A descoberta de petróleo e gás naquela profundidade é o resultado de cinco décadas de investimentos exploratórios da Petrobras
As operações contínuas no pré-sal da Bacia de Santos, no litoral de São Paulo, já permitiram perfurar 16 poços, com 100% de êxito. As estimativas de óleo recuperável nas áreas concedidas naquela bacia consideram três áreas já cuidadosamente testadas: Tupi – 5 a 8 bilhões de barris; Iara – 3 a 4 bilhões e Guará, 1,1 a 2 bilhões de barris.
O efeito da descoberta e das operações em andamento foi avaliado, no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), no Rio de Janeiro, por Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobras, que assegurou serem extraordinários os desdobramentos do trabalho da estatal para o desenvolvimento científico, tecnológico e industrial do País, nesta e nas próximas décadas.
"Com grandes reservas, o Brasil está em situação privilegiada na medida em que o petróleo e o gás natural continuarão com excepcional importância no cenário energético mundial. O pré-sal e o novo modelo regulatório surgem como novos desafios para a Petrobras e grandes oportunidades para o Brasil", disse Estrella.
Para o diretor da Petrobras, "a descoberta de petróleo e gás no pré-sal é o resultado de cinco décadas de investimentos exploratórios da Petrobras, que resultaram em um crescente conhecimento sobre as bacias sedimentares brasileiras. Reflete, também, o foco no desenvolvimento de tecnologias, processos analíticos e soluções inovadoras nas atividades exploratórias, principalmente sísmica e perfuração de poços e a maior disposição da empresa para correr riscos exploratórios".
Com investimentos que concorrem aos maiores do mundo, entre as petrolíferas – de US$ 200 bilhões a US$ 220 bilhões em cinco anos -, a Petrobras mudou a estratégia de contratação de bens e serviços na indústria do petróleo. A tendência de encomendar frações de plataformas e navios em série – em vez de unidades inteiras- ganhou força entre os gestores da companhia e vai ser usada como modelo daqui para frente, segundo ele informou.
A estratégia começou a ser adotada para as atividades no pré-sal. Oito cascos de plataformas que vão produzir no pólo petrolífero da bacia de Santos foram encomendadosparauma única empresa, a Engevix, conforme lembrou o executivo. Nos próximos meses a estatal definirá também os construtores dos demais módulos destas plataformas, no mesmo esquema,que prevê alicitação de partes das unidades.
O novo método de licitação da Petrobras vai aumentar a escala de produção e o conteúdo nacional das encomendas. "Para termos maior controle sobre o conteúdo nacional, vamos realizar encomendas de partes menores", disse o executivo. O executivo afirmou que a nacionalização de bens e serviços licitados pela Petrobras vai aumentar dos atuais 65% para cerca de 75%.
O aumento no conteúdo nacional deverá serestabelecido na licitação das plataformas P-58 e P-62, que deve começar nos próximos meses. Estrella explicou que do início das atividades exploratórias para cá, a indústria nacional já ganhou conhecimento suficiente para produzir uma série de bens e serviços que antes não conseguia fornecer.
A Petrobras vaiexigir a construção das unidades no Brasil, a exemplo de outras concorrências já iniciadas, como a das sondas de perfuração.
Outra descoberta
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou, recentemente, que o poço 2-ANP-1-RJS, que está sendo perfurado para ampliar o conhecimento sobre o pré-sal, tem potencial para volumes recuperáveis da ordem de 4,5 bilhões de barris de petróleo.
O poço, perfurado no prospecto denominado Franco, com cerca de 400 km2, indica uma coluna com 272 m de espessura efetiva com petróleo. A avaliação levou em consideração os mesmos padrões de cálculos adotados para a acumulação de Tupi, da Petrobras.
De acordo com o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, "parece se tratar de um dos poços de maior potencial já perfurado no País". Segundo ele, a descoberta reforça o otimismo do governo brasileiro em relação ao potencial da área do pré-sal, situada nas bacias de Campos e Santos.
A perfuração, que está sendo feita a 195 km da costa do Rio de Janeiro, em lâmina de água de 2.189 m, já comprovou a descoberta de óleo leve com cerca 30º API, 41 km a nordeste da estrutura denominada Iara. A ANP está estudando a oportunidade de efetuar de imediato os testes de formação a fim de verificar a produtividade do poço 2-ANP-1-RJS.
A ANP já deu início à perfuração do segundo poço, o 2-ANP-2-RJS, localizado a 32 km a este-nordeste dessa primeira descoberta, no prospecto Libra, utilizando o equipamento NS-21 (Ocean Clipper).
As operações no mar
A meta da Petrobras é alcançar, em 2015, o patamar de produção de 500 mil barris/dia no campo de Tupi, na Bacia de Santos. As operações com esse fim começaram no dia 1º de maio de 2009 quando, com as suas parceiras privadas BG Group e Galp Energia, ela iniciou o teste de longa duração (TLD), por meio do navio-plataforma (FPSO) BW Cidade de São Vicente, que tem capacidade para produzir até 20 mil barris por dia de petróleo.
