Segundo a ONU, a população mundial chegará a 8,3 bilhões de pessoas até 2025 — um crescimento de 30% em apenas 25 anos. A maior parte desse aumento acontecerá nos países em desenvolvimento, como os da América Latina, África e Ásia. E com o crescimento populacional, vem outro desafio: garantir alimentos, fibras e energia para essa nova realidade.
A explosão da demanda agrícola
Com mais pessoas e maior renda per capita nas regiões em desenvolvimento, o consumo agrícola global tende a crescer em ritmo acelerado. Estimativas da FAO apontam que, entre 2005 e 2025, a produção de cereais e carnes terá que aumentar 42%. Paralelamente, a demanda global por combustíveis líquidos crescerá 55% até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia.
Biocombustíveis: parte da solução
Nesse cenário, o etanol e outros biocombustíveis se tornam alternativas viáveis e sustentáveis. A produção de etanol, por exemplo, emite apenas 11% do CO₂ gerado pelo petróleo. Isso coloca o setor agroenergético como peça-chave no combate às mudanças climáticas e na transição energética.
O Brasil está pronto para liderar
O Brasil é um dos poucos países capazes de atender à crescente demanda mundial por alimentos e biocombustíveis. Em 2008, o país produziu:
- 145 milhões de toneladas de grãos
- 25 bilhões de litros de etanol
- Maior safra de carnes e leite da história
- Produção recorde de florestas plantadas
Com 200 milhões de hectares de pastagens — sendo mais de 90 milhões aptos à agricultura — o país tem potencial para dobrar sua área cultivada sem pressionar novas áreas de floresta nativa. Apenas com recuperação de pastagens degradadas, é possível expandir a produção de grãos e etanol com sustentabilidade.
O que falta para transformar potencial em liderança?
Apesar da força do agronegócio brasileiro, é necessária uma forte articulação público-privada. O país precisa investir em:
- Infraestrutura e logística
- Crédito rural e seguro de renda
- Estabilidade tributária e política agrícola
- Novos mercados internacionais
Com vontade política e coordenação estratégica, o Brasil pode transformar a crise global em oportunidade. O país tem terra, tecnologia e gente preparada. Agora, precisa remover os entraves e assumir seu papel de liderança na segurança alimentar e na transição energética global.
Roberto Rodrigues é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura.