Linhão Tucuruí: LT de 1.800 km avança e promete reduzir apagões no Norte

Linhão Tucuruí: LT de 1.800 km avança e promete reduzir apagões no Norte

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A integração completa da região Norte do Brasil ao Sistema Interligado Nacional (SIN) registrou um avanço decisivo para a infraestrutura energética do país com a inauguração do Linhão de Tucuruí, ocorrida em setembro de 2025. Com mais de 1.800 quilômetros de extensão, o projeto responde a décadas de instabilidades no fornecimento de energia, beneficiando especialmente os estados de Roraima e Amapá e ampliando a segurança energética da Amazônia.

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, localizada no Pará, é um dos maiores empreendimentos de geração de energia do Brasil, com capacidade instalada de 8.370 MW. Historicamente, a produção da usina abasteceu principalmente as regiões Sudeste e Nordeste, deixando o potencial energético do Norte subutilizado. A entrada em operação do Linhão busca transformar esse cenário ao permitir o aproveitamento pleno da energia gerada, garantindo maior estabilidade ao sistema elétrico da região.

Desafios técnicos e ambientais marcaram a construção

A construção do Linhão de Tucuruí foi marcada por desafios técnicos e ambientais relevantes, especialmente no trecho sob responsabilidade do Consórcio Manaus Transmissora de Energia. Para viabilizar a travessia de grandes rios e áreas de floresta densa, foram adotadas soluções inovadoras, como:

  • Utilização de helicópteros para a instalação de torres em áreas de difícil acesso;
  • Construção de torres especiais para a travessia do Rio Amazonas;
  • Instalação de cabos de fibra óptica, fortalecendo a infraestrutura de telecomunicações.

Essas soluções permitiram minimizar impactos ambientais e viabilizar a execução da obra em regiões de alta complexidade logística.

Roraima e Amapá reduzem riscos energéticos históricos

Atualmente, Roraima é o único estado brasileiro fora do Sistema Interligado Nacional, dependendo desde 2019 de usinas termelétricas a diesel, o que resulta em altos custos e impactos ambientais. O Amapá, por sua vez, enfrentou apagões graves devido à ausência de uma interligação confiável.

Com a conclusão do Linhão de Tucuruí, a expectativa é reduzir significativamente esses riscos, ampliar a oferta de energia limpa e barata e impulsionar o desenvolvimento econômico e social das regiões beneficiadas.

Características técnicas do Linhão de Tucuruí

  • Origem: Usina Hidrelétrica de Tucuruí (PA);
  • Destinos principais:
  • Ramificação Leste até Macapá (AP);
  • Ramificação Oeste até Manaus (AM);
  • Extensão: cerca de 1.800 km (projeto original);
  • Trecho adicional Manaus–Boa Vista (RR): aproximadamente 724 km;
  • Tensão elétrica: 500 kV no trecho principal;
  • Capacidade de transmissão: cerca de 2.400 MW;
  • Número de torres: previsão de 1.390 torres nos estados do Pará, Amazonas e Roraima;
  • Torres de destaque: Torres 238 e 241, às margens do Rio Amazonas, com cerca de 300 metros de altura;
  • Investimento total: aproximadamente R$ 3,3 bilhões;
  • Operador: Transnorte Energia (TNE), consórcio formado por Axia Energia e Alupar;
  • Operação comercial: trecho Manaus–Boa Vista autorizado desde 16 de setembro de 2025.

Impactos socioambientais e compensações

O traçado do Linhão atravessa 122 quilômetros da Terra Indígena Waimiri Atroari, o que exigiu a celebração de acordo de compensação socioambiental. O projeto considerou a necessidade de desmatamento pontual para instalação das torres e os impactos sobre rotas tradicionais indígenas, buscando mitigar efeitos ambientais e sociais.

Integração de Roraima ao SIN é marco histórico

A entrega da Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista representa um marco para o setor elétrico brasileiro. Segundo Ivan Monteiro, presidente da Axia Energia, o empreendimento reafirma a capacidade da companhia e de seus parceiros em executar projetos de alta complexidade técnica, logística, ambiental e social.

Já Paulo Godoy, presidente da Alupar, destaca que a interligação de Roraima ao SIN amplia a segurança energética, promove inclusão e impulsiona o desenvolvimento sustentável do estado.

Reequilíbrio econômico-financeiro garantiu viabilidade

De acordo com a Alupar, a conclusão do projeto envolveu um reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, em razão do longo período de paralisação das obras. A Receita Anual Permitida (RAP) foi revisada para R$ 561,7 milhões, e o prazo da concessão foi ampliado de 17 para 27 anos, garantindo a viabilidade do empreendimento e modicidade tarifária ao consumidor.

O projeto contou ainda com financiamentos expressivos:

  • R$ 800 milhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO);
  • R$ 1,7 bilhão do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), com repasse inédito realizado pela CAIXA.

Tucuruí atinge conectividade total com tecnologia Wi-Fi 6E

No início de 2025, a Axia Energia concluiu um amplo projeto de modernização da conectividade da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, com investimento de R$ 30 milhões. Em apenas três meses, 50 profissionais especializados implantaram infraestrutura que tornou a usina 100% conectada, utilizando tecnologia Wi-Fi 6E.

Foram instalados cerca de 450 pontos de acesso em áreas estratégicas, como casa de força, galerias subterrâneas, vertedouro, barragem e pátios operacionais. O link de comunicação foi ampliado de 1 Gbps para 10 Gbps, eliminando falhas e gargalos.

Digitalização impulsiona eficiência operacional

A conectividade total viabiliza a coleta e análise de dados de sensoriamento de ativos, impulsionando o uso de inteligência artificial, analytics e sensores IoT industriais. Segundo Julio Dantas, vice-presidente de Inovação, P&D, Digital e TI da Axia Energia, especialistas poderão acompanhar inspeções em tempo real, mesmo em áreas localizadas até 30 metros abaixo do nível do mar.

Modernização da Usina Paulo Afonso II

A Axia Energia também concluiu, no primeiro semestre de 2025, a modernização de duas unidades geradoras da Usina Paulo Afonso II, na Bahia, com investimentos de aproximadamente R$ 80 milhões. As obras envolveram as unidades G8 e G9, iniciadas em 2022, garantindo 76 MW de disponibilidade operacional e maior confiabilidade ao sistema.

A modernização incluiu a substituição de rotores e componentes das turbinas Francis, melhorias nos sistemas mecânicos e elétricos auxiliares e revisões nas seis comportas e sistemas hidráulicos de acionamento.

A Usina Hidrelétrica Paulo Afonso II, construída na década de 1960, integra o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, no Rio São Francisco. A unidade conta com seis unidades geradoras, que somam 443 MW de capacidade instalada.

A modernização dessas unidades representa um avanço relevante em eficiência energética e segurança operacional, além de ampliar a confiabilidade do sistema. O projeto integra o maior pacote de investimentos em modernização das usinas do Rio São Francisco, com aportes previstos superiores a R$ 2 bilhões até 2034.

“Seguimos avançando na modernização do Complexo do São Francisco, garantindo que nossa matriz hidrelétrica continue sendo um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável do país”, afirma Tony Ulysses, diretor de Operação e Manutenção da Axia Energia.

Parque Eólico Coxilha Negra atinge capacidade total no Rio Grande do Sul

Instalado em Sant’Ana do Livramento (RS), o Parque Eólico Coxilha Negra entrou em funcionamento em 18 de julho de 2024, impulsionando a economia local e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população.

Em 9 de julho de 2025, a Axia Energia inaugurou a Escola Municipal de Ensino Fundamental Espinilho, como parte dos seus programas sociais na região.

Com 72 aerogeradores e capacidade instalada de 302,4 MW, o parque é capaz de atender mais de 1,5 milhão de consumidores. O investimento total no empreendimento foi de R$ 2,4 bilhões.

