Novas fábricas mudam feição do complexo portuário

Compartilhe esse conteúdo

São pelos menos 50 empresas de diversos ramos industriais em fase de instalação no polo; ampliação do porto prevê novos aportes de recursos no valorde R$ 1 bilhão

Nara Faria

Com cerca de 100 empresas instaladas e outras 50 em fase de instalação, o Complexo Industrial Portuário de Suape continua sendo um grande canteiro de obras. Localizado no estado de Pernambuco, entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, Suape conta com 13,5 mil ha de zonas industriais e serviços.

Além do acesso mais próximo à Europa e à África, o crescimento acima da média do PIB (Produto Interno Bruto) nordestino promete movimentar os negócios. “A economia da região cresce em ritmo superior à média nacional e tal ritmo deverá permanecer nos próximos anos. É aqui onde o consumo mais crescerá e é aqui onde estão as melhores oportunidades de investimentos”, afirma o presidente da AD Diper (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco), Roberto de Abreu e Lima.

As empresas já instaladas resultaram, em três anos, em investimentos públicos de R$ 3,1 bilhões e privados de R$ 52 bilhões, de acordo com a AD Diper. As empresas interessadas em se instalar no complexo contam com uma redução do Imposto sobre Serviços (ISS) de até 2% e redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) sobre o valor a pagar por 10 anos, além de incentivos do Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe).

Grandes empreendimentos já se instalaram ou estão em fase de implantação no complexo, como a Refinaria Abreu e Lima, Estaleiro Atlântico Sul, Petroquímica Suape e Hemobrás. Essas indústrias trazem com elas uma série de empresas fornecedoras para o estado. “Hoje, trabalhamos com adensamento dos seguintes polos: eólico, naval e offshore, petróleo e gás e metal-mecânico”, explica Lima.

Entre esses setores, o número de empresas de geração de energia eólica chama a atenção. Entre elas, a LM Wind Power, fabricante de pás para turbinas eólicas, está investindo R$ 100 milhões na construção de uma unidade que começará a produção no segundo semestre deste ano. No máximo em dois anos o tamanho da fábrica será dobrado, com o planejamento de inserção de mais R$ 70 milhões no investimento total.

Também no setor de energia eólica, estão instaladas a Impsa, fabricante de geradores que já possui contratos fechados com a LM, e a Iraeta, empresa que produzirá flanges eólicas cuja planta está também em construção no local. Com estas fábricas, Suape começa a oferecer todos os equipamentos necessários à geração de energia eólica, fechando a cadeia do setor.

Outros segmentos também mostram interesse na região. Exemplo disso é a implantação da unidade industrial da empresa chinesa de motocicletas Shineray. As obras civis têm prazo inicial de 12 meses e, incluindo a instalação dos equipamentos, a conclusão do empreendimento será até março do ano que vem. A previsão de investimentos é de R$ 130 milhões.

Infraestrutura

Refletindo o grande interesse demonstrado por essas empresas de se instalarem na região, Suape vem modificando sua estrutura. Muitas dessas obras de infraestrutura são previstas para atender às necessidades de grandes empreendimentos.

O projeto de implantação da Refinaria Abreu e Lima, que tem como principais consórcios que atuam na construção a Conest, a Ipojuca Interligações e a CNCC, está com 71% de avanço físico e, de acordo com a Petrobras, a entrada em operação está prevista para novembro de 2014.

Além do investimento de R$ 17,1 bilhões para a construção das instalações da refinaria, Caio Ramos, vice-presidente de Suape, explica que sua operação exige adaptações no porto, como a dragagem do canal externo para permitir o acesso de grandes petroleiros. Apenas esta parte da obra está orçada em mais de R$ 340 milhões, e está sob responsabilidade do consórcio Van Oord. A obra está prevista para ser concluída em novembro de 2013.

Um novo píer foi construído para atender à refinaria e demandou investimento de R$ 360 milhões. “A obra está pronta, só esperando a refinaria entrar em operação para poder funcionar”, explica Ramos.

Além disso, está em processo o reforço dos cabeços (peças cilíndricas que se encontram no cais e servem para suportar o cabo que faz a amarração, quando os navios atracam), um projeto que surgiu pela necessidade de dar resistência ao terreno após a dragagem do canal externo. A obra teve investimento de R$ 160 milhões e está sendo executada pelo consórcio OAS Andrade Gutierrez.

Outro exemplo de construção que deverá atender à necessidade específica de grandes empresas é um novo pátio de veículos, cuja entrega está prevista ainda para o primeiro semestre deste ano. No local serão investidos aproximadamente R$ 10 milhões. A área atenderá à demanda das empresas automobilísticas já instaladas e da Fiat, que solicitou à diretoria do complexo uma área de 5 ha para dar início ao processo de importação de veículos via Suape em 2014 – a montadora está construindo fábrica no município de Goiana, a cerca de 100 km de Suape, com investimentos de R$ 4 bilhões e com previsão de ficar pronta no segundo semestre de 2014.

Outras obras de infraestrutura, como as dragagens dos cais 6 e 7, com investimento de R$ 140 milhões, a dragagem do cais de Cocaia, que ainda vai ser licitada no valor de R$ 405 milhões, e a dragagem dos cais 8 e 9, investimento de R$ 177 milhões, estão entre os demais projetos em andam
ento visando à melhoria do complexo.

O maior desses projetos, no entanto, é para a instalação da Zona Central de Serviços (ZCS). A implantação acontecerá por fases e a primeira delas, a etapa piloto, já foi licitada e será executada pela Queiroz Galvão, vencedora da licitação.

Os projetos de novos terminais que estão em fase de implantação também são lembrados pelo vice-presidente do complexo. Segundo ele, o objetivo é realizar as obras de construção do segundo terminal de contêineres, compostos de dois berços de atracação, que são os cais 6 e 7. O investimento privado estimado para este projeto é de R$ 697 milhões e o público, que consiste na dragagem do canal para que se aprofunde o acesso marítimo até ele, é de R$ 133 milhões.

Atualmente, Suape possui cinco cais para atracamento no porto interno e um molhe de pedras de proteção em “L”, que abriga três píeres de granéis líquidos, um cais de múltiplos usos e uma tancagem flutuante de GLP, no porto externo.

Visando ampliar ainda mais sua estrutura, quatro novos terminais serão instalados: um para granéis sólidos, outro para açúcar, um novo para contêineres e um quarto para grãos, com investimento superior a R$ 1 bilhão até o ano de 2014.

As obras do terminal para novos contêineres aguardam a aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para serem licitadas, enquanto que para o terminal de grãos o trabalho está em fase de projeto; e o de minérios aguarda aprovação da Secretaria dos Portos.

Já as obras do terminal de açúcar estão em andamento, sendo executadas pela Agrovia, que tem como sócia a trading inglesa EDF & Man. De acordo com a administração do Porto de Suape, o prazo para a conclusão desta fase dependerá do encaminhamento, pelo governo, das mudanças previstas na medida provisória 595, que trata da exploração direta e indireta, pela União, de portos e instalações portuárias.

Fonte: Revista O Empreiteiro


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário