Nildo Carlos Oliveira
Queremos também falar da Norte-Sul. É uma ferrovia que, começando lá em cima, no Norte do País, já deveria ter chegado lá no Sul, depois de vencidos nada menos que 2.254 km de extensão, segundo o traçado atual. Pelo traçado anterior, ela seria um estirão de mais de 4 mil km.
Projetada para integrar e ampliar o sistema ferroviário brasileiro, ela teria várias conexões. Seu objetivo principal seria o de eliminar o extraordinário volume de caminhões que hoje circulam por aí, por estradas precárias do Centro-Oeste, até chegar aos portos do Sul – e também do Norte – a fim de colocar enormes cargas de grãos a caminho de mercados internacionais.
Mas a Norte-Sul, que começou a ser construída nos primeiros anos do governo Sarney (1987), jamais andou. Ou andou fragmentariamente, aos trancos e barrancos. Foram vários os contratos, todos inconclusos, a maior parte dos quais com os valores corrigidos. No governo Lula, houve até algum avanço, em razão do oxigênio representado pelo repasse de R$ 4,2 bilhões do Tesouro para a Valec, empresa encarregada de construí-la.
Atualmente há promessas de que ela será concluída. O último trecho, de 680 km, entre Ouro Verde, Goiás, e Estrela d´Oeste, São Paulo, poderá estar pronto até julho do ano que vem. Enquanto isso prossegue, operando, nas mãos da mineradora Vale, o trecho de 719 km que vai de Açailândia (MA) a Palmas (TO). Mas se trata de um trecho entregue à concessão por um período de 30 anos.
De trecho em trecho, de contrato em contrato e de sobressalto em sobressalto, assim segue essa obra, mal planejada e mal executada, abandonada à irresponsabilidade de empresa que não soube definir cronograma, exigir lisura, estabelecer prioridades e fixar critérios de qualidade, embora tenha uma função altamente estratégica para duas fortes plataformas do crescimento brasileiro: as safras agrícolas e a mineração. Até aqui, a Norte Sul é apenas a ferrovia que não houve.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira