Um Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, que já inicia com R$ 27 bilhões, e a aliança entre as maiores economias do mundo, resultaram um saldo positivo das reuniões na programação do G20 em São Paulo. Foram dois eventos diferentes, que iniciaram com a 2ª Reunião de Vice-ministros de Finanças e Bancos Centrais, realizada na segunda e terça-feira, dias 26 e 27, e a Reunião Ministerial da Trilha de Finanças, que aconteceu nesta quarta e quinta-feira, 28 e 29, ambas no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera.
Logo na primeira agenda, na terça-feira, dia 26, o governo anunciou o Eco Invest Brasil – Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, que por meio da cooperação internacional, vai destinar R$ 27 bilhões para impulsionar investimentos privados para projetos de transição sustentável. A cooperação tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país e oferecer soluções de proteção cambial, para que os riscos associados à volatilidade do câmbio sejam minorados e não atrapalhem esses investimentos tão cruciais para a transformação ecológica brasileira.
O secretário do Tesouro Nacional (STN), Rogério Ceron, disse que a transição para a economia de baixo carbono é uma necessidade mundial, e o momento é crucial e favorável ao Brasil. “80% da nossa matriz energética já é limpa, isso faz com que o país tenha um diferencial competitivo muito significativo e, a partir disso, possa desenvolver toda uma economia.
Precisamos imediatamente aproveitar essa janela para não perder essa oportunidade histórica que o Brasil, felizmente, tem a oportunidade de ter”, salientou o secretário.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), pontuou que o momento do debate é especialmente importante pois os países-membros do G20 detém 80% dos recursos financeiros e tecnológicos de qualidade no mundo, ao ponto que também respondem a quase 80% das emissões de CO² (dióxido de carbono), atualmente, aproximadamente 31 bilhões de toneladas. “O desafio da transformação ecológica que o Brasil e o mundo precisam não acontecerá se tivermos apenas o polo dos investimentos públicos.
Teremos que ter a junção com investimentos privados, é isso que vai fazer a diferença. Se fizermos a correta integração entre esforço dos setores público e do privado, podemos fazer a diferença numa agenda que é estratégica ao equilíbrio do planeta e manutenção da vida”, negritou Silva.
O Eco Invest Brasil foi elaborado numa parceria entre o Ministério da Fazenda brasileiro e o Banco Central do Brasil, com recursos e apoio técnico do Banco Interamericano de Desenvovimento (BID) e do Banco Mundial (BM), no marco do Plano de Transformação Ecológica do Brasil.
De acordo com Ilan Goldfajn, presidente do BID, o banco atuou como parceiro técnico no desenho da operacionalização do packline de derivativos e da operacionalização da linha crédito. “Apoiamos o programa em dois lados: um com US$ 3.4 bilhões, para ajudar na questão dos derivativos e opções; e outros com US$ 2 bilhões, para dar liquidez às empresas. Um total de R$ 27 bilhões que o BID vai disponibilizar para apoiar o desenvolvimento, liquidez e eficiência do mercado de proteção em moeda estrangeira do país”, explicou.
Na ocasião, o vice-presidente do Banco Mundial para a região da América Latina, Felipe Jaramillo, anunciou novos recursos para o financiamento climático. “Estamos trabalhando para um novo empréstimo com objetivo de alocar até um US$ 1 bilhão de dólares no Fundo Clima, com foco inicial em florestas, cidades verdes e resilientes e gestão de resíduos sólidos”, anunciou Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a região da América Latina.
A embaixadora do Reino Unido no Brasil,Stephanie Al-Qaq, também anunciou que o país destinará US$ 1 milhão para a criação da plataforma de rede cambial que compõe a iniciativa brasileira.
Já na Reunião Ministerial da Trilha de Finanças, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou a necessidade de aparar as desigualdades entre os países para o enfrentamento à crise climática. O ministro afirmou que os países mais pobres estão arcando com custos ambientais e econômicos crescentes, ao mesmo tempo que veem suas economias ameaçadas por uma crescente onda protecionista por parte dos países ricos.
“A presidência brasileira assumiu o desafio de fazer um G20 inclusivo, em que tenhamos a chance de avançar em diversos temas que nos são caros, como o combate à pobreza e à desigualdade, o financiamento efetivo ao desenvolvimento sustentável, a reforma da governança global, a tributação justa, a cooperação global para transformação ecológica e o problema do endividamento crônico de vários países”, resumiu Haddad.