A fabricante de máquinas de linha amarela JCB anunciou investimento de R$120 milhões em sua fábrica localizada em Sorocaba, Estado de São Paulo, com objetivo de aumentar de 4 mil para 10 mil a capacidade de produção anual até 2026. A despeito da turbulência da crise de microchips e semicondutores, a subsidiária brasileira da multinacional de origem britânica estima crescer 50% em volume de vendas neste ano, quando comparado ao resultado do ano passado, e mais do que dobrar o faturamento – a companhia não detalha números de receita.
O presidente da companhia no Brasil, José Luiz Gonçalves, afirma que a expectativa é alcançar a marca de 5,5 mil máquinas de linha amarela produzidas no ano que vem; essa categoria engloba maquinário pesado, como retroescavadeira e pá-carregadeiras.
Para isso, além da expansão da planta, a empresa vai atualizar equipamentos e tecnologias usadas na fabricação de peças e na linha de montagem para a chamada indústria 4.0. Assim, na visão dele, será possível reduzir custos, minimizar erros e garantir a segurança das operações. O aporte também possibilitará a abertura de 300 novas vagas de trabalho já no ano que vem.
A marca chegou no Brasil em meados da década de 1990, mas foi apenas em 2001 que inaugurou a fábrica no interior paulista. No começo, saíam duas máquinas por dia da planta. Hoje, a média diária é de 20 máquinas. O segredo para expandir sua atuação no país foi entender quais soluções do portfólio melhor se adequavam às necessidades e buscar conhecimento local para aperfeiçoá-las.
Segundo Gonçalves, uma particularidade do Brasil é que máquinas chegam a operar 4 mil horas por ano, enquanto na Europa ficam ligadas entre mil e 2 mil horas em igual período. Isso faz com que manutenções preventivas e corretivas sejam determinantes para a extensão da vida útil dos equipamentos. Daí a necessidade de se investir em telemetria e análise de dados.
Após testes de estresse, a companhia também decidiu produzir seus próprios eixos, transmissores e motores, para fornecer tecnologias adequadas para todas as operações e terrenos . “Para alguns produtos-chave, nós trazemos essas peças das nossas plantas na Inglaterra e na Índia”, comenta.
A onda de privatizações e concessões durante o governo Bolsonaro criaram um cenário favorável às vendas da linha amarela na opinião do executivo. “Vemos uma demanda sustentada nos próximos cinco anos , com crescimento ano a ano, devido a projetos e atividades em andamento. Nossos clientes, seja no campo, na cidade, nas rodovias e na infraestrutura, estão firmes fazendo investimentos”, diz.
O segmento de máquinas pesadas cresceu 32% no Brasil no acumulado de 2021 até setembro. Nesse mesmo período, a JCB avançou mais, cerca de 40%. Diante da perspectiva positiva, o CEO não hesita em defender a expansão dos trabalhos. Para ele, não é prudente esperar que o fornecimento de alguma peças se normalize. “Temos que estar preparados para quando chegarem”, diz, citando que um funcionário leva até 45 dias úteis para ser treinado na linha de produção.
Segundo Gonçalves, o agronegócio representa um percentual importante das vendas da JCB no Brasil: entre 20%e 25%. A fatia é maior do que a do segmento de transporte de materiais (15%) em linha com a demanda de empresas que compram máquinas para alugar ao usuário final (de 20% a 25%) e menor apenas que procura pelo setor de construção, que varia de 30% a 35%.