Todo dia é dia de noticiário sobre denúncias de corrupção. Hoje, divulga-se que o Tribunal de Contas da União (TCU), encontrou indícios de fraude na execução de obras da transposição do rio São Francisco. Ontem e anteontem, Campinas continuava nas manchetes. E, de vários dias para cá, era o Palocci, aquele cidadão responsabilizado pelo caso Francenildo, que não deixava as notícias principais, nem as principais matérias dos comentaristas políticos.
E o povo, como fica? Literalmente, não fica. Não há mais espanto. A indignação possível murchou. Nesse processo de anestesia generalizada, o cidadão, e lastimavelmente a juventude, parece preferir mil vezes marchar na Paulista contra qualquer outra coisa, do que erguer um dedo indignado contra a corrupção.
Por acaso, em minhas leituras de Thomas Bernhard, em Origem, uma análise que bate com todas as análises que têm sido feitas para manter a sociedade anestesiada. Eis o que ele diz: "… os governos estão sempre, em todos os casos, em todos os países, e em todo tipo de Estado, interessados em que sua sociedade não seja esclarecida, porque se a esclarecerem seriam logo aniquilados pela sociedade que esclareceram; durante séculos a sociedade jamais foi esclarecida, e muitos séculos se passarão sem que ela o seja…"
Tem razão o escritor, essa testemunha da história. Tudo é feito, manipulado, em todas as áreas, em todas as instâncias, todos os dias, para o emburrecimento da sociedade.
Fonte: Estadão