O primeiro trimestre de 2025 marcou a conclusão das obras e a operação completa do parque, incluindo o funcionamento em teste dos últimos aerogeradores implantados.

Principais informações do Parque Eólico Coxilha Negra

  • Início da operação comercial: julho de 2024
  • Capacidade instalada: 302,4 MW
  • Número de aerogeradores: 72 unidades
  • Altura dos aerogeradores: 125 metros
  • Potência por unidade: 4,2 MW
  • Fabricante: WEG (Brasil)
  • Área ocupada: aproximadamente 8.644 hectares
  • Investimento total: cerca de R$ 2,4 bilhões

Estrutura do complexo

  • Coxilha Negra 2: 24 aerogeradores – 100,8 MW
  • Coxilha Negra 3: 25 aerogeradores – 105,0 MW
  • Coxilha Negra 4: 23 aerogeradores – 96,6 MW

Sistema de transmissão

O sistema inclui duas linhas de transmissão, com 31,8 km e 5,4 km, duas subestações coletoras exclusivas (280 MVA e 140 MVA) e a ampliação de uma subestação existente, garantindo a conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

A comercialização da energia ocorre no Ambiente de Contratação Livre (ACL), o Mercado Livre de Energia.

Impacto socioeconômico e ambiental do Parque Eólico Coxilha Negra

Durante a fase de implantação, o projeto gerou mais de 1.300 empregos diretos. Além disso, foram executadas diversas ações voltadas ao desenvolvimento local e à preservação ambiental.

Ações sociais

  • Perfuração de poços artesianos
  • Instalação de reservatórios de água potável
  • Reforma de uma escola existente
  • Construção de uma nova unidade escolar

Programas ambientais

Foram investidos R$ 11 milhões em 25 programas ambientais e sociais, incluindo:

  • Educação ambiental
  • Preservação do ecossistema local
  • Fortalecimento da infraestrutura rural

Obras do Parque Eólico Casa Nova B serão concluídas em 2026

O Parque Eólico Casa Nova B (ECNB) representa a retomada de um empreendimento cujas obras foram paralisadas em 2014, em função da recuperação judicial da empresa originalmente contratada.

Com investimento aprovado de R$ 150,7 milhões, o parque conta com 18 aerogeradores de 1,5 MW, totalizando 27 MW de potência instalada. Quando a obra foi interrompida, o avanço físico era de 60%, com acessos, fundações, plataformas, torres de concreto e geradores já executados.

Etapas restantes para a conclusão do projeto

Ainda eram necessárias:

  • Implantação da Rede de Média Tensão (RMT)
  • Entrada de Linha (EL) na subestação coletora
  • Fornecimento e instalação de pás, hubs, conversores e cabeamento interno
  • Conclusão de plataformas
  • Recuperação dos transformadores

A estratégia inicial de contratação de uma única empresa foi descartada, levando à necessidade de múltiplas contratações especializadas.

Empresas envolvidas na retomada do projeto

  • Aquisição de pás: leilão da RBF (2021)
  • Transporte das pás: Cordeiro Transportes
  • Recondicionamento das pás: Gwind e Megawind
  • Despachante aduaneiro: Ftrade
  • Recuperação de transformadores: Solar America
  • RMT/EL: ESE Engenharia
  • Fornecimento de hubs, conversores, cabeamentos e plataformas: Goldwind
  • Serviços de içamento: IV Guindastes

Os contratos de aquisição, transporte, recondicionamento, despacho aduaneiro e recuperação de transformadores já foram concluídos. Os demais seguem em execução.

Desafios técnicos e status atual

O maior desafio do projeto é a integração das atividades entre as empresas contratadas, além de imprevistos técnicos, como a necessidade de recondicionamento adicional das pás. Após negociações sem acordo com o primeiro fornecedor, a Axia Energia encontrou um novo parceiro com menor custo e prazo reduzido.

Atualmente, o avanço físico do Parque Eólico Casa Nova B é de 76,6%, com previsão de conclusão em julho de 2026.


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