A revitalização da Zona Portuária do Rio, projeto prioritário do prefeito eleito Eduardo Paes, ganhou um parceiro de peso. Nesta quarta-feira, durante o encontro Rio em Movimento, promovido pelo GLOBO com o patrocínio da fábrica de pneus Michelin, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, afirmou que a companhia quer ser uma das âncoras do projeto, com a construção de sua nova sede nessa área da cidade. Mas, segundo ele, serão necessários incentivos do governo.
O tema do encontro foi “Perspectivas além da crise”. Além de Falco, o evento teve as presenças do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, do presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Sérgio Besserman, e da diretora do projeto Rio Atende, Rita Mateus, sendo mediado pela jornalista Flávia Oliveira, titular da coluna Negócios & Cia, do GLOBO. Para os debatedores, o Rio será menos afetado que outras grandes cidades pela crise econômica mundial e os principais investimentos anunciados para os próximos anos no estado estão garantidos.
Secretário: Paes se reunirá com a direção da DocasO secretário de Desenvolvimento classificou como um investimento prioritário para a cidade a revitalização da Zona Portuária. Segundo ele, a vitória de Eduardo Paes, do partido do governador Sérgio Cabral (PMDB), formou uma “conjunção astral” única para que o projeto saia do papel. Ainda de acordo com Bueno, o novo prefeito se encontrará hoje com a direção da Companhia Docas, que é proprietária da maior parte dos terrenos da região e do Píer da Praça Mauá.
Essa revitalização será agora ou nunca. Vou cometer uma inconfidência. No início do governo estadual, houve um encontro do governador com o prefeito Cesar Maia, que afirmou que o cargo mais importante para ser nomeado para o Rio junto ao governo federal era o de presidente da Docas. Mas o governador não indicou esse cargo – disse Bueno em tom de lamento.
O presidente da Oi disse que a empresa tem todo o interesse em fazer sua sede na área. Segundo ele, no entanto, os governos terão que ser agressivos nos incentivos para tornar viáveis projetos dessa natureza na Zona Portuária. Falco não garantiu que a sede da nova empresa a ser formada com a fusão da Oi com a Brasil Telecom será no Rio.
É um dilema dos governos. É preciso abrir mão no curto prazo para ganhar no longo prazo. O Rio tem sido pouco agressivo nessa área. Num projeto de revitalização portuária, eu sou âncora. Mas, se perguntarem o que eu quero, vou dizer que quero tudo – disse Falco, lembrando que o $com o estado tem sido positivo.
Ele citou alguns projetos que estão sendo desenvolvidos com o governo estadual, como o novo telefone 190 da Polícia Militar que, segundo o presidente da OI, ajudou a reduzir o número de trotes, pois as chamadas agora são identificadas. Falco lembrou que outro projeto com o governo foi a implantação de um chip nos veículos da PM, que identifica o carro mais próximo para $um chamado. Segundo ele, o tempo de atendimento teria caído de quase 27 minutos para cinco minutos.
Outro exemplo é a carteira de estudante dos alunos das escolas do estado. Vamos implantar um portal na escola e, quando o garoto passar, vai marcar a presença dele. Se ele não for, o pai será avisado por uma mensagem – disse.
O secretário de Desenvolvimento afirmou que, com a crise, alguns investimentos que previstos para o Rio – como duas novas siderúrgicas – não devem mais ser anunciados este ano, mas ele ainda tem esperança de que isso ocorra no futuro. De acordo com Bueno, da carteira de cerca de R$ 60 bilhões em investimentos programados para os próximos três anos, poucos não serão feitos devido à crise.
Os investimentos em petróleo, que são a maioria, são de longo prazo e não estão ameaçados. As obras do PAC também não e temos duas siderúrgicas que já estão em construção e não serão afetadas – afirmou Bueno, que falou sobre a polêmica em torno da abertura de novos vôos no Aeroporto Santos Dumont. – A questão não é se abrimos o Santos Dumont para uma companhia (a Azul) ou não. Se abrirmos para uma, teremos que abrir para todas. Isso vai enfraquecer o Galeão no momento em que é prioridade para o governo a revitalização desse aeroporto. Foi nossa pior nota no julgamento para sede dos Jogos Olímpicos.
O presidente da Oi acrescentou que a empresa investirá cerca de R$ 1 bilhão no Rio em 2009. O valor é semelhante à média de investimento nos últimos dez anos. Ao comentar se a crise poderia afetar essa aplicação de recursos, ele brincou:
Se a crise for muito profunda, vamos investir R$ 990 milhões. Se ela não for tão profunda, vamos investir R$ 1,01 bilhão no Rio.
Maior resistência à crise global. Durante o evento Rio em Movimento, o presidente do Instituto Pereira Passos, Sérgio Besserman, lembrou que a crise é profunda e que pode dificultar alguns projetos em desenvolvimento no estado que dependem de concessões, como o do Aeroporto Internacional Tom Jobim e o do trem-bala ligando o Rio a São Paulo. Mas, para ele, o Rio sofrerá menos com a crise mundial que outras grandes cidades.
Temos mais resistência à crise, por fatores que ainda precisamos estudar, mas provavelmente são relativos à nossa forte economia de serviços e ao empreendedorismo do carioca. Todas as pesquisas do IBGE mostram que o carioca trabalha mais que o paulista. Isso é porque somos empreendedores e temos um mercado mais dinâmico – disse. – Quem sofre muito com a crise é São Paulo, porque o sistema financeiro foi para lá.
Já Rita Mateus, do Rio Atende, disse que, com o patrocínio de grandes empresas, o instituto tem conseguido desenvolver um trabalho de melhoria do treinamento da mão-de-obra na cidade. Segundo ela, os focos são a área de hotelaria e restaurantes, para ajudar no desenvolvimento do turismo.