No segundo semestre deste ano entram em operação outros dois TLDs nas acumulações de Guará e Tupi Nordeste, com produção estimada em cerca de 15 mil barris/dia. Vai operar, com esse fim, o navio plataforma Dynamic Producer e o BW Cidade de São Vicente. Depois da operação do TLD de Tupi, entrará em produção, até o final deste ano, uma plataforma-piloto com capacidade para processar 100 mil barris diários de petróleo.
Segundo a previsão da Petrobras, entre 2013 e 2017 deverão entrar em produção outros dez navios-plataformas com capacidade de produção de 120 a 150 mil barris diários, cada um, o que deverá permitir que se supere, naquele polo pré-sal, a produção de 1 milhão de barris/dia em 2017.
Além disso, no período que vai de 2009 a 2015, deverão ser encomendados cerca de 200 novas embarcaç&otild
e;es de apoio às atividades de exploração e produção marítima na costa brasileira. Tendo em conta essas perspectivas, a empresa contratou, em 2009, cinco sondas para operação em profundidade de água acima de 2 mil m, e outras 23 com as mesmas características, a serem entregues até 2012. E mais 28 sondas serão contratadas para entregue no período 2013-2018. Elas serão produzidas pela indústria nacional.
Logística
Os poços do pré-sal estão situados em camadas profundas do subsolo marinho (6 mil m) e, na maior parte dos casos, a cerca de 250 km de distância da costa. Com isso, o transporte do óleo e do gás produzidos e o suprimento das plataformas de produção demandam soluções de logística muito cuidadosas.
Memorando de entendimento assinado com o Comando da Aeronáutica em abril de 2008 previu um estudo conjunto e a elaboração de um projeto para a implantação de uma base logística off-shore da Bacia de Santos, em terreno do perímetro da Base Aérea de Santos, no município do Guarujá. Para o desenvolvimento desse estudo e a posterior elaboração do projeto, a Petrobras e o Comando da Aeronáutica utilizariam informações de estudos realizados pela prefeitura do Guarujá e pela Comissão Especial de Petróleo e Gás do governo paulista.
Os investimentos para a exploração
Estudo da Fundação Getúlio Vargas, recentemente divulgado, dá conta de que a exploração do pré-sal na Bacia de Santos vai exigir investimentos de US$ 550 bilhões. Os pesquisadores chegaram a esse cálculo avaliando a premissa de que, para cada barril de petróleo, será necessário investir US$ 14. Eles acham que as reservas no cluster de Santos, se considerados os dados fornecidos pela própria Petrobras e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), serão de 40 bilhões.
Encomendado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), o estudo da FGV fornece subsídios às petroleiras privadas que se empenham em mudar o projeto de lei que confere à empresa brasileira a condição de única operadora nas áreas não licitadas do pré-sal.
"A existência de um operador único, não importando qual a companhia selecionada, poderá gerar atrasos no ritmo de produção e aumentos nos custos de operação e desenvolvimento na área do pré-sal", avisou Márcio Lago Couto, superintendente de Projetos da FGV.
Pelo estudo, o Brasil correria o risco de perder arrecadação de aproximadamente R$ 53 bilhões com a atuação de apenas um operador. Um pormenor: o projeto de lei do governo para o pré-sal permite à iniciativa privada participar da exploração dos campos como sócios da Petrobras.
Mão de obra qualificada
Um dos dados mais significativos da descoberta e início das atividades de exploração e produção de petróleo, nos reservatórios abaixo da camada pré-sal, é o aumento da demanda, no mercado, por mão de obra qualificada. A Petrobras orientou a área de recursos humanos para ampliar a competência da força de trabalho para explorar e produzir em horizontes geológicos mais profundos e complexos.
A procura por profissionais especializados, que deverão trabalhar nos projetos do polo pré-sal da Bacia de Santos, até 2020, indica que a área técnica pode se converter em ótima opção para futuros engenheiros e técnicos. Encontram-se em andamento pesquisas em universidades e escolas técnicas para mapear a capacidade dessas instituições com vistas a formar profissionais com a qualificação necessária para atendimento das exigências tecnológicas do pré-sal.
A empresa criou mecanismo de capacitação dentro do programa de desenvolvimento para o pré-sal. O programa inclui um plano de desenvolvimento de cargos críticos e um portfólio de cursos voltados unicamente para a área. Ela prevê a realização de simpósios, além da reestruturação dos programas de formação existentes. Além disso, estimula um programa de qualificação profissional para a área de energia, em parceria com a Agência Nacional de Petróleo.
Atualmente, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) está em seu 4º ciclo de qualificação profissional. Para ajudar a colocar a mão de obra treinada nos três ciclos anteriores, o Prominp criou o banco de currículos on line que hoje conta com 26 mil currículos de alunos e ex-alunos dos cursos realizados pelo programa.
