Sobra razão a Jânio de Freitas. Por aqui uma corrupção emenda na outra e vai compondo uma corrente que se estira de um canto a outro do País. No conjunto, o cenário é da pior degradação.
O histórico vem de longe e faz lembrar uma frase do mestre Graça: “O homem não presta; já não prestava desde a pré-história”. Mas, os males da corrupção não podem ficar sintetizados apenas por aí. Há circunstâncias que levam àquela conclusão. E não há esforço político determinado para eliminá-las. Ao contrário, a cada descoberta de atos de corrupção, parece aumentar o empenho para alimentá-los.
São vários os exemplos de empresas de engenharia – e empresas voltadas a outras atividades – que naufragaram por conta dos problemas desse tipo em que se envolveram ou nos quais foram envolvidas. A gente pode contar a história desses escândalos indo ao banco de dados do TCU ou ao banco de dados da própria memória. E pode-se fazer um levantamento disso escolhendo o segmento por onde investigar: obras aeroportuárias, portuárias, saneamento, rodovias, obras urbanas.
O inconcebível é saber que as empresas conhecem os terrenos minados e poderiam evitá-los. Mas acabam seguindo por eles, atraídas pelo secreto fascínio que eles exercem. O fato é que, por onde quer que se ande, há acenos de corruptos e corruptores. E, embora esse caso da Delta ainda esteja em processo investigatório, uma coisa está clara: os prejuízos são evidentes; não apenas para a empresa, mas para a sociedade.
Diante do quadro de degradação, uma pergunta se impõe: Como acabar com isso? – Porque há, evidentemente, meios para se bloquear a corrupção. Recorro à memória e reproduzo, aqui, frase de um documento de empreiteiras de década passada: “Só existirão chances de se conseguir conscientizar a sociedade da necessidade de se suprimir as causas da corrupção, se os governantes derem exemplo de que aboliram as suas próprias benesses e, sobretudo, se deixarem claro, não apenas por palavras, mas por seus atos concretos, que cultuam a integridade moral, a probidade administrativa e determinam-se à implantação da Justiça”.
Enquanto isso não acontece, a máxima do mestre Graça continuará de pé.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira