamais; mas nós podemos mentir com os números”.
O importante, nesse aval à proposta paulista, é que o governo do Rio se revela propenso a acatar as ponderações do governo federal, por intermédio da ANA. Aparentemente não vai criar óbices, a menos que á água do Paraíba lhe comece a faltar. Do ponto de vista técnico, a transposição é factível, mediante a interligação das represas Jaguari, da bacia do rio Paraíba, e Atibainha, no Cantareira. A captação proporcionaria uma captação da ordem de 5,1 m³/s, em favor da população paulistana. Contudo, as obras só estariam concluídas e aptas para isso em 2016.
Há um dado, porém, que induz à reflexão. Um estudo técnico mostra que o rio Paraíba banha 184 municípios: 39 deles em São Paulo, 88 em Minas Gerais e 57 no Rio de Janeiro. E 82% de suas águas são destinadas à irrigação, 7% ao consumo industrial e só 8% ao consumo humano. É isso.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira