O porto de Itaqui foi uma das principais obras favorecidas pelos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que atendeu ao crescimento do setor portuário do Maranhão com aporte de R$ 181 milhões. No segundo semestre do ano passado, foi iniciada a construção do berço 100, o alargamento do cais sul e a recuperação dos berços 101 a 103, com serviços de dragagem, e o início da construção da retroárea dos berços 100 e 101.
Somando-se a construção do Terminal de Grãos do Maranhão, que duplicará a capacidade do porto, o valor total aplicado atinge a soma de R$ 540 milhões. A Emap, que faz a gestão do porto, pretende ainda encaminhar à União projetos para construção de mais três atracadouros na porção sul do cais, inserindo essas obras na segunda etapa do programa, o PAC 2.
O principal conjunto de obras são os serviços de dragagem na área do Porto de Itaqui, que deverão retirar 1,8 milhão de m³ do canal de acesso e da bacia de atracação dos berços 100 a 103, permitindo a construção do aterro hidráulico da retroárea dos berços 100 e 101. O prazo estabelecido para conclusão da dragagem é 31 de maio deste ano.
Berço ampliado
O berço 100 passará a ter 320 m de comprimento e 26 m de largura, incluindo o alargamento de todo o cais sul (berços 101, 102 e 103) alcançando 2 m de plataforma. Já foram executadas a limpeza das ferragens, a confecção das fôrmas e concretagem de 196 m³ de plataforma e após conclusão das sondagens, em janeiro, foi iniciada o encravamento das 192 estacas de concreto. As estruturas deverão sustentar a plataforma do cais, capaz de receber navios de até 175 mil t de carga. Este serviço, no entanto, depende da recuperação da Plataforma Iemanjá, espécie de bate-estacas flutuante, que só deverá ser finalizada em abril. No caso da retroárea, que irá se estender por todo o berço 100, o serviço é menos complexo, por tratar-se de um enroncamento de blocos de concreto, depositados no leito do canal para servir de alicerce ao pátio.
Além do berço 100, está senso executada a dragagem no canal, que compreende os atracadouros 101, 102, 103. O serviço irá nivelar os berços a uma profundidade média de 14 m, podendo chegar a 16 metros, conforme a amplitude da maré. Atualmente, no caso dos berços 102 e 103, a profundidade média é de 9,5 m, o que restringe a operação grandes navios.
Os berços 101 e 102 também passam por completa recuperação. No 102, a área recuperada é de 46 metros. E no 101, 130 metros que nunca passaram por intervenções. Após a demolição de parte da plataforma na área do berço 102, foram colocados tubulões em substituição aos antigos gabiões (blocos de pedra amarrados com malha de aço) de sustentação, os primeiros a serem construídos no Itaqui na década de 1960. A empreitada integra também a retroárea do berço 102, bem como 28 mil m² de pavimentação do berço 100 (quando estiver concluído) e mais 801 mil m³ de aterro. Essas obras também estavam paradas, sendo retomadas somente em novembro passado e permitindo, já em dezembro, o esvaziamento e limpeza dos gabiões 4 e 3 (alicerces da plataforma).
Posteriormente, teve início a demolição de mais um trecho da plataforma, com escavação, arrasamento de estruturas (nivelamento dos tubulões) e tratamento das ferragens. As obras possibilitarão, estruturalmente, ampliar a profundidade desses berços para a cota de menos quinze metros. Atualmente, os berços recebem navios de médio porte, com calado de até 11 m.
Dragagem
Os trabalhos de dragagem receberam o reforço da draga (barcaça e retroescavadeira), fabricada na Holanda, no estaleiro da empresa De Donge Shipyard, na Holanda. A barcaça da draga mede 63,83 m de comprimento e 19 m de largura, com calado de 4 m de profundidade. Conta com controles tanto da draga como da escavadeira totalmente computadorizados, operando com sistema de monitoramento por satélite. Há também mais dois batelões (balsas) de aproximadamente 1.000 m³ cada um. O braço de escavação pode alcançar até 26 m de profundidade, equipado com um motor de 1.900 kW, o que representa 2.548 HP (horse power, ou cavalo-força). O equipamento tem capacidade de escavação de 660 m³/h de material mole (areia e lodo) e 375 m³/h de material médio e duro (pedras e pedregulhos). Para executar o serviço com o braço mecânico, serão utilizados três tipos de caçambas com capacidade de 10 m³, 13 m³ e 18 m³.