Em 2010, a indústria brasileira de cimento, com apoio técnico da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), processou em seus fornos cerca de 900 mil t de resíduos, por meio da tecnologia do coprocessamento. Desse total, 77% dos resíduos tinham poder calorífico e foram aproveitados como combustível alternativo e 23% como substituto de matéria-prima do cimento.
"Estima-se que a indústria tenha um limite de capacidade potencial para coprocessar 2,5 milhões de t de resíduos. Para isso, o Brasil precisa ampliar essa experiência, pois o coprocessamento também é indicado para grandes e médias cidades que possuem separação e tratamento adequado de lixo", salienta o geólogo Yushiro Kihara, gerente de tecnologia da ABCP e professor Doutor da Universidade de São Paulo (USP).
Além de lixo urbano, produtos de alto poder calorífico podem substituir parcialmente o combustível que alimenta os fornos de cimento. Entre eles: solventes, resíduos oleosos, óleos usados, graxas, pneus, resíduos plásticos e de fábrica de papel, ossos de animais, grãos de validade vencida, casca de arroz, bagaço de cana-de-açúcar.
"Vale lembrar que o coprocessamento é regulamentado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e está contemplado no texto da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como alternativa ambientalmente adequada de gestão de resíduos", ressalta Yushiro.
A lei determina que os resíduos não podem ser tratados como rejeitos até que se esgotem todas as possibilidades de reaproveitamento.
Mudanças Climáticas – Somando esforços ao Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), a ABCP tem se dedicado ao tema, contribuindo com os governos federal e paulista no preparo do Inventário Nacional e Estadual de Emissões do setor para a formulação de diretrizes e metas para a indústria nacional sobre a redução dos gases de efeito estufa.
Cenário Nacional – A ABCP reúne 10 grupos de indústrias de cimento associadas que formam 44 unidades de produção espalhadas pelo país. Destas, 37 são licenciadas pelos órgãos ambientais estaduais competentes para coprocessar resíduos. A geração anual de resíduos, Classe I, é estimada em 2,7 milhões de toneladas.
Fonte: Estadão