Eletronuclear adota reformas estratégicas para acelerar Angra 3

Eletronuclear adota reformas estratégicas para acelerar Angra 3

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A Eletronuclear anunciou uma série de medidas estratégicas para fortalecer a gestão e garantir a continuidade da construção da usina nuclear Angra 3. As ações, que incluem a revisão do organograma da empresa, redução de despesas operacionais e a implementação de um plano de demissão voluntária, fazem parte de um esforço para potencializar a estrutura e assegurar a sustentabilidade financeira do projeto.

De acordo com a empresa, a principal medida adotada foi a reestruturação organizacional da Eletronuclear, que entrará em vigor em abril de 2025. A reformulação reduzirá os níveis hierárquicos da empresa e eliminará 43 cargos de chefia, resultando em uma economia anual estimada em R$3 milhões.

A nova estrutura, ainda de acordo com a Eletronuclear, tem o objetivo de dar maior agilidade na tomada de decisões, além de melhorar a produtividade e a comunicação interna, aspectos essenciais para o andamento de Angra 3. “Essa reformulação organizacional permite um modelo mais enxuto e eficiente, alinhado às boas práticas do setor, sem comprometer a segurança e a qualidade dos serviços prestados”, afirma Raul Lycurgo, presidente da Eletronuclear.

Outro ponto importante das medidas é a redução de gastos com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO). Segundo Lycurgo, a Eletronuclear teve um gasto superior ao permitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos últimos anos, o que gerou um déficit significativo.

Com a racionalização de despesas já implementada, a empresa reduziu o orçamento para 2024 de R$2,4 bilhões para R$1,9 bilhão, e trabalha para equilibrar os custos até 2026. “A redução do PMSO é essencial para garantir a viabilidade econômica da Eletronuclear e a continuidade de projetos estratégicos, como Angra 3. Desse modo, a referida mudança no organograma se faz necessária”, destaca Lycurgo.

Além disso, a Eletronuclear decidiu implementar uma taxa para manutenção das vilas residenciais de seus funcionários, que cobrirá custos como limpeza, água, luz e IPTU. Essa medida foi necessária para garantir a sustentabilidade financeira da empresa e não estava prevista nos concursos públicos realizados.

A empresa também revisou seu Plano de Negócios e Gestão (PNG) para o período de 2025 a 2029, focando na segurança, confiabilidade e eficiência operacional. O planejamento inclui a extensão da vida útil das usinas Angra 1 e 2 e a continuidade das obras de Angra 3, que tem previsão de entrar em operação até 2031. “Nosso planejamento estratégico reflete o compromisso com a melhoria contínua da gestão e a busca por uma operação cada vez mais confiável”, afirma o presidente.

Lycurgo avalia que uma eventual decisão de desistir de concluir as obras da usina nuclear de Angra 3 seria ruim, péssima e catastrófica. ” A decisão mais sábia para o Brasil é concluir Angra 3. Estudos da Fundação Getúlio Vargas demonstram que cada R$1 bilhão investido no setor nuclear adiciona R$2 bilhões ao PIB nacional e gera mais de 22 mil empregos diretos e indiretos​. No auge da obra, serão cerca de 7 mil empregos diretos, além de milhares de postos indiretos, fortalecendo a economia regional e nacional. Além do impacto econômico, Angra 3 terá uma potência de 1.405 megawatts, sendo capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais de energia limpa e confiável. Isso reduz a dependência de outras fontes térmicas, que são mais caras e poluentes. A tarifa da usina, estimada em R$653,31 pelo BNDES, é mais competitiva que as térmicas que o país frequentemente precisa acionar. Além disso, sua proximidade com os principais centros de consumo diminui as perdas na transmissão, trazendo mais eficiência ao sistema. O custo para desistir da obra, cerca de R$21 bilhões, é praticamente o mesmo de sua conclusão, pouco mais de R$23 bilhões, mas sem qualquer benefício para o país. Seguir com o projeto significa geração de empregos, segurança energética e desenvolvimento para o Brasil”, completa o executivo.

O que acontece com Angra 3?

● Iniciada em 1981, a construção de Angra 3 teve algumas paralisações. As obras pararam de vez em 2015 e desde então não houve avanço significativo;

● Entre os motivos da paralisação estão os altos custos da obra e também os escândalos de corrupção nos contratos do passado;

● Para não perder os 66% de obras já concluídos, é necessário fazer a manutenção periódica de tudo, incluindo equipamentos já comprados e que ficam em galpões ao redor da usina;

● Um levantamento do BNDES apontou que para concluir a obra serão necessários R$ 23 bilhões. Se o governo desistir, o custo de arcar com tudo será de R$ 21 bilhões;

● Em dezembro, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) adiou a decisão sobre a retomada da obra. A discussão para definir o futuro de Angra 3 deve ser retomado em um novo encontro ainda neste mês;

● Se for retomada, a previsão é que a obra termine em 2031.

Um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentado em grupo de trabalho sobre Angra 3 concluiu que a construção da usina evita custos elevados do abandono do projeto, ajuda a moderar custos sistêmicos e provê segurança energética e confiabilidade ao sistema. O parecer dá sinal favorável à construção e a decisão está nas mãos do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Afirma também que o empreendimento contribui para aumentar a descarbonização e a resiliência climática da matriz energética nacional. “Ademais, a construção de Angra 3 evita arrependimentos futuros associados à perda do domínio tecnológico e à desmobilização da cadeia de fornecedores de bens e serviços no Brasil”, disse a EPE.


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