Equipamentos pela primeira vez utilizados no Brasil moldam as peças de concreto usadas na construção do monotrilho de 24,5 km na Zona Leste. São 17 estações, para atender 500 mil passageiros/dia
Augusto Diniz
*Fotos: Augusto Diniz
ALinha 15-Prata do Metrô de São Paulo – correspondente ao prolongamento da Linha 2-Verde – deve ter o primeiro trecho de monotrilho (de 2,9 km de extensão, entre as estações Vila Prudente e Oratório) entregue até o final do ano que vem.
Trata-se de uma experiência considerada inédita no Brasil. A inauguração marca um novo modal de transporte de massa no País. Com previsão de ficar pronto em toda sua extensão de 24,5 km e 17 estações elevadas até 2016, o sistema deve atender a 500 mil passageiros/dia, ligando os bairros de Vila Prudente e Cidade Tiradentes, na Zona Leste da capital paulista.
O consórcio Monotrilho Expresso Leste, composto das empresas Queiroz Galvão, OAS e Bombardier, é responsável pelo projeto, fornecimento e montagem da Linha 15. Empreendimento pioneiro com essas características tem exigido das construtoras da obra precisão milimétrica e tolerância mínima na fabricação dos elementos por onde trafegarão os trens do monotrilho.
“Ao todo, foram adquiridos oito conjuntos feitos de aço, importados de um fabricante norte-americano, com características e formatos desenvolvidos especificamente para o trabalho de moldagem das vigas”, explica o engenheiro Fernando de Oliveira Gomes, gerente de contrato do consórcio. “É a primeira vez que o Brasil produz esse tipo de pré-moldado, pois as dimensões e a capacidade de suporte são únicas. As vigas-guia produzidas são de grande complexidade devido às suas dimensões, esbelteza, transporte em vias de grande tráfego e lançamento em horários especiais”.
*O primeiro trecho de monotrilho a ser inaugurado, entre as estações de Vila Prudente e Oratório, já tem quasetodos os pilares e capitéis posicionados. Os trabalhos se concentram na colocação das vigas-guia dos trens
No total, serão produzidas mais de 2 mil unidades ou segmentos de vigas de concreto, com 70 t e, em média, 30 m de comprimento cada. “Diferentemente das formas convencionais existentes no mercado, essas peças de concreto protendido são as primeiras do gênero no Brasil, pois trazem a precisão milimétrica da montagem mecânica para a obra civil, além de possibilidade de se fabricar peças com curvas variáveis e sobrelevação”, avalia.
Os equipamentos metálicos de moldagem possuem 39 m de comprimento, com acessórios e escadas de acesso, sendo que quatro deles têm formas retas com pallets ajustáveis, outras dois possuem curvas, superelevação e raio mínimo de 76 m, e os demais também possuem curvas, com superelevação e raio mínimo de 50 m.
Duas vigas-guia têm sido produzidas por dia na fábrica de 50 mil m² montada na avenida Jacu-Pêssego, uma das principais da Zona Leste. Conquanto técnicas de pré-moldagem de peças de concreto sejam muito difundidas aqui no Brasil e em outros países, curiosamente a revista O Empreiteiro não foi autorizada a visitar a unidade de fabricação.
O concreto das vigas-guia é fluido e possui resistência mínima de 50MPa. Cabos de aço atravessam a extensão do pré-moldado. “Além das verificações de resistência do concreto para lançamento, são feitos testes com equipamentos topográficos e outros especialmente desenvolvidos para isso”, explica o engenheiro.
Os pilares, os capitéis de sustentação das vigas e outros elementos estão sendo executados in loco, ou seja, no local onde passará a linha. A altura por onde circularão os trens varia, dependendo do trecho – entre as estações de Vila Prudente e Oratório, ela alcança até 15 m, mas no trecho da avenida Sapopemba é de apenas 3 m. No total, serão erguidos cerca de 1.000 pilares, incluindo os pátios de estacionamento e manutenção.
As obras civis do monotrilho na Zona Leste de São Paulo estão sendo executadas pelas construtoras Queiroz Galvão e OAS, sendo que no primeiro trecho, entre Vila Prudente e Oratório, somente a Queiroz Galvão realiza os trabalhos.
Atualmente, as obras do monotrilho da Linha 15 estão se desenvolvendo da Vila Prudente até o bairro de São Mateus – somente no ano que vem devem começar as obras entre o trecho de São Mateus e Cidade Tiradentes. É possível verificar no trecho obras em diferentes estágios. Na parte mais próxima da Vila Prudente, há pilares, capitéis e algumas vigas instalados. Escoras suportam as vigas que não foram juntadas umas às outras e que aguardam preenchimento de concreto. As estações do monotrilho de Vila Prudente e Oratório já foram erguidas.
Na parte que se aproxima de São Mateus, execuções ainda de fundação são vistas. Também há trechos em que as obras não puderam começar, por causa de desapropriações que ainda não foram feitas e licenças que não saíram.
No total, 2.200 funcionários trabalham na obra, entre próprios e terceiros.
Fonte: Padrão