O diretor presidente da Acciona no Brasil, André Clark Juliano, em evento de saneamento realizado pela Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), em São Paulo (SP), disse que “oBrasil apresenta diversas oportunidades de investimento, com novos projetos greenfield e um grande mercado para expandir, atraindo o interesse de empresas como a Acciona, que detém expertise no setor e atua em diversos países, em ambientes de regulações diversas”, afirmou Clark.
Segundo ele, há muito capital internacional disponível, o que pode acelerar essa interação entre o setor público e o privado, no contexto das Leis das Estatais e do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).Contudo, segundo Clark, os desafios para os investidores incluem a governança heterogênea e fragmentada da gestão da água, a falta de planejamento e de transparência, a estrutura tarifária, a regulação difusa, a ineficiência do setor, a falta de projetos básicos e de definição das prioridades e respectivos prazos, além da ausência de garantia de prazo para liberação dos recursos (Caixa Econômica, BNDES) e a própria estrutura dos editais. Na visão de Clark, uma tarefa primordial do BNDES é estruturar as transações para o setor de saneamento de forma que contemplem mais municípios em cada projeto, como forma de atrair investimentos de maior porte.
“Para investir, precisamos de clareza nas responsabilidades e na regulação do setor, projetos mais estruturados, mais garantias e um melhor entendimento entre os setores público e privado. Os investidores estrangeiros deste setor interessam-se por ativos maiores do que apenas disputar uma única concessão”, ressaltou o diretor presidente da Acciona no Brasil. “A lei das Estatais melhora as parcerias, mas muitas chamadas para as empresas participarem dão apenas dois meses para se avaliar o investimento, quando este deve ser muito bem analisado, por se tratarem de projetos de 40 anos”, exemplificou.
Entre as demandas prioritárias, o diretor presidente da Acciona no Brasil citou a necessidade de planejamento estratégico das bacias, de se olhar a questão do esgotamento sanitário como matéria-prima, a necessidade de melhoria da eficiência na distribuição da água, com controle de perdas e exploração de novos mananciais;a importância de diversificação da matriz para solucionar a crise hídrica a partir de uma visão de médio e longo prazo; os projetos waste to energy, bem como a possibilidade de se investir em tecnologia, cuja aplicação ainda é limitada no País. “O Brasil tem muitas oportunidades, e o BNDES está conduzindo bem a questão, com seu programa de desestatização, mas é importante que haja clareza das regras e segurança para o investidor”, concluiu Clark.