Estudo reaproveita 100% material fresado e reduz emissões

Estudo reaproveita 100% material fresado e reduz emissões

Compartilhe esse conteúdo

A reciclagem de asfalto é uma técnica amplamente utilizada na manutenção e reabilitação de rodovias,
permitindo reduzir custos, minimizar impactos ambientais e aumentar a durabilidade do pavimento.


O resíduo gerado nessas atividades é o comumente chamado material fresado asfáltico ou RAP (do inglês Reclaimed Asphalt Pavement).


Basicamente, ele é constituído por agregados de petróleo e ligante asfáltico oxidado. Esse tipo de reaproveitamento do asfalto vem sendo amplamente utilizado em grandes projetos rodoviários
no Brasil e no mundo, especialmente para reabilitação de trechos desgastados, garantindo maior sustentabilidade e economia para os setores de infraestrutura e pavimentação. Ele envolve a reciclagem do asfalto deteriorado e pode ser feito de diferentes maneiras:

  • Reciclagem a quente – esse processo ocorre em usinas de asfalto, onde o material fresado da rodovia é misturado com novos agregados e ligantes para produzir um novo revestimento asfáltico. Existem dois tipos principais: o que é feito na usina, onde o asfalto reciclado é misturado a novos agregados e ligantes antes da aplicação e o in situ (no local), em que o próprio pavimento é aquecido, fresado e recompactado, reduzindo a necessidade de transporte;
  • Reciclagem a frio – essa técnica pode ser realizada in situ ou em usina, e consiste na reutilização do asfalto sem necessidade de aquecimento. Em geral, utiliza-se cimento, emulsão asfáltica ou espumas parareestabilizar o material fresado;
  • Reciclagem com adição de polímeros e borracha – essa é uma alternativa sustentável por incorporar borracha de pneus reciclados ou polímeros ao asfalto reciclado, aumentando a resistência e a durabilidade do pavimento.

Entre as principais vantagens do asfalto reciclado estão: sustentabilidade, pois diminui a extração de agregados naturais e o consumo de betume; economia, uma vez que reduz custos de produção de misturas asfálticas; eficiência energética, pois métodos modernos redusumo zem o consumo de energia e emissões de CO2; e durabilidade, já que o asfalto reciclado pode ter desempenho equivalente ao convencional, com aditivos e técnicas adequadas.


ASFALTO RECICLÁVEL COM MENOR EMISSÃO DE CO2


Segundo a CCR, o trecho da BR-101 entre Ubatuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ) apresentava, no início da
concessão que a empresa havia assumido, grandes extensões com desnível entre as faixas de tráfego
e o acostamento, cujo nivelamento exigiria alto consumo de materiais virgens. Contudo, a escassez de jazidas, pedreiras e usinas na região tornava o transporte de novos agregados desafiador, com distâncias superiores a 90 km para sua obtenção. Além disso, o processo de restauração gerou um elevado volume de fresado, sendo necessária a procura de técnicas que permitissem a reutilização desse material na própria concessionária.


O Centro de Pesquisas Rodoviárias (CPR) do Grupo CCR desenvolveu estudo para encontrar uma solução que pudesse reaproveitar todo o material fresado e ainda diminuísse as emissões de dióxido de carbônico durante o processo. Segundo a empresa, a técnica empregada reduziu quase 50.000 kg de emissão de CO2 e em até 49% o consumo de energia.


A pesquisa focou em buscar uma solução que pudesse reaproveitar 100% do material fresado em misturas estabilizadas com distintas emulsões asfálticas em temperatura ambiente, denominando-a de Pré-Misturada a Frio 100% RAP (PMF100%RAP). Inicialmente, executaram-se segmentos experimentais para validação das dosagens definidas em laboratório.


Desde outubro de 2023, foram construídos 125 km de faixa de acostamento utilizando a mistura PMF100%RAP, consumindo mais de 34.881 toneladas de fresado asfáltico. Dentre as emulsões avaliadas pelo CPR, a emulsão convencional do
tipo ruptura lenta (RL-1C) foi a que possibilitou o maior volume de introdução de RAP na mistura. Com o objetivo de avaliar a resistência e a durabilidade da mistura asfáltica reciclada com 100% de fresado asfáltico e emulsão
asfáltica, utilizaram-se vários ensaios laboratoriais: Módulo de resiliência por compressão diametral cíclica a 25º C – Norma DNIT 135/2018 ME; Estabilidade e Fluência Marshall – Norma DNIT 136/2018 ME; Resistência à tração por compressão diametral a 25º C – DNER 043/95 ME.

  • Ensaio uniaxial de carga repetida para determinação da resistência à deformação permanente a 25º C – Norma DNIT 184/2018 ME;
  • Ensaio de módulo dinâmico a 25º C 1 Hz – Norma AASHTO T 342-22.
    Os pesquisadores concluíram que a mistura com 100% de RAP e emulsão asfáltica RL-1C, no teor de 4,2%, atende aos requisitos de resistência e durabilidade, sendo ideal para aplicação em acostamentos de rodovias.
    Após um ano de execução, a aplicação dessa técnica em comparação com o método convencional a quente possibilitou a redução do consumo de 33.560 toneladas de agregados novos, 500 toneladas de cal hidratada e 173 toneladas de ligante asfáltico, além de reduzir em 78% a emissão de
    dióxido de carbono.

Conheça os autores


Luis Miguel Gutierrez Klinsky – gerente e monitoramento, pesquisa e desenvolvimento em pavimentos | Hamilton Gazpar Filho – gerente de pavimentos | Mariana de Jesus Siqueira – analista de engenharia de pavimentos | Nelson Soares Neto – gerente executivo de pavimentos | Jorge Abel Barberan – coordenador do centro de pesquisas rodoviárias | Edmilson Gouveia Nunes – Consultor de Materiais
de Pavimentos


Compartilhe esse conteúdo