Os altos valores apresentados no Brasil para a construção das arenas para a Copa do Mundo são surpreendentes quando comparados com os gastos feitos na Coface Arena, em Mainz, Alemanha.
Enquanto o estádio mais barato a ser erguido para o próximo Mundial, a Arena Dunas, em Natal (RN), custará R$ 413 milhões e terá capacidade para 45 mil pessoas, a Coface Arena, em Mainz, Alemanha, inaugurada em julho, teve um gasto total de R$ 135 milhões (ou três vezes menos do que a obra na capital potiguar), incluindo trabalhos realizados no entorno, com capacidade para 34 mil espectadores.
Embora as exigências da FIFA para a Copa do Mundo seja de que os estádios tenham no mínimo 40 mil lugares com assentos, além de outras características específicas para atender o torneio, trata-se de uma discrepância e tanta. São pouquíssimos estádios brasileiros, por exemplo, que oferecem 150 lugares na tribuna de imprensa — esse número, a propósito, vai bem além da exigência da UEFA nesse item.
Área vip para receber patrocinadores, convidados e clientes de 2.900 m², com cerca de 2,7 mil assentos dedicados, como na Coface Arena, chega perto do padrão FIFA para o Mundial aqui no Brasil. Restaurante para 200 pessoas também não é tão simples de erguer nem numa capital gastronômica como São Paulo.
A questão do torcedor de futebol assistir ao jogo em pé, não mais permitido aqui no Brasil em jogos profissionais, é motivo de reflexão. Na Alemanha, não há restrição para isso. Na arena onde atuará o Mainz 05 o custo da obra por espectador é de apenas R$ 3,9 mil. No Brasil, o estádio que gastará menos para atender ao Mundial é a Arena da Baixada (R$ 220 milhões), em Curitiba (PR). O preço para a reforma do mais moderno estádio do país ficará em média R$ 5,3 mil por espectador. Já o Beira-Rio, que está sendo reformado para receber 61 mil torcedores, tem o custo médio por espectador mais baixo do Mundial 2014: R$ 4,7 mil. Vales destacar que estes dois estádios brasileiros são os que menos estão sofrendo intervenção para a Copa do Mundo e continuam em funcionamento.
Por fim, deve-se destacar a facilidade com que a redação da revista O Empreiteiro obteve as informações referentes à Coface Arena no que tange ao projeto, a construção do estádio, os valores gastos por cada agente participante da obra, além de respostas às outras questões apresentadas pela publicação com relação ao novo estádio. No levantamento de informações sobre os estádios para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, para obter o mínimo e essencial dado técnico do estágio da obra, prepare-se para uma longa maratona de coleta de dados nem sempre precisos ou disponíveis publicamente.
Coface Arena
Proprietário: Prefeitura de Mainz
Arrendatário: FSV Mainz 05
Recursos provenientes para obra | Valores |
GVG | € 32,5 milhões |
Província de Rheinland-Pfalz | € 20 milhões |
FSV Mainz 05 | € 7,5 milhões (contrapartida) |
Custo total | € 60 milhões |
Estádios padrão alemão
Os alemães tem tradição na construção de estádios. No Brasil, para a Copa do Mundo de 2014, empresas do setor estão envolvidos em vários projetos das novas arenas.
País onde o futebol é uma paixão nacional e cuja seleção já foi tricampeã mundial, os estádios na Alemanha chamam a atenção pela alta tecnologia empregada.
O escritório de arquitetura que projetou a moderna Coface Arena, a AGN Niederberghaus & Partner, categoriza os estádios de futebol na Alemanha em quatro gerações.
A primeira geração está os estádios com as arquibancadas circulares. A segunda, iniciada a partir da Copa de 1974 realizada na própria Alemanha, possui cobertura completa e holofotes, além de oferecer mais segurança e espaço para o trabalho da imprensa.
A terceira geração de estádios na Alemanha veio com a segunda Copa que sediaram, em 2006, com áreas vips e mais conforto aos espectadores. A quarta geração de arenas, com a sua multifuncionalidade, segundo a AGN, deve atender aos quesitos da sustentabilidade, ser um ponto de atração de grupo de famílias e possuir capacidade de se viabilizar comercialmente sem perder suas características. A Coface Arena integra a quarta geração de estádios alemães. Mas há outros na Alemanha de elevado grau de modernidade.
O Waldstation, em Frankfurt, construído em formato oval, possui colunas de 30 m de altura e espaçamento de 16 m entre elas. O estádio conta com teto retrátil, que pode ser aberto ou fechado em poucos minutos, dependendo da ocasião.
Já o Veltins Arena, em Gersenkirchen, é um dos mais modernos da Europa. O gramado pode ser removido nos intervalo dos jogos por meio de um sistema hidráulico e o local transformado em um ginásio – a possibilidade de remover o gramado para fora do estádio facilita cuidar do mesmo já que se trata de uma arena coberta.
O Rhein-Energie Stadion, de Colônia, possui
arquitetura marcante e peculiar em termos de estádio: quatro torres de 70 m cada (visível em quase toda cidade) e que ficam iluminadas durante a noite, localizadas nos quatro extremos da arena, suportam a cobertura de 15.400 m² do local.
No Allianz Arena, em Munique, a fachada de todo o estádio é feita de 2.874 losangos de placa de ETFE (Etileno Tetrafluoretileno), plástico translúcido e ultraresistente, sendo que cada um pode ser iluminado individualmente em branco, azul ou vermelho.
Por fim, o estádio Gottlieb-Daimler, de Stuttgart, tem uma cobertura de estrutura de membrana tensionada de poliéster, que depois se tornou modelo para várias arenas pelo mundo – inclusive para o Mundial no Brasil em 2014.
Todos os estádios citados — com exceção da Coface Arena — foram utilizados na Copa do Mundo de 2006 na Alemanha.
Fonte: Estadão