Sérgio A.Palazzo*
Omercado brasileiro de manutenção de redes de infraestruturas tem-se desenvolvido na velocidade do restante do mundo desenvolvido, e conta com investimentos por parte das empresas de engenharia especializadas desse segmento, bem como profissionais das áreas de projetos, gestão rodoviária entre outros. Dessa forma, a ABRATT, trouxe do exterior tecnologias que permitissem inspecionar, diagnosticar e corrigir falhas nas redes de drenagem. Outras atividades já mais tradicionais vêm sendo conduzidas há bastante tempo sem grandes novidades, como é o caso da limpeza com equipamentos de jateamento e vácuo, apelidados de "combinado".
Dessa forma é possível estruturar um programa sistemático de manutenção dos sistemas de microdrenagem nas cidades que sentem os efeitos de ocorrências descontroladas de chuvas provocadas pelo fenômeno climático das enchentes, como o efeito "La Niña" que vem ocorrendo nos anos recentes.
É fundamental antes de discutirmos como atacar os efeitos dessas enchentes, discutirmos o que vem sendo feito para eliminar as causas. Incidentes meteorológicos recentes do começo deste ano, já deixaram claro que há pouca ou nenhuma disposição dos governantes em investir nessa área, nem mesmo à luz de perdas de centenas de vidas. Trata-se de revisitar a "Teoria do Caos", e quem sabe pensar na "Teoria das Pequenas Vitórias" (http://www.cfar.com/Documents/Smal_win.pdf) mitigando essas ocorrências através de pequenas ações duradouras, sequenciais, que ao fim de um período de tempo reduzissem os impactos dessas enchentes
Uma primeira ação nesse sentido foi feita pela gestão municipal da Sra. Marta Suplicy, quando as quatro regiões da cidade receberam enormes investimentos em contratos cujo objetivo era de limpar, diagnosticar obstruções e efetuar reparos nas redes de microdrenagem. Esse projeto cujo término eventualmente ultrapassaria o mandato da prefeita, foi abandonado pela gestão seguinte do Sr. José Serra. As empresas deixaram de receber suas medições, os contratos foram suspensos e jamais retomados, segundo informações obtidas pela ABRATT.
Hoje os empreiteiros estão preparados para limpar aduelas e redes de drenagem com modernos equipamentos, hidráulico-mecânicos, lavar e filmar essas redes, provendo diagnóstico preciso das obstruções, e o mais interessante, reparando as redes sem abertura de valas na superfície. É um processo similar a um cateterismo, na veia de um paciente humano, com a posterior aplicação de um "stent" que devolva a integridade àquela rede. Ações como essas, resultantes de pequenas vitórias, nos permitem prever enchentes de menor poder de destruição, que se combinadas com outras ações de longo prazo, por exemplo educativas, que impedissem o despejo de lixo, em algumas décadas (duas ou três), estaremos livres definitivamente das repetitivas e danosas inundações em diversas cidades brasileiras.
*Consultor sobre uso de Métodos Não Destrutivos.
Fonte: Estadão