Mais investimento em qualificação profissional

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Carlos Maurício Lima de Paula Barros*

Procuram-se engenheiros. Esse foi o título de artigo da ABEMI publicado no início de 2010, no qual a entidade expunha preocupação com o fato de que a escassez de mão de obra poderia se tornar um percalço ao crescimento do Brasil. Passados seis meses, a falta de pessoal especializado é um problema real e atinge vários segmentos da economia. Pesquisa da Fundação Dom Cabral, que ouviu as 76 maiores companhias do país, revelou que 67% delas enfrentam dificuldades para recrutar funcionários. Isso mesmo com oito milhões brasileiros sem trabalho.

Na área de engenharia industrial, especialmente a de projetos, as maiores carências são de profissionais experientes. Como o setor ficou praticamente estagnado entre os anos 1980 e 2000, muitos engenheiros, arquitetos e tecnólogos foram parar em bancos e seguradoras. Claro, há espaço para jovens recém-formados, mas a formação destes para assumir posições-chave leva, pelo menos, quatro anos. A escassez é sentida também nos níveis técnico e operacional.

A Abemi coordenou o Plano Nacional de Qualificação Profissional, PNQP, que formou mais de 80 mil profissionais para a área de petróleo e gás e mais de 80% deles foram empregados imediatamente. Em Pernambuco, um exemplo interessante: cortadores de cana sem qualquer experiência na indústria foram treinados para trabalhar como operários no Estaleiro Atlântico Sul. Para isso, passaram por curso de formação básica, com apoio do Estado e das prefeituras, para depois iniciar o curso no PNQP.

Esses oito milhões de pessoas que hoje estão fora do mercado de trabalho – não mais por falta de oportunidades como em outros tempos, mas por baixa qualificação profissional – podem ser incorporadas ao processo produtivo se houver políticas e programas adequados de capacitação, a exemplo do PNQP.

O Brasil tem pela frente o desafio de melhorar sua infraestrutura para suportar o próprio crescimento, notadamente nos segmentos de óleo e gás, mineração e energia, alem das obras hoje quase emergenciais para receber os dois maiores eventos esportivos do mundo. Sem profissionais qualificados nas quantidades requeridas, essa tarefa será muito dificultada, colocando em risco o desenvolvimento e a própria imagem externa do País.

*Carlos Maurício Lima de Paula Barros é o Presidente da ABEMI – Associação Brasileira de Engenharia Industrial

Fonte: Estadão


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