Os estados e regiões favorecidos nos quatro ciclos são: Alagoas (Maceió); Amazonas (Coari e Manaus); Bahia (Salvador); Ceará (Fortaleza); Espírito Santo (Vitória e Linhares); Mato Grosso do Sul (Três Lagoas): Minas Gerais (Belo Horizonte); Paraíba (João Pessoa); Paraná (Curitiba); Pernambuco (Recife): Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Rio Grande do Norte (Mossoró); Catarina (Itajaí); São Paulo (Paulínia, Santos, São José dos Campos e Região Metropolitana de São Paulo) e Sergipe (Aracaju).
Congresso do Pré-Sal
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; o secretário de Estado para o Desenvolvimento Econômico, Energia e Serviços, do Rio de Janeiro, Júlio Bueno e a perita jurídica Heller Redo Barroso, apontada como de renome na indústria brasileira de petróleo e gás, além de lideranças empresariais e especialistas em diversos segmentos dessa área, deverão participar do Congresso Pré-Sal Brasil, a realizar-se de 7 a 9 de junho próximo, no Rio de Janeiro.
Previamente ao encontro, Heller Barroso já se manifestou. Disse que, conjugado a uma política perspicaz e realista de conteúdo doméstico mínimo, a procura de serviços resultantes da campanha exploratória desafiadora nos campos do pré-sal irá estimular o desenvolvimento de uma forte corrente de fornecedores locais da indústria de navegação e petrolífera off-sshore.
Heller Barroso acha que o Brasil, em razão do que vem fazendo nessa área, "irá unir-se ao mercado da Bacia do Atlântico LNG como exportador de gás, dentro de 6 a 8 anos e abrirá o caminho para se tornar um dos maiores exportadores mundiais de LNG. Segundo ela, o Brasil está prestes a ultrapassar a Arábia Saudita como o maior exportador mundial de crude, e até mesmo a Rússia, como o maior exportador de gás".
O evento sobre o pré-sal debaterá os seguintes temas: Cenário político, direitos de exploração, impostos e o quadro regulamentar para a região pré-sal; Investimentos na operação, opções de financiamento
, fundos e novos investidores; Unidade de produção e Tendências globais de tecnologias de águas profundas.
Plataformas de petróleo inovam
em engenharia de acesso
A última década, marcada pela descoberta e extração de novos poços de petróleo, em especial na camada pré-sal, impulsionou o setor na busca por soluções inovadoras que pudessem acompanhar o surgimento de novidades no setor petrolífero brasileiro.
A Rohr, uma das principais empresas especializadas em engenharia de acesso no País, oferece uma grande variedade de opções em equipamentos que atendem a novos desafios como os existentes nas plataformas de petróleo da Petrobrás. Para isso, tem investido na melhoria das estruturas tubulares e acessórios para montagem de andaimes, especialmente em alto mar, como nas plataformas de petróleo instaladas na região de Macaé (Carapeba, Garoupa, Namorado, Pargo, Vermelho, entre outras).
A cada projeto realizado são avaliadas as necessidades do cliente, as quais estimulam pesquisas para o desenvolvimento de equipamentos cada vez mais modernos. No caso da Petrobrás, em função da própria atividade em plataformas, ao longo dos anos de parceria a Rohr buscou soluções que pudessem qualificar ainda mais o seu trabalho, como a obtenção das certificações ISO 14001 e OHSAS 18001, que atestam o compromisso com a preservação ambiental e saúde e segurança ocupacional, complemento à qualidade documentada pela ISO 9001.
Para a área offshore, desenvolveu os conceitos de Engenharia de Acesso e de novas tecnologias aplicadas aos equipamentos utilizados. Como os materiais convencionais sofriam forte impacto da corrosão, a Rohr passou a desenvolver seus equipamentos em alumínio, por ser mais resistente à oxidação, ter menor peso (o que diminui o uso de mão de obra em para montagem e desmontagem em 50%), além de reduzir significativamente os afastamentos por problemas de saúde no trabalho em razão do manuseio destes materiais muito mais leves que os tradicionais em aço. Outro ponto importante a salientar é o baixo impacto ambiental, visto que o alumínio possui longa durabilidade, é totalmente reciclável, não gera resíduo e evita o corte de madeira para utilização como piso de andaime.
A parceria da Rohr com a Petrobrás na última década não para por aí. Os trabalhos também se estendem aos projetos realizados nas refinarias de petróleo distribuídas pelo País, com destaque para a Reduc, localizada em Duque de Caxias, estado do Rio de Janeiro.
Sempre em sinergia com os projetos da Petrobrás, a Rohr também evoluiu no quesito segurança. Reestudou o uso dos EPI´s e adotou as mais modernas tecnologias, como o uso de trava-quedas retráteis para os trabalhos de grande complexidade em alturas, como os realizados nas plataformas de petróleo. Nos últimos dois anos, a Rohr se destacou como a empresa com o maior número de horas trabalhadas sem acidentes ocupacionais, reconhecimento que só foi possível graças aos equipamentos empregados, principalmente pela substituição das pranchas de madeira por pisos de alumínio. Hoje, é sinônimo de empresa moderna, sempre alinhada com os avanços tecnológicos e pesquisas, sem deixar de lado a segurança e bem-estar dos seus colaboradores.
Fonte: Estadão