Crise política adia ainda mais a retomada econômica

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O cenário político conturbado é o principal fator que agrava a crise na economia brasileira, prejudicada pelo crescimento abaixo do esperado da China. A avaliação é da diretora de Regulação Econômica da LCA, Cláudia Viegas. Segundo ela, a discussão sobre o mandato da presidente Dilma Rousseff deixa ainda mais difícil esse quadro macroeconômico. “Não ajuda em nada a agenda econômica do País, pois tudo fica mais emperrado ainda”, reforça.

A China está em franca desaceleração, frisa Cláudia. Ela ressalta que, mesmo o ligeiro crescimento dos EUA e Europa não compensa a queda da economia chinesa. “Não vejo, para o Brasil, nenhuma alavanca externa que possa compensar a queda da economia chinesa”, pontua a economista, doutora em Economia pela FEA/USP.

Outro fator que pode influenciar a economia brasileira no curto prazo é a Argentina. Se o novo governo for bem sucedido, no freio de arrumação que imporá à economia vizinha, poderá ganhar mercados do Brasil e ainda atrair fábricas brasileiras para território argentino, o que não favorecerá nossa economia. No clima interno, Cláudia afirma que a equipe econômica é competente, mas “enquanto estivermos nesse impasse político, a economia não reage”.

Em meados de 2015, ela lembra que a expectativa era de que, até outubro, já se teria tido uma saída política para a situação de impasse pela qual atravessa o País. Caso isso acontecesse, argumenta Cláudia, a retomada da confiança dos investidores, e dos investimentos, geraria um movimento de reação já no início de 2016. Porém, o prolongamento da crise política empurra essa expectativa de retomada do crescimento ainda mais para a frente.

“Provavelmente haja alguma sinalização somente a partir do segundo semestre deste ano de 2016 com uma curva positiva se delineando apenas mais para o final do ano” prevê a economista da LCA. Mas ela ressalta a necessidade de se retomar o dia a dia das empresas. “É preciso destravar as agendas, as pautas, sem essa situação paralisante na qual vivemos.”

Com relação às propostas de ajuste fiscal do governo, a economista diz que é preciso focar não só no aumento de arrecadação, mas na diminuição de despesas do Estado. “Não adianta fazer ajustes apenas de um lado”, defende.

Quanto ao esforço arrecadatório do governo, Cláudia salienta para a necessidade de sintonia fina desse processo. “Se o governo aumentar muito a carga tributária, reprime a capacidade produtiva das empresas e, consequentemente, a arrecadação cai, por conta do arrefecimento do ritmo da economia”, analisa. A economista defende ainda a simplificação do sistema tributário.  (José Carlos Videira)

Fonte: Revista O Empreiteiro


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