Plano é construir cidade-aeroportuária em Viracopos

Compartilhe esse conteúdo

Definitivamente, Viracopos não será o mesmo, depois da concessão. O Consórcio Aeroportos Brasil inspira-se em modelo externo para elaborar projeto de engenharia e transformar aquele aeroporto, localizado em sítio de 25 milhões de m², na primeira cidade-aeroportuária do Brasil

Nildo Carlos Oliveira

A direção do Grupo UTC Engenharia, que participou do leilão de Viracopos por intermédio da UTC Participações, junto com a Triunfo Participações, tem bem clara a imagem do que o Aeroporto Internacional de Viracopos deverá ser, caso as obras previstas para o período de concessão – 30 anos – sejam executadas:  uma cidade aeroportuária ampla, completa, dotada de uma infraestrutura compatível com suas atividades e dimensão, e de um plano diretor próprio para organizar o seu crescimento.

Logo após o leilão, o consórcio começou a trabalhar na estruturação do programa de obras, serviço que só poderia ganhar maior ritmo, com a assinatura do contrato de concessão. O conjunto de atividades leva em conta os dados especificados no edital do leilão e deverá transcendê-los na medida em que isso se torne necessário para aumentar a capacidade operacional e melhorar as condições de conforto do aeroporto.

A união da UTC Participações (45%) com a Triunfo Participações (45%) e com a Egis Airport Operation, da França (10%) resultou da convergência de interesses comuns. Há, além deste, outros parceiros estrangeiros. Um deles é a empresa Naco, holandesa, que trabalhou nos projetos do Aeroporto Schiphol, de Amsterdã, e o próprio operador do Aeroporto de Munique, na Alemanha, cuja experiência operacional será estudada para aproveitamento em Viracopos.

A Naco fornecerá diretrizes quanto à concepção para a modernização do aeroporto,  otimizando os projetos dos terminais, os elementos a serem observados no dimensionamento  das três pistas que deverão ser executadas (a previsão é para que o aeroporto opere com quatro pistas)e de outros elementos gerais, dentro da abordagem  de um plano mais vasto: um aeroporto que venha a ter, futuramente, capacidade para atender a 90 milhões de passageiros/ano. Nesse sentido, Viracopos deverá ser o grande aeroporto da América Latina, uma vez que o sítio de que dispõe, para sua expansão, favorece seu crescimento nessa direção: ele possui 25 milhões de m² para ocupação futura. A cidade-aeroportuária contará com shopping center, hotéis e outros serviços. 

UMA EMPRESA ESPECÍFICA

A implementação de um plano dessa ordem só efetivar-se-á com uma empresa própria, focada nessas diretrizes. E é isso o que a UTC está concebendo. João Eduardo Cerdeira de Santana, presidente da Constran, do Grupo UTC, foi, até aqui, o responsável pela montagem da estrutura dos trabalhos e do avanço de diversas etapas do processo licitatório, a serem consolidadas com a criação de uma Sociedade de Propósito Específico destinada a assumir as atividades do consórcio. Este terá de concluir, em 22 meses, as obras exigidas para a primeira fase da concessão.

O engenheiro Carlos Fernando Valente, também da Constran, e que vem colaborando na montagem do programa a ser adotado para a modernização de Viracopos, informa que a principal obra prevista atualmente é a construção do terminal da fase 1. Este terminal deverá atender à demanda de 1.500 pessoas na hora de pico, e a 5 milhões de passageiros ao longo do ano. Para a operação desse primeiro terminal está prevista a construção de novas pistas de taxiamento, que deverão permitir o parquemento remoto de outras aeronaves.

O primeiro terminal contará com 28 posições de ponte de embarque. Para a melhoria do funcionamento do setor de carga e descarga, está prevista a revisão da área e dos equipamentos ali utilizados. Os equipamentos de circulação vertical, ali instalados há cerca de dez anos, serão objeto de manutenção e dos ajustes de atualização necessários.

Está prevista também, na primeira etapa da concessão, uma intervenção imediata no atual terminal de passageiros. Ele atende a 7 milhões de passageiros/ano, quando sua capacidade original de atendimento é de cerca de 4 milhões de passageiros/ano.

Carlos Valente informa que a busca de parceria com a empresa holandesa Naco é muito significativa e que ela ocorreu em razão da experiência que ela oferece como consultora  do  aeroporto de Amsterdã, Holanda, um dos maiores do mundo, e que é conhecido como aeroporto-cidade. Ele imagina que, por conta do potencial de Viracopos e da dimensão de que ele dispõe para crescer, pode transformar-se na cidade aeroportuária ao longo do processo natural de expansão.

Viracopos é considerado o segundo maior terminal aéreo de carga do País. Responde por 18,1% do movimento total de cargas nos aeroportos brasileiros. Ao longo do ano passado registrou fluxo de cargas embarcadas e desembarcadas em voos internacionais de quase 260 mil toneladas. Portanto, o plano para torná-lo uma cidade-aeroportuária não pode ser visto como algo utópico ou aleatório. A realidade conspira a favor desse projeto.

Fonte: Padrão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário