O momento: Hoje mais de um milhão de pessoas estão contaminadas com o vírus COVID-19, e mais de 4,5 bilhões de pessoas estão recolhidas no afastamento recomendado. Queria agradecer às centenas de milhares de profissionais da saúde, entre eles duas sobrinhas que heroicamente se sujeitam à contaminação, mas que seguem heroicamente trabalhando para salvar vidas. Num recolhimento menos corajoso, em nossas casas, voltamos o olhar para os nossos negócios e responsabilidades. Coloco, mais uma vez as inúmeras preocupações com a elaboração de projetos, o ponto inicial, do sucesso de uma obra. Em MND então, mais ainda.
ÚNICO: Pesquisas em centenas de obras provam que projetos bem planejados conseguem terminar geralmente 3% (três por cento) abaixo do orçamento e prazo de execução, enquanto projetos planejados de forma paupérrima acabam custando em média 13% (treze por cento) mais que o previsto e tendo seu prazo de entrega estendido em mais de 20% (vinte por cento)
(www.pmi.org/learning/library/importance-planning-phase-project-success-6021)
Relatório do CII (Construction Industry Institute) Research Summary 291-1 Version 1.1 (2013)
Projetos de MND para instalação de redes novas ou renovação de redes velhas são similares a outros projetos, são (ou deveriam ser) iguais a outros projetos que envolvem a intervenção no subsolo. Uma vez definidos um traçado teórico, a extensão da rede, o produto a ser transportado, o diâmetro da tubulação, o material, a profundidade partimos para a fase de
PLANEJAMENTO e CONCEPÇÃO
o Investigação na Superfície,
▪ Acesso
▪ Espaço
▪ Interrupção total ou parcial de tráfego
▪ Interrupção de acesso aos serviços públicos essenciais.
o Investigação na Subsuperfície:
▪ Investigação preliminar (visual) de redes enterradas com a utilização de cadastros e visualização das redes (por exemplo, abertura de PVs de Esgotos e Bueiros de Drenagem)
▪ Investigação indireta
▪ Valas de Sondagem
▪ Investigação preliminar de geotecnia
▪ Investigação não invasiva
▪ Investigação invasiva.
o Planejamento de segurança
Uma vez definido e confirmado tecnicamente, deve ser montado um plano de segurança, ou seja, os riscos envolvidos devem estar destacados pelo projetista, e os passos para reduzi-los ou mitigá-los, principalmente desmoronamentos, drenagem, e operações em relação à mão de obra e seu treinamento.
Há muito todos do setor sabemos os riscos de abertura de valas (escoramentos, rebaixamentos de lençol, pedestres, veículos etc.) todos rapidamente resolvidos pelo MND, mas como tudo, há contrapartidas e destacamos as redes existentes, as mudanças de solo (nossas instalações
são lineares), na camada da “feijoada geotécnica” do nosso planeta, cujos acidentes assumem muitas vezes sérias consequências, e fatalidades.
De todos os métodos não destrutivos, apenas dois são absolutamente NÃO DESTRUTIVOS e na renovação não na implantação, que são as inserções CIPP e RIBLOCK, cuja entrada dos revestimentos se faz pelo PV, portanto, todos os demais requerem cuidados extremos que devem ser indicados na fase de projeto.
SÓ PARA LEMBRAR: 70% DO NOSSO PLANETA AMIGO, É ÁGUA, E NÓS ESCAVAMOS NOS OUTROS 30% e EMBAIXO DOS 30% TEM O QUE? ÁGUA.
Nestes dias, num projeto de renovação de uma rede por CIPP, a ocorrência de um veio de água volumoso, atrasou em muito o andamento da obra. A água que está lá há milhões de anos! As sondagens podem até não identificar ou localizar, mas é o mínimo que deveríamos querer saber.
Planejamento do desvio
Ainda que extensivamente planejadas e todas as variáveis conhecidas exploradas exaustivamente, obras de infraestrutura têm “vários patrões” – trânsito, clima, segurança, poluição, só para mencionar alguns, e no subsolo mudanças nos tipos de solos e na presença de interferências não identificadas. Esses riscos, devem levar a empreiteira a novas pesquisas, e se bem feito, utilizar as ATOs (Assistencia Técnica de Obras) junto ao projetista, para evitar paradas que provoquem custos e atrasos exagerados.
Por exemplo em HDD, os desvios podem ser NORTE/SUL ou seja verticais para cima ou abaixo do planejado, LESTE/OESTE, à direita ou esquerda do planejado, e pior pode ser angular, um desvio em relação ao azimute, mas não posso deixar de mencionar, a fixação da perfuratriz, mal feita, vai lá ver o que pode acontecer no traçado. Nessa leitura para as built, o equipamento da Reduct indicou o erro cometido pelo perfurador.
Planos de contingência
▪ Desvios e incidentes vão acontecer seguramente, e na medida em que eles se materializem, a empreiteira deve ter no projeto executivo que elaborou as ações para enfrentamento dos problemas com os menores custos e prazos possíveis.
• Pense em recalques, pense em deformação elástica dos solos (e não precisa ser geólogo para entender o que estou dizendo). Na foto ao lado numa instalação de HDD, rede de gás, o “funil” é um recalque que pode ser evitado (mas tem que calcular e quebrar a cabeça antes – dois minutos talvez), pense no quanto a empreiteira vai ter que dispor para enviar viaturas, máquinas e mão de obra, além do desgaste com o cliente, com a prefeitura local, com a interrupção do trânsito para o reparo e tudo o mais, contra o custo de um cálculo e um procedimento, bem lógico imaginando que havia boas informações geotécnicas.
Se o teu Alvará de Construção é para construir o que está na foto à esquerda, e você constrói o que está na foto à direita, você não chega na primeira fieira de tijolos e a obra é embargada.
Agora já no subsolo a coisa muda um pouco e está ligada ao fato de que nosso cérebro não registra o que não vê. Num alvará de redes enterradas, a imagem que o pessoal imagina é esta à esquerda, mas a entrega final, é a que se vê abaixo.
As redes deveriam todas instaladas direitinho no subsolo dessa beleza de cidade, moderníssima, e embaixo dela, o que acabamos instalando é o que se vê quando se precisa intervir no subsolo.
Sérgio A. Palazzo, é engenheiro mecânico, de produção e em fase final de conclusão da Pós Graduação de Saneamento Básico e Ambiental. Diretor da ABRATT da qual foi fundador e é Past Presidente, tendo também atuado por sete anos no Board da ISTT Associação Internacional de Métodos não Destrutivos