Confiança revigorada no mercado imobiliário

Compartilhe esse conteúdo

João Crestana

Globalmente, o pior da crise financeira já passou. E, aqui no Brasil, os efeitos não foram pequenos, mas também não prejudicaram permanentemente a economia nacional, nem o mercado imobiliário.

Números da pesquisa trimestral Secovi do mercado imobiliário evidenciam significativa melhora, ainda que inicial. Em março, foram comercializados 2.162 imóveis novos, contra os 1.556 de fevereiro e os 1.113 de janeiro. Os lançamentos também vêm numa crescente: foram 1.561 novas unidades em março, ante 1.211 de fevereiro e 382 de janeiro.

Em volume de recursos, os resultados são altamente positivos. Conforme balanço da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), de janeiro a abril deste ano os recursos da caderneta de poupança financiaram 78 mil unidades, o correspondente a R$ 8,3 bilhões. A Caixa Econômica Federal, uma das instituições que mais investem em habitação no País, pretende aplicar este ano R$ 30 bilhões em financiamentos, entre recursos da poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Bastante bom para um setor produtivo que despertou dúvidas durante o auge da turbulência econômica!

Esse aquecimento tende a aumentar, principalmente diante das boas perspectivas de produção e comercialização trazidas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. Inteligentemente, esse programa criou subsídios em dinheiro para famílias com renda de até seis salários mínimos e aporte de recursos do Orçamento Geral da União para os de mais baixa renda. Além disso, oferece juros suportáveis e diversos benefícios.

Primeiro passo no processo de contenção do déficit habitacional, o “Minha Casa, Minha Vida” reúne quase todos os ingredientes necessários para a instituição de uma política nacional e perene de habitação. O plano não se esgota nos próximos dois anos, pois, para solucionar a carência de mais de 8 milhões de moradias, serão necessários aproximadamente R$ 350 bilhões de investimentos nos próximos 15 anos.

Esse volume de novos empreendimentos no mercado exigirá soluções criativas na administração condominial e impelirá administradoras a se profissionalizarem ainda mais. Possivelmente, haverá necessidade de subsídios municipais aos condôminos que ganhem menos de três salários. O novo público consumidor tem hábitos e costumes diferenciados. Só para exemplificar, o segmento econômico que é o alvo prioritário do programa “Minha Casa, Minha Vida” movimenta R$ 550 bilhões por ano e detém 71% do consumo nacional, conforme pesquisa do instituto Data Popular.

Com renda familiar de até R$ 3,5 mil, a grande maioria não tem curso superior. Esse contingente apresenta inúmeros analfabetos funcionais que, todavia, sabem exatamente o que querem. Suas referências estéticas e sociais derivam e se alicerçam na cultura popular: alegre, colorida e extravagante. Como se disse por inúmeras vezes, o futuro é popular. E será cheio de cores, boas novidades e, principalmente, soluções habitacionais àqueles que tanto precisam.

João Crestana é presidente do Secovi-SP e da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário