Há um desequilíbrio flagrante entre a campanha da presidente e a campanha dos outros dois candidatos. Se o desequilíbrio fosse causado por uma dose maior de conteúdo do ponto de vista de idéias, a situação seria outra. Mas ele é provocado tão-somente pelo peso maior que a investidura presidencial proporciona.
Vira e mexe e ela está sobrevoando ou andando em obras. E os anúncios correspondentes não trazem à luz a realidade dos cronogramas. Invariavelmente os canteiros servem como pano de fundo. Hoje, a presidente está na transposição; amanhã, em uma hidrelétrica; no dia seguinte, numa obra do programa habitacional. Não importa o estágio; não importam, as adversidades que imobilizaram os serviços. O importante é utilizar aquilo como cenário. E haja viagens para um lado e outro do País, sem uma explicação precisa de quanto custam esses deslocamentos, que teoricamente estariam sendo custeados por verba de campanha. Mas, pode isso? Ser presidente é ter e manter cacife para todas as coisas, no caso, para provocar esse desequilíbrio entre a campanha de quem está no poder e a campanha de quem se contorce para alcançá-lo um dia?
E os cenários? Imagino o quanto de utilidade eles teriam se refletissem, no todo ou em parte, a realidade da infraestrutura brasileira. A população observaria esses deslocamentos com maior credulidade, se eles não estivessem marcados apenas como cenários. E, se a presidente decidisse, de repente, mostrar à população a realidade sem retoques? Imagino que a realidade lhe proporcionaria mais pontos do que a ficção desenhada pelo marketing.
Da maneira como as coisas estão indo, há, nessa campanha dois pesos e diferentes medidas. O povo se apercebe disso e vai comparar. A realidade desmonta qualquer cenário.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira