A arquitetura de Calatrava

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Nildo Carlos Oliveira

O arquiteto espanhol Santiago Calatrava tem provocado perplexidade em várias regiões do mundo, por conta da ousadia de seu trabalho. E mesmo por aqui no Brasil, quando estiver concluído, no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã, que tem a sua assinatura, as reações não serão diferentes. A Gare Oriente, em Lisboa, que tive a oportunidade de conhecer, continua a despertar curiosidade, senão, espanto.

Contudo, o suplemento do The New Work Times, publicado na FSP de hoje, traz matéria de Suzanne Daley, sob o título “Arquitetura da decepção”. E relata que atualmente o arquiteto é considerado um vilão, em Valência, por causa de um amplo complexo que ele projetou – a “Cidade das artes e ciências” – no leito de um rio seco e que ocupa nada menos que 35 hectares.

Além daquela obra, a jornalista cita outras, indicando que arquitetos pelo mundo afora reconhecem a beleza estética, embora critiquem equívocos na funcionalidade das edificações concebidas por Calatrava. Menciona, por exemplo, manifestação de Jesús Cañada Merino, presidente da associação de arquitetos de Bilbao, para quem o arquiteto busca mais a singularidade do que a funcionalidade e a satisfação dos clientes.

Seja como for, ele continua a ser requisitado, mesmo que, conforme um de seus críticos, continue sendo pago, “mesmo quando conserta seus próprios erros”.

O arquiteto se defende, nas palavras reproduzidas por Suzanne Daley: “Meu objetivo, sempre, é criar algo excepcional, que realce as cidades e enriqueça a vida das pessoas que vivem e trabalham nelas”. O raciocínio lembra os pensamentos de outro arquiteto, este brasileiro, que ficou imortalizado aqui e no mundo pelas concepções arrojadas que deixavam os ícones da engenharia brasileira de cabelo em pé, quando se sentiam desafiados a construir as obras que ele idealizava.

Não acredito que Calatrava pratique a “arquitetura da decepção”. Ele pratica a arquitetura da polêmica. E, esta, é a arquitetura da genialidade.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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