Empresa escreve 75 anos de história e de engenharia

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Há 75 anos a Mascarenhas Barbosa Roscoe era constituída. Dois engenheirosrecém-formados, Antônio Mascarenhas Barbosa e João Roscoe, registraram-na, no dia 9 de abril de 1934, na Junta Comercial de Minas Gerais, com o número 14513. Ela nascia, com investimento inicial de 15 contos de reis (moeda da época), no porão da casa de João Roscoe, para depois se transformar em uma das principais empresas de engenharia do País.
No começo daquela década desenhava-se o cenário do que mais tarde os historiadores viriam a chamar de "Era Vargas". No dia 3 de novembro de 1930 Getúlio assumia a presidência de um governo provisório e, em 1934, tornava-se presidente constitucional, através de voto indireto. Nesse mesmo ano Juscelino Kubitschek era eleito deputado federal por Minas Gerais, iniciando uma trajetória política marcada por uma visão visionariamente otimista e desenvolvimentista.
Outros dados marcantes daquela fase das atividades iniciais da Mascarenhas Barbosa Roscoe: saía nas livrarias, em edição ainda acanhada, o livro "Emília no País da Gramática", de Monteiro Lobato. A Sociedade Mineira de Engenheiros, fundada em 1931, começava um amplo esforço para agregar a categoria no Estado; em Belo Horizonte, o chique mesmo era ir ao Cine Theatro Brasil, uma das maiores salas de exibição da cidade – e até da América Latina – com fachada art décó. O prédio era então considerado um exemplo de boa arquitetura.
À época, o Automóvel Clube já funcionava em prédio próprio. Projetado pelo arquiteto Luís Signorelli e construído na avenida Afonso Pena, defronte do Parque Municipal, era ponto de encontro de tradicionais famílias mineiras, para jantares e recepções. A propósito, foi nesse edifício, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Arquitetônico e Artístico de Minas Gerais (Iepha- MG), que a Mascarenhas realizou almoço com a imprensa, o primeiro dos atos comemorativos do 75º aniversário de sua fundação.
Naqueles anos Belo Horizonte possuía 200 mil habitantes. Tinha um ar provincianamente acolhedor, embora já ensaiasse algum crescimento vertical. Em 1935 ganhou o primeiro arranha-céu: o Edifício Ibaté, de dez andares, construído na esquina da rua São Paulo com a avenida Afonso Pena.
A Mascarenhas, que vinha realizando pequenas obras, venceria, em 1936, conforme a documentação histórica da empresa, a sua primeira concorrência pública: iria construir o Hospital Colônia São Francisco de Assis, na cidade de Bambuí, no oeste mineiro, aos pés da Serra da Canastra. Com esse empreendimento, ela passaria a adotar um princípio que define o padrão de suas realizações, até hoje: serviço de qualidade e preço competitivo.
Os documentos da empresa explicam: a qualidade estava nos propósitos dos engenheiros que fundaram a construtora. Já o preço competitivo era resultado do seguinte: ela procurou fabricar ou manter em canteiro praticamente todo o material necessário para a obra, tais como tijolos, telhas, caixão de porta, esquadrias.
Várias obras marcariam a evolução da empresa dali em diante. Contribuiu muito para isso o cenário desenvolvimentista que JK, então prefeito de Belo Horizonte, começava a desenhar. Haja vista, o exemplo que ficaria imortalizado na história da metrópole: o conjunto arquitetônico da Pampulha, criado por Oscar Niemeyer, com a colaboração do pintor Cândido Portinari e pelo paisagista Burle Marx.
Em 1941 a Mascarenhas venceria a con
corrência para realizar uma obra da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira: era um sistema de canalização em concreto armado para a drenagem das águas pluviais da usina de João Monlevade. Estava deflagrado o processo para que ela continuasse a desenvolver obras para a siderúrgica, paralelamente a outros empreendimentos que incluíam hospitais, hotéis, escolas, clubes e reservatórios.
As gestões internacionais para o ingresso do Brasil na 2ª Guerra Mundial, contra o nazi-fascismo, ao lado dos aliados, acabaram contribuindo para incrementar a industrialização do País. E, dentre as empresas que participaram do processo, na montagem da infraestrutura em favor da industrialização, estava a Mascarenhas Barbosa Roscoe.

A TRAJETÓRIA A PARTIR DOS ANOS 1950

Uma das obras que nos anos 1950 vincaria a engenharia da empresa foi a construção, em João Monlçevade, do teleférico da Belgo. Com 52 quilômetros de extensão, ele se projeta sobre três municípios – Nova Era, São Domingos do Prata e Dionísio – e transpõe região acidentada, cujos acessos eram muito difíceis, quase impraticáveis, a não ser por tropas de alimárias, que ultrapassavam lagos, córregos, penhascos. Havia trechos em que o teleférico precisou ser instalado a altura de até 914 m. Coube a Mascarenhas concretar as bases do teleférico, montar as torres e subestações e instalar as linhas do cabo aéreo. O equipamento era essencial ao transporte do carvão extraído pela siderúrgica. Ele chegou a transportar 50 t/hora do material.
Um da

do curioso: em 1962 a empresa resolveu mudar. E se transformou em sociedade anônima, com oito acionistas. Apesar disso, decidiu permanecer com o capital fechado, sem ações na Bolsa de Valores. Virou uma S/A, sem abrir mão de seu método de atendimento e da maneira de trabalhar, conservando antigos clientes e conquistando novos.
No período imediatamente anterior ao golpe militar de 1964, ela construiria obras marcantes: o Mercado de Emergência, na avenida Amazonas; os serviços de drenagem, canalizações, bases de tubulações e melhoramentos gerais da infra-estrutura da Refinaria Gabriel Passos (Regap) em Betim, estabelecendo os vínculos de colaboração com a Petrobras; executou vários projetos em Brasília e construiu o viaduto da Prainha, de 158 m de extensão, um dos principais da Ferrovia do Aço. Ela encerraria. os anos 60 com uma obra vital para a cidade de Uberlândia: a estação de captação do rio Uberabinha, com capacidade para 750 l/s. Essa obra seria inaugurada em agosto de 1970.
E então se chegou àquela fase do chamado "milagre brasileiro". Foi um período marcado por vários empreendimentos. Além de obras civis muito importantes, como a rede de dutos subterrânea em Belo Horizonte, ela ampliaria a sua experiência em serviços de construção de plantas siderúrgicas. Uma dessas obras foi a usina de pelotização de Ubu/ES para a Samarco, quando montou uma usina de concreto com capacidade para 50 m³/h, a fim de atender tanto a construção de pelotização, quanto a estrutura dos prédios de oficina e do almoxarifado.
Outras obras no período: estruturas da ina do Projeto Águas Claras; construção das instalações da montadora Fiat em Betim; obras viárias, incluindo viadutos e passagens de nível em Taguatinga e Guará, em Brasília.
Fechado o ciclo dos governos militares, vieram os anos de aquisição de ampla experiência, com a crise ocasionada pela escassez de obras. Mas em 1980 ela firmou parceria com a Companhia Siderúrgica de Tubarão, para a qual realizou diversas obras, incluindo reservatório, ampliação da área de oxigênio e acetileno, pavimentação. Anos mais tarde teria uma participação importante na construção do metrô de Belo Horizonte.
Nessa época fixaria o nome em obras paraaimplantação do complexo industrial de Albrás, em Barcarena, no Pará, mas sem deixar de cuidar de construções no Estado de origem, como obras em diversos locais de Minas, incluindo as usinas em Ipatinga.
Nos anos 1990, o engenheiro João Roscoe, que havia continuado na empresa após o falecimento de Antônio Mascarenhas Barbosa, resolveu retirar seu capital da MBR, que passou a ser dirigida por Lucas Viana Gonzaga. Em julho de 1994, o controle acionário e a presidência da empresa passam às mãos do engenheiro Luiz Gonzaga Quirino Tannus, que convidou o engenheiro Luiz Fernando Pires para a diretoria executiva.
Luiz Fernando acaba assumindo o controle acionário e a presidência da empresa em setembro de 1990. Ele iniciaria outro ciclo de evolução da engenharia e das obras da Mascarenhas.

UM NOVO CICLO

Datam, desse novo período, importantes obras, sobretudo plantas industriais:

  • As obras civis do transportador de minérios da mina da Mutuca ao terminal ferroviário para a Mineração Brasileiras Reunidas.
  • As obras civis de um novo laminador para a Belgo Mineira em João Monlevade.
  • Os contratos para as obras da Fiat (novas prensas e galpões de pintura para ó automóvel da série Palio;
  • As obras das redes de água e efluentes da nova fábrica da Brahma em Campo Grande – RJ.
  • A usina hidrelétrica de Mello, no Sul de Minas Gerais.
  • Outra fábrica da Fairway em Alfenas-MG.
  • Nova fábrica de cimento para a Lafarge (mais de 27 mil m²), em Arcos-MG.
  • As obras para aumento da capacidade de produção da MRN em Porto Trombetas – PA;
  • As obras da Galvasud em Porto Real-RJ;
  • As obras civis da 3ª Pelotização da Samarco, em Germanos, entre os municípios de Mariana e Ouro Preto-MG – e várias outras obras.

A Mascarenhas tem sido parceira da Samarco desde 1975. Em Germano executou serviços de terraplenagem, drenagem industrial, pavimentação e urbanização, fundações e superestruturas de grande porte, além de estruturas que utilizaram peças pré-moldadas.

Fonte: Estadão


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