Nildo Carlos Oliveira
Uma construtora que constrói um prédio a poucos passos de onde moro adota, como slogan, a prática de uma engenharia de resultados.
Os trabalhadores da empresa se apresentam uniformizados, enluvados, de capacete e com equipamentos de segurança.
Eles chegam às 6h30 da manhã. E, aos poucos, começam a produzir aqueles ruídos comuns a toda construção. Mas há um porém. Por volta das 8 horas, um grupo desses operários inicia o rompimento das estruturas de concreto de uma edificação antiga, para a extensão da construção da edificação nova. E, então, ao longo do dia, utiliza duas ou três britadeiras que funcionam simultaneamente na operação.
Os operários trabalham com máscara, óculos de proteção e protetores auditivos. E seguram os equipamentos com as mãos enluvadas. Mas, e a vizinhança, a poucos metros dali, no prédio ao lado? E as crianças? E os velhos que não conseguem fugir para áreas circunjacentes, não suportando o barulho extremo?
Entendemos a necessidade da aplicação de uma engenharia de resultados. Mas a empresa poderia ter mantido contato com a vizinhança, prevenindo-a do trabalho que ali seria realizado e procurado minimizar o impacto com expediente alternativo, mediante diálogos e informações. Da maneira como iniciou o trabalho teve uma atitude invasiva, como se a vizinhança não importasse.
Além desses aspectos, há outro. Toda e qualquer intervenção no meio ambiente deve considerar os riscos que os ruídos urbanos vêm produzindo na saúde da população. E entendemos que a evolução da engenharia – sobretudo a engenharia de resultados – precisa atentar para as condições locais em que ela será aplicada.
Cito, a título de exemplo, uma obra, muito maior do que esta a que estou me referindo, que vem sendo feita em área do Rio de Janeiro. Ali ocorrem até detonações. Mas, antes que elas aconteçam, a população do entorno é informada e tratada com o respeito que merece.
A guerra contra os ruídos urbanos extremos é uma questão de cidadania, mesmo que não contemos com a parceria de prefeitura, governo de Estado ou coisa do gênero, com esse fim, para que a engenharia – e outras atividades – alcancem os resultados necessários. Uma observação final: engenharia de resultados não deve ser apenas um slogan.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira