Vocação da Amazônia

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O Amazonas, sempre reconhecido pela sua biodiversidade, com quase 98% do seu território coberto por florestas, paradoxalmente, segundo Daniel Borges Dantas, secretário executivo de Geodiversidade e Recursos Hídricos do estado, também detém reservas minerais importantes, de nível world class. São os casos, por exemplo, das ocorrências de nióbio, no Morro dos Seis Lagos, tidas como a maior reserva do planeta, e de estanho do Pitinga.

O objetivo do estado é atender à demanda dos mineradores e prospectores a partir de uma condição de sustentabilidade. “Nós não queremos qualquer negócio para o nosso estado. Queremos aliar a mineração à marca da Amazônia e do Estado do Amazonas. Que é uma marca de sustentabilidade, de mineração com responsabilidade ambiental e com responsabilidade social”, diz Dantas.

Durante o III Simpósio Brasieliro de exploração Mineral (Simexmin), primeiro evento desse tipo do qual o Amazonas participa, apresentou-se o mapa geológico do estado, com as reservas minerais conhecidas. Além disso, divulgou-se também a relação estratégica que o Amazonas busca fazer com a Petrobras, para a exploração das reservas amazônicas de potássio, em Fazendinha e Arari.

“Essas jazidas serão extremamente importantes para o Brasil, que compra no mercado externo 4 milhões de t por ano de potássio. As reservas amazônicas têm potencial para 1 bilhão de t, com teor de 18% a 27%, o que significa cerca de 300 milhões de t de cloreto de potássio. Se pensarmos numa planta com capacidade para produzir 3 milhões de t/ano, já é possível projetar um ciclo de produção por um período de 100 anos”, destaca o secretário.

O volume de investimento necessário, para isso, é alto. Poderá chegar a US$ 2 bilhões, porque demandará um rigoroso controle tecnológico. As reservas, que estão a 900 m de profundidade, são pouco espessas e localizam-se em regiões muito úmidas, nas áreas alagadiças dos rios.

O preço do potássio, entretanto, está extremamente competitivo. Saiu de US$ 180,00/t, no ano passado, e já está em US$ 600/t. Dadas as perspectivas planetárias de produção de potássio no mundo, especialmente no Canadá e na Rússia, é possível que o estado venha a viabilizar esse ousado projeto, de acordo com Daniel Dantas.

Segundo ele, o Amazonas tem a infra-estrutura necessária na região e conta com um pólo industrial que está aberto para desenvolver investimentos na captação de um novo perfil produtivo. Além disso, segundo o secretário, o gás natural de Urucu tem, dentro da sua concentração, níveis importantes de nitrogênio e já existem estudos na Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para produção de amônia. Isso, com nitrogênio e potássio, segundo ele, praticamente fecha o circuito para uma linha de produção de fertilizantes (NPK).

Para o investidor e o empreendedor do setor mineral, Daniel Dantas informa que o Amazonas oferece mapa geológico do território, na escala 1:1.000.000; Sistema de Informação Geográfica (SIG), banco de dados georeferenciado e que pode ser acessado e vasta área com aerolevantamentos geofísicos, com espaçamento de 500 m, com dados coletados em 2007 em parceria com o Serviço Geológico do Brasil.

O Amazonas também trabalha com a possibilidade de produção de ouro, dentro da Província do Tapajós, no sul do estado, que tem 90.000 km2 de área, está localizada no Magmatismo Uatumã, com área estimada de 2 milhões de km2, no craton amazônico.

Nessa região, entre os depósitos auríferos existentes, estão Ouro Roxo (250,000 oz), Palito (680,000 oz) e Tocantinzinho (1.6 milhão oz), de acordo com apresentação feita por Douglas Arantes, presidente da Agência de Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Mineração (Adimb). A Província do Tapajós recebe cerca de 60% dos investimentos nacionais em exploração mineral para ouro e já registrou a produção histórica de 25 milhões de onças.

Fonte: Estadão


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