Nildo Carlos Oliveira
Até os menos informados sabem que vários dos estádios construídos para a Copa se transformarão, depois que ela passar, em elefantes brancos. Está visível, o destino deles. Não terão público suficiente durante jogos regionais e locais, nem atividades permanentes para que possam se manter.
E, no entanto, contra tudo e contra todos, foram construídos. Até mesmo aqueles projetados segundo uma arquitetura que deveria ser preservada como identidade local, que conferiu ao conjunto o valor de uma referência histórica, acabaram destruídos para dar espaço à arena (o nome é ilustrativo) concebida segundo as exigências internacionais da Fifa.
Em vários casos se tentou amenizar o impacto da destruição sob o argumento de que os fragmentos de concreto seriam reaproveitados nas novas arenas. Mas vários dos materiais locais foram substituídos por materiais de importação, o que as encareceu para além da conta. A arena amazônica não deverá custar menos que R$ 600 milhões.
Mas tentaram dourar a pílula com outras argumentações. Disseram que os modernos “ícones” de concreto, com cobertura à base de tecnologia buscada lá fora, estimulariam o desenvolvimento de nossa engenharia e – a razão mais forte – puxariam os investimentos para melhorar a mobilidade urbana.
Hoje está evidente que muitas das obras de mobilidade ficarão inconclusas. E que os estádios modernos apenas estão consumindo recursos que poderiam ter uma finalidade melhor se aplicados, por exemplo, na implantação ou ampliação dos sistemas de transportes, saneamento, habitação e educação.
Eles estão caros e mais caros ainda ficarão na medida em que não se justifiquem. E já se aponta que alguns, para não resultarem inúteis, poderão ter outras serventias: substituir cadeias ou serem adaptados para salas de aula, postos de saúde etc. A sociedade pagará a lambança.
A arte milenar de Getsusen
Continuará aberta ao público, de segunda à sexta-feira, no período das 9 às 17 horas, no espaço cultural do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, na rua Rosa e Silva, 60, até o dia 4 de outubro, a exposição A Arte milenar de Getsusen. São telas do artista plástico Getsusen Kobayashi, nascido em 1935 no Japão e que chegou ao Brasil em 1963. Flora, fauna, rios e rochas são elementos distintivos de seu trabalho. Ele é membro da Associação Kokuji, no Japão, que reúne artistas em ideogramas entalhadas em madeira. Várias vezes premiado no Brasil e no Japão, sua obra A arte milenar de Getsusen já foi editada pelo Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira