Polêmico, construído ainda sob a égide do regime militar, o Aeroporto Internacional teria todas as condições para não ficar defasado. Mas ficou. Com um movimento, em 2011, de mais de 30 milhões passageiros/ano, ele requer melhorias urgentes
O Aeroporto Internacional de Guarulhos, batizado com o nome de Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, situa-se em área de 14 km² e dispõe de sistema viário de acesso próprio. Foi projetado nos anos 1970 sob a orientação da Comissão Coordenadora do Projeto Sistema Aeroportuário da Área Terminal de São Paulo (Copasp).
Ele teve plano diretor elaborado pela empresa Internacional de Engenharia S. A. (Iesa), sendo idealizado para receber a demanda de voos domésticos, com exceção da Ponte Aérea Rio-São Paulo, voos internacionais e servir de opção para o aeroporto de Viracopos. Desde o seu início estava claro que o acesso ao aeroporto, a partir da cidade de São Paulo, seria problemático.
Embora localizado nas proximidades de rodovias de grande movimento – Ayrton Senna, Dutra e Fernão Dias –, não oferecia opções de transporte aos passageiros, a não ser por ônibus e táxis. Hoje, nas horas de pico, a imagem que ele proporciona é de caos, com passageiros sendo despejados na pista para acesso aos ônibus que os deixarão na área do desembarque. Embora em sítio de grandes dimensões, ele é acanhado, tem sistema sanitário precário e, em alguns aspectos, lembra o que um arquiteto chamou de “rodoviária de avião”. A tarefa, portanto, do consórcio que se propõe a modernizá-lo ao longo de um contrato de 20 anos é formidável.
Na entrevista que se segue, o Consórcio Invepar, vencedor do leilão para modernizar Guarulhos, conta o que pretende fazer para eliminar a defasagem que até aqui tem marcado as operações do aeroporto. Ele é composto pela Invepar Investimentos e Participações e Infraestrutura, pela OAS e fundos de pensão (ver composição no box). As indagações feitas pela revista O Empreiteiro foram respondidas pela assessoria da Invepar.
Quais são os planos imediatos para o aeroporto de Guarulhos?
Está sendo elaborado o Plano de Transição Operacional do Aeroporto de forma estruturada e de acordo com o edital. O plano prevê melhorias de alguns serviços que já poderão ser percebidas pelos usuários num curto prazo.
Que obras serão necessárias (ou estão previstas), em caráter emergencial?
A principal obra até a Copa do Mundo em 2014 será a construção de um novo terminal de passageiros com capacidade adicional para 12 milhões de pessoas e 22 pontes de embarque. Além disto, está previsto a construção de 10 mil vagas de estacionamento.
Quais são os investimentos previstos a curto, médio e logo prazo? Como serão viabilizados?
No médio e longo prazo, os terminais atuais serão reformados e está prevista a construção de novos terminais para manter o nível de serviço. Também está previsto no Plano de Negócios o desenvolvimento maior de receitas comerciais.
Como o consórcio está estruturado, sob o ponto de vista financeiro?
A Invepar possui 90% do consórcio privado e a ACSA os outros 10%. Na Sociedade Propósito Específico (Concessionária), este consórcio privado ficará com 51% e a Infraero com 49%.
Qual será a participação dos fundos de pensão?
Como acionistas da Invepar, continuarão atuando no direcionamento estratégico e no Conselho da empresa.
O valor do lance vencedor, não pode restringir a rentabilidade do consórcio?
O valor do lance foi baseado em um plano de negócios elaborado em mais de seis meses de estudos, onde mais de 100 profissionais trabalharam.
A partir de quando, o usuário-viajante começará a perceber as melhorias efetivas nos aeroportos? Quais são elas?
A operação será assumida pelo concessionário privado quatro meses após a assinatura do contrato. O contrato está previsto para ser assinado em maio. Logo no primeiro ano de atuação do concessionário privado serão tomadas medidas que melhorarão o nível do serviço.
Quais são as perspectivas para 2014 e 2016, quando ocorrerão eventos esportivos internacionais – Copa e Olimpíada?
O planejamento da infraestrutura do aeroporto contempla um aumento de capacidade entre 30% e 40%, para a Copa do Mundo e para a Olimpíada, de tal forma que a área disponível será suficiente para prestar o nível de serviço exigido de acordo com as condições do edital.
(Com colaboração de Joás Ferreira)
Fundos de estatais se aliam a operadora criada em 2000
O consórcio vencedor do aeroporto de Guarulhos, formado pela Invepar (90%) e Airport Company South Africa (10%), terá 20 anos de concessão do terminal paulista. Com investimentos totais previstos de R$ 4,6 bilhões, terá que despender R$ 1,3 bilhão desse montante para atender as demandas do Mundial de futebol, que inclui a construção de um novo terminal para sete milhões de passageiros/ano, além da ampliação de pátio de aeronaves e área de estacionamento.
A Invepar, criada em março de 2000, tem como acionistas a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), Fundação dos Economiários Federais (Funcef) e construtora OAS. A empresa tem experiência no ramo de concessões de estradas, que incluem a Bahia Norte, Linha Amarela (Lamsa – Rio), CLN – Concessionária Litoral Norte (BA), Cart – Concessionária Raposo Tavares (São Paulo), CRT – Concessionária Rio – Teresópolis (RJ) e CRA – Concessionária Rota do Atlântico (PE). Além disso, é concessionária do metrô do Rio de Janeiro.
A Airport Company South Africa administra vários aeroportos na África do Sul, como o OR Tambo International (Johanesburgo) e o da Cidade do Cabo, além do aeroporto de Mumbai, na Índia. O seu principal acionista é o governo sul-africano, que controla 74,6% da companhia.
Investimentos previstos nos aeroportos pelas empresas concessionárias
Aeroportos
| Investimentos totais
| Investimentos até a Copa 2014
| Principais obras para Copa 2014
|
Guarulhos
| R$ 4,6 bi
| R$ 1,3 bi
| – 3º terminal para 7 milhões de passageiros/ano com 22 pontes de embarque – Área de pátio para mais 32 aeronaves – Estacionamento para 2,2 mil veículos |
Viracopos
| R$ 8,7 bi
| R$ 873 mi
| – Novo terminal para 5,5 milhões de passageiros/ano – Área de pátio para mais 24 aeronaves |
Brasília
| R$ 2,8 bi
| R$ 626,5 mi
| – Novo terminal para 2 milhões de passageiros/ano – Área de pátio para 35 aeronaves – Estacionamento para 3,5 mil veículos |
Fonte: edital de leilão de concessão
Fonte: Padrão