Graziela Lipski OTribunal de contas da União (TCU) apontou em julho irregularidades em pelo menos 11 contratos de obras em ferrovias e estradas. As obras pertencem ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela manutenção das estradas federais não concedidas e pela construção de novas estradas, e a Valec, estatal que cuida da malha ferroviária pública. Segundo o TCU, no caso do Dnit, consta que pelo menos três contratos que tiveram valores aumentados este ano apresentam irregularidades. O orçamento do órgão em 2010 correspondeu a R$ 12,3 bilhões. No final do ano passado, o TCU já havia solicitado ao Congresso Nacional a paralisação de 32 obras mantidas pelo governo por graves indícios de irregularidades na execução dos contratos em 19 estados do País. Geralmente indícios de irregularidades em contratos costumam paralisar obras nas rodovias, criando-se gargalos futuros gigantescos. Ao comparar a evolução das pavimentações das redes viárias nos últimos 10 anos, percebe-se que ainda há muito trabalho a ser feito. Pesquisa de 2011 do próprio DNIT aponta que dos 1.712.374,3 km que se estende a malha viária nacional, 213.722 km estão pavimentadas, o que significa que parte considerável das ligações entre áreas urbanas no país ainda se dão por estradas de terra ou com pavimentação quase inexistente. Vale ressaltar que a rede viária nacional é elemento fundamental nas cadeias produtivas, que une mercados e promove a integração de regiões e estados. Estima-se que, em 2010, cerca de 66,7 milhões de passageiros utilizaram o transporte rodoviário interestadual para viajar pelo Brasil,sendo a região Sudeste responsável por quase 50% desse fluxo, segundo divulgou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no final de junho de 2011. Outro setor para o qual a rede viária é indispensável é o transporte de cargas. Atualmente, 60% das riquezas do país transitam pelas rodovias. A administração da malha rodoviária do país está dividida em jurisdições federal, estadual e municipal, que se responsabilizam pela administração das vias de seus territórios. Sob jurisdição federal estão cerca de 120 mil km da malha. Porém, somente 52% encontram-se pavimentas. Atualmente, 36% deste total, que corresponde a pouco mais de 42.000 km, encontram–se em obras e planejamento. A malha sob jurisdição estadual corresponde a 254.136 km de vias, sendo que 41,9% estão pavimentadas, 44,6% ou 113.450,6 km não estão pavimentados, e 13,4% ou 34.138 km estão em planejamento e obras. A malha sob jurisdição municipal é a mais extensa e abrange todos os municípios brasileiros. Ela corresponde a 1.339.126,9 km de vias das quais 92,2% não estão pavimentadas. Sudeste Entre as regiões, a Sudeste é a que possui melhor estrutura de pavimentação das estradas. Dos 46.708 km de malha que estão sob jurisdição estadual, 70% estão pavimentadas. Porém, poucas rodovias do país se encontram em ótimas condições — boa parte delas são concessões entregues à iniciativa privada. Assim, embora apresentem extrema qualidade, estão sujeitas a pedágios, como ocorre, por exemplo, no estado de São Paulo, onde a arrecadação dos pedágios das rodoviasultrapassou os R$ 2 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano. O estado paulista conta com 227 praças de pedágio, o que representa mais da metade do total de pedágios do país (50,6%). Por outro lado, uma das estruturas viárias mais precárias do país pode ser encontrada nas regiões Norte e Nordeste, onde depara-se com rodovias que são sinônimo de abandono. Uma das principais vias de escoamento de safra do país, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), a BR-163, por exemplo, possui cerca de 1 780km de extensão. É a rodovia que integra o Centro-Norte ao Centro-Oeste e Sul do Brasil, sendo o principal corredor para atingir os portos dos estados do Paraná e Santa Catarina. Porém, pouco mais de 700 km dessa rodovia estão devidamente pavimentadas. Fonte: Estadão