Em 2011 visitei as obras da construção de um estádio projetado para a Copa. O estádio anterior, resultado de um projeto de arquitetura bem elaborado, fora demolido para dar lugar a uma dessas arenas padrão Fifa. O anterior tinha sido dimensionado para receber o número previsto de torcedores locais e regionais. Mas, não teve, ao longo de sua vida útil, as manutenções exigidas para deixá-lo em dia. Ficou, portanto, defasado do ponto de vista de condições para oferecer aos usuários segurança e serviços de apoio compatíveis.
Obviamente, com uma boa reforma na estrutura e com as melhorias internas necessárias, estaria pronto para receber qualquer jogo do Mundial. Sobretudo, porque, passada a Copa, ele voltaria a ser o que sempre vinha sendo: um estádio comum, menor, apropriado para o número reduzido de torcedores que o frequentavam. Como era, ele jamais se transformaria num elefante branco, conforme deverá ocorrer com o estádio atual, daqui pra frente.
Estive lá naquele ano observando as obras na fase da conclusão da terraplenagem e início da produção das peças pré-moldadas para a estrutura e as arquibancadas. O engenheiro que me recebeu deu-me conta do andamento dos trabalhos e da presença de arquitetos da Alemanha que difundiam a tecnologia prevista para a estrutura da cobertura. “É uma técnica usada na Europa”, me avisou. E eu: “Mas, na Europa? E vai ser usada aqui com esse clima?” Ao que ele respondeu: “Não se preocupe. Tudo será tropicalizado”.
Ao final da entrevista, diante de minha dúvida sobre o cronograma da obra, ele assegurou: “Pela conclusão, na data certa, respondo eu. Já para a mobilidade urbana, que foi promessa do governo – construir monotrilho, ampliar avenidas e outras coisas, não ouso adiantar nada. Ou melhor: adianto, sim. Caso as obras previstas para a mobilidade urbana não fiquem prontas em dia, o governo terá o Plano B” – um plano aplicado também em algumas cidades da África do Sul, onde houve problema semelhante, na oportunidade da Copa que ali se realizou. Indaguei: “E qual será esse Plano B?”- Ele me explicou que, levados pela propaganda e pelo entusiasmo desperto pela Copa, os torcedores acabariam chegando no estádio de van, bicicleta, carro, charrete, a pé. Alguns até esqueceriam as promessas do governo de fazer estações de metrô. O jeito não importaria. O certo é que, mesmo sem metrô ou outros modal de transporte de massa, o povo sempre chega. E, concluiu: “Esse é o Plano B com o qual o governo conta. Ou sempre contou”.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira