O impacto foi muito forte. Abalou o País. Mas a tragédia de Eduardo Campos está servindo para recolocar alguns temas no centro das discussões. Obviamente a contragosto do Planalto, que pretende aplainar o caminho da reeleição, sem os riscos de aguçar a agressividade dos problemas incômodos.
Mas não há como ser de outra forma. O desequilíbrio é visível. O governo provocou acidentes de percurso por onde passou. Na área energética, deixa legado negativo, apontando que haverá correções. Mas, não vem a público esclarecer que elas só ocorrerão depois das eleições. Da mesma forma, não explica porque importantes obras do PAC, até ontem consideradas da maior prioridade, não ganharam fôlego; empacaram na poeira dos canteiros abertos em diversas regiões.
É muito difícil mesmo assobiar e sair de fininho, quando se sabe que a população vive no sufoco dos hospitais desaparelhados e que o programa Mais Médicos é apenas um paliativo disperso.
O marketing não consegue encobrir a dissintonia. Agora mesmo me chega, do Ministério de Integração Nacional, informações solicitadas sobre a transposição do rio São Francisco. Pois não é que a transposição não está sendo chamada mais de transposição? O governo mudou o nome para Projeto de integração do rio São Francisco, talvez considerando que, assim, o empreendimento, edulcorado pelas promessas de melhorar as condições de vida da população periférica, terá meios mais consistentes para viabilizar-se. Seria absurdo, a essa altura, não viabilizar-se, depois de absorver recursos da ordem de R$ 8,2 bilhões.
A batalha política intramuros é intensa. O interesse maior é neutralizar Marina e, com ela, o PSB, para que não haja fratura no bloco da reeleição; senão, haverá segundo turno e, depois, a possibilidade de anúncios públicos de mudanças para a correção de equívocos. Isso é tudo o que o governo, a essa altura, não quer. E, no entanto, as mudanças serão necessárias para que o País não vá ao fundo do poço.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira