Luiz Fernando Santos Reis*
Osetor da construção pesada no Brasil começou a sentir o gosto da retomada com o atual governo, depois de décadas de retração. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou imensa vontade política em contribuir com o crescimento nacional, através da criação dos Programas de Aceleração do Crescimento (PACs), em 2008 e em 2010. O PAC foi o mais bem estruturado programa de investimentos na área da infraestrutura proposto nos últimos 20 anos, pois provocou o retorno de grandes empreendimentos, permitindo ao Brasil alcançar um novo patamar de desenvolvimento.
São inúmeras as obras em execução atualmente, espalhadas por todas as regiões do País. As UHE de Santo Antônio, Jirau e Estreito, em operação, e Belo Monte, a ser iniciada; as termoelétricas de grande porte; o maior programa de investimentos já realizado no segmento rodoviário com destaque para a duplicação da BR 101; a concessão de novos trechos da malha rodoviária federal para exploração pela iniciativa privada; a ampliação dos portos de Pecém, Suape e Rio Grande; e a execução da ferrovia Transnordestina, são alguns exemplos. Também está dentro do Programa a transposição do Rio São Francisco, que há 15 anos aguardava para sair do papel. Além dos investimentos de grande porte em execução no setor petrolífero, como a construção de novas refinarias, e a ampliação e modernização das existentes, gasodutos, plataformas e navios, pela Petrobras.
O posicionamento do governo tem sido importantíssimo, quando exige relevante participação de componente nacional nos grandes projetos, o que faz com que a indústria brasileira ocupe um novo patamar de desenvolvimento neste cenário.
Apesar de todos os esforços, este importante trabalho de fomentação do desenvolvimento do País através da construção pesada é ameaçado pelos gargalos aos quais estão submetidos os projetos. As obras gerenciadas pelos governo federal e pelos governos estaduais, na sua maioria, não conseguem seguir o ritmo e o cronograma pre-estabelecidos.
Problemas na fase de elaboração de editais, fruto da falta ou da qualidade dos projetos, de emprego de tabelas de preços referenciais inadequadas e da má formatação de contratos, são entraves que preocupam. Somados a estes, estão velhos conhecidos como falta de estrutura da máquina pública, os devaneios ambientais e o alto nível de burocracia dos órgãos controladores, como os TCU`s, AGU`s e Ministério Público, entre outros.
As eleições presidenciais que acontecerão em outubro deste ano, independente do resultado, não podem representar mais um impasse para o crescimento do Brasil. Cabe às empresas da área de infraestrutura, protagonistas deste capítulo da história nacional, e à população, agente diretamente afetado, a cobrança de continuidade dos projetos em andamento e daqueles já aprovados.
Aos políticos eleitos fica o dever de manutenção e ampliação dos investimentos e das execuções desses programas. Sem esta consciência, e concordância, o Brasil voltará ao temível patamar de estagnação da década de 80, e certamente perderá a grande oportunidade, com a melhora da infraestrutura, de obter maior desenvolvimento através do crescimento industrial e da melhoria das condições de vida da população.
*Luiz Fernando Santos Reis é presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon)
Fonte: Estadão