Depois de pronto, desde que se cumpram as promessas de investimentos e, evidentemente, haja demanda, estima-se que o complexo poderá receber recursos da ordem de R$ 36 bilhões. Apenas para o porto, serão desembolsados R$ 1,6 bilhão. Dentro do conjunto está prevista uma usina termelétrica a gás natural e carvão com capacidade para 5,4 gigawatts, o equivalente ao que é produzido por Itaipu.
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Já o espaço reservado para a termelétrica MPX, outro projeto de Eike, é do tamanho da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Durante a obra, somente no alicerce, serão utilizados 2,8 milhões de metros cúbicos de rochas, o suficiente para preencher quatro estádios do Maracanã. Se fossem empilhadas, as pedras ficariam da altura do morro do Pão de Açúcar. A grandiosidade da obra tem dimensões proporcionais ao desafio de atrair empresas. O primeiro estágio, o da construção, tem sido cumprido à risca por Eike com o apoio de seu maior sócio financiador, o BNDES.
A estrutura estará pronta no segundo semestre de 2011, garante a LLX. O sucesso do porto, no entanto, dependerá de uma segunda etapa, não menos importante, a de atrair investimentos privados. Até agora, a extensa lista de protocolos não deixou o campo das intenções. No início do ano passado, quando a LLX abriu o capital, uma relação com mais de 30 protocolos de intenção de investimento foi apresentada ao mercado. Havia lá nomes de peso como Fiat, Iveco, Bunge e Cargill. Desde então, não houve avanços, num sinal de que as expectativas podem ter sido inflacionadas no IPO.
A montadora Fiat, por exemplo, que hoje utiliza como porta de saída o porto de Vitória (ES), garantiu que não há negociações para utilização do Açu como alternativa às exportações, nem há projetos de construção de uma planta em São João da Barra. Iveco e Bunge negam a intenção de se instalar na região. O único grande empreendimento já anunciado para o Açu é uma planta da siderúrgica chinesa Wuhan Steel.
Mas, também neste caso, ainda não há uma definição sobre o tamanho do projeto.
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A explicação para isso pode estar na demanda – ou melhor, na falta dela.
Há uma prova disso não muito distante dali. A ausência de compradores levou preocupação ao grupo alemão ThyssenKrupp, que constrói também no Rio de Janeiro, com investimentos de 5 bilhões de euros, a CSA Siderúrgica do Atlântico. Quando a proposta foi apresentada, em 2006, a companhia não contava com a crise, e foi pega no contrapé pelo recuo da demanda global por aço. As nuvens que pairam no horizonte, no entanto, não têm contido a empolgação do mercado em relação aos projetos de Eike Batista.
Desde a fase mais aguda da crise, o valor das ações de suas empresas se multiplicou, o que fez com que a fortuna pessoal do empresário superasse a cifra de US$ 20 bilhões. Mesmo assim, Eike promoveu substituições nos cargos de comando das suas empresas: a mineradora MMX, a petrolífera OGX e a LLX, de infraestrutura. (leia quadro na página a seguir). Mas, para a população do norte fluminense, é grande a expectativa.
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“Teremos, sem dúvida, a maior onda de investimento em décadas”, definiu recentemente o governador Sérgio Cabral, que assinou um incentivo fiscal para as empresas que se instalarem no Açu. O ICMS será de 2%, contra os atuais 18%. O governador Cabral imagina que a chegada da Wuhan poderá trazer outros projetos chineses. Especulase que duas grandes montadoras de lá, a BYD e a Jac Motors, também estejam em negociação, em sigilo, para a vinda ao Brasil via complexo do Açu, onde a energia elétrica, por exemplo, será 30% mais barata do que no resto do País.
“O interesse das empresas pelo Açu demonstra credibilidade e prova que estamos no caminho certo”, disse a prefeita de São João da Barra, Carla Machado, que anuncia criar aulas de mandarim para as crianças da rede pública de ensino. “Trata-se de um empreendimento de proporções chinesas. Os próximos investimentos no Brasil olharão para o Açu”, endossou à DINHEIRO o diretor-presidente da LLX, Otávio Garcia Lazcano.
Fonte: Estadão