“Mais shoppings, menos trânsito” é o título do artigo de autoria de Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers, publicado na FSP de hoje, em que ele defende a disseminação desses empreendimentos, atribuindo-lhes a responsabilidade pela redução do trânsito nos locais em que funcionam.
“Os 52 empreendimentos distribuídos por todas as regiões de São Paulo”, afirma o articulista, “ajudam a disciplinar o tráfego, na medida em que têm fluxo amplamente dividido ao longo do dia e da semana, estão fechados no horário mais crítico do trânsito e oferecem 130 mil vagas de estacionamento – uma enorme contribuição para desafogar o déficit de espaços zona azul na capital”.
Claro que as coisas não podem – e não devem – ser colocadas apenas sob este viés simplista. Empreendimentos do gênero não podem ser construídos na cidade sem um planejamento urbano adequado. Não são objetos voadores não identificados que pousam em regiões que têm a infraestrutura de serviços saturada, dispensando eventuais contrapartidas compensatórias.
Além disso, a informação de que os 432 shoppings em funcionamento no País, em 2011, geraram 775 mil empregos diretos e pagaram R$ 16 bilhões de impostos, não pode servir de argumentação para que eles sejam liberados de compromissos com o planejamento das condições urbanas locais.
Até por conta de suas dimensões; do volume de pessoas que atraem; do extraordinário volume de negócios que multiplicam; e do peso do preço do espaço de estacionamento que oferecem (ali nada é de graça), os shoppings devem ser projetados considerando as condições viárias de sua localização e a situação dos demais segmentos da infraestrutura com os quais irão funcionar. Eles não estão dissociados do resto da cidade. Resumindo: mais shoppings, mais planejamento urbano. Este é o recado.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira