A pavimentação da BR-319, rodovia que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), permanece em análise e não será iniciada sem a criação de um conjunto de unidades de conservação ambiental em seu entorno. A condição foi estabelecida pelo Governo do Amazonas e conta com o respaldo do Ministério do Meio Ambiente.
“O estado do Amazonas não aceitaria a obra sem essas garantias”, afirmou Nádia Ferreira, secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Impacto ambiental pode ultrapassar R$ 10,5 bilhões
Segundo estudo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), citado em reportagem da Folha de S. Paulo, o impacto ambiental da pavimentação da BR-319 pode gerar R$ 10,5 bilhões em danos ao longo de 20 anos — principalmente em decorrência do desmatamento e emissão de gases de efeito estufa.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima), produzido pela Ufam, foi oficialmente entregue ao Ibama no dia 8 e será base para a decisão sobre a emissão ou não da licença ambiental. O órgão tem prazo de 180 dias para análise do material.
Obra integra o PAC, mas enfrenta resistência ambiental
A rodovia, incluída no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), tem gerado polêmica por atravessar uma das áreas mais conservadas da floresta amazônica, no sul do Amazonas. Críticos apontam riscos de expansão do desmatamento e baixa viabilidade econômica da pavimentação, comparando o cenário ao ocorrido em trechos da BR-163, no oeste do Pará.
Apesar disso, o governo federal nunca cogitou alternativas à realização da obra, segundo Nádia Ferreira:
“Essa foi a alternativa apresentada aos governos do Amazonas e de Rondônia”, explicou.
Blindagem ambiental será custosa, mas considerada essencial
O grupo de trabalho formado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Governo do Amazonas concluiu que a criação de áreas protegidas para conter impactos ambientais será mais cara que a obra em si. No entanto, o custo não é considerado impeditivo.
Antes de qualquer decisão definitiva, o EIA-Rima será submetido a audiências públicas, conforme determina a legislação ambiental brasileira.
O Ministério dos Transportes informou que só se pronunciará após a publicação do parecer técnico do Ibama.