Prestar serviço é vocação do carioca. Mas temos pouca auto-estima. Por isso, criamos a campanha para que quem presta um bom serviço seja elogiado. Se reconhecemos o bom profissional, criamos uma rede de bons profissionais.
A área de turismo foi apontada por Besserman como fundamental para o desenvolvimento do Rio. Segundo ele, a indústria do turismo é a segunda do mundo, atrás apenas da do petróleo e, em alguns anos, poderá ser a primeira. Besserman defendeu que áreas turísticas da cidade tenham prioridade no policiamento, para atrair mais visitantes. Segundo ele, a visão de que isso seria injusto com as regiões mais pobres do Rio é equivocada, pois turismo traz emprego e desenvolvimento.
O presidente do IPP lembrou que, na área turística, o Rio tem uma marca forte ligada ao meio ambiente, por ser uma cidade com belezas naturais, além de ter sido sede da Rio-92. Para ele, os governos do estado e do município deveriam levar à União a proposta de fazer em 2012, 20 anos após o encontro mundial sobre meio ambiente, a Rio + 20, para discutir o futuro do planeta.
O tema do encontro foi “Perspectivas além da crise”. Além de Falco, o evento teve as presenças do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, do presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Sérgio Besserman, e da diretora do projeto Rio Atende, Rita Mateus, sendo mediado pela jornalista Flávia Oliveira, titular da coluna Negócios & Cia, do GLOBO. Para os debatedores, o Rio será menos afetado que outras grandes cidades pela crise econômica mundial e os principais investimentos anunciados para os próximos anos no estado estão garantidos.
Secretário: Paes se reunirá com a direção da DocasO secretário de Desenvolvimento classificou como um investimento prioritário para a cidade a revitalização da Zona Portuária. Segundo ele, a vitória de Eduardo Paes, do partido do governador Sérgio Cabral (PMDB), formou uma “conjunção astral” única para que o projeto saia do papel. Ainda de acordo com Bueno, o novo prefeito se encontrará hoje com a direção da Companhia Docas, que é proprietária da maior parte dos terrenos da região e do Píer da Praça Mauá.
Essa revitalização será agora ou nunca. Vou cometer uma inconfidência. No início do governo estadual, houve um encontro do governador com o prefeito Cesar Maia, que afirmou que o cargo mais importante para ser nomeado para o Rio junto ao governo federal era o de presidente da Docas. Mas o governador não indicou esse cargo – disse Bueno em tom de lamento.
O presidente da Oi disse que a empresa tem todo o interesse em fazer sua sede na área. Segundo ele, no entanto, os governos terão que ser agressivos nos incentivos para tornar viáveis projetos dessa natureza na Zona Portuária. Falco não garantiu que a sede da nova empresa a ser formada com a fusão da Oi com a Brasil Telecom será no Rio.
É um dilema dos governos. É preciso abrir mão no curto prazo para ganhar no longo prazo. O Rio tem sido pouco agressivo nessa área. Num projeto de revitalização portuária, eu sou âncora. Mas, se perguntarem o que eu quero, vou dizer que quero tudo – disse Falco, lembrando que o $com o estado tem sido positivo.
Ele citou alguns projetos que estão sendo desenvolvidos com o governo estadual, como o novo telefone 190 da Polícia Militar que, segundo o presidente da OI, ajudou a reduzir o número de trotes, pois as chamadas agora são identificadas. Falco lembrou que outro projeto com o governo foi a implantação de um chip nos veículos da PM, que identifica o carro mais próximo para $um chamado. Segundo ele, o tempo de atendimento teria caído de quase 27 minutos para cinco minutos.
Outro exemplo é a carteira de estudante dos alunos das escolas do estado. Vamos implantar um portal na escola e, quando o garoto passar, vai marcar a presença dele. Se ele não for, o pai será avisado por uma mensagem – disse.
O secretário de Desenvolvimento afirmou que, com a crise, alguns investimentos que previstos para o Rio – como duas novas siderúrgicas – não devem mais ser anunciados este ano, mas ele ainda tem esperança de que isso ocorra no futuro. De acordo com Bueno, da carteira de cerca de R$ 60 bilhões em investimentos programados para os próximos três anos, poucos não serão feitos devido à crise.
Os investimentos em petróleo, que são a maioria, são de longo prazo e não estão ameaçados. As obras do PAC também não e temos duas siderúrgicas que já estão em construção e não serão afetadas – afirmou Bueno, que falou sobre a polêmica em torno da abertura de novos vôos no Aeroporto Santos Dumont. – A questão não é se abrimos o Santos Dumont para uma companhia (a Azul) ou não. Se abrirmos para uma, teremos que abrir para todas. Isso vai enfraquecer o Galeão no momento em que é prioridade para o governo a revitalização desse aeroporto. Foi nossa pior nota no julgamento para sede dos Jogos Olímpicos.
O presidente da Oi acrescentou que a empresa investirá cerca de R$ 1 bilhão no Rio em 2009. O valor é semelhante à média de investimento nos últimos dez anos. Ao comentar se a crise poderia afetar essa aplicação de recursos, ele brincou:
Se a crise for muito profunda, vamos investir R$ 990 milhões. Se ela não for tão profunda, vamos investir R$ 1,01 bilhão no Rio.
Maior resistência à crise global. Durante o evento Rio em Movimento, o presidente do Instituto Pereira Passos, Sérgio Besserman, lembrou que a crise é profunda e que pode dificultar alguns projetos em desenvolvimento no estado que dependem de concessões, como o do Aeroporto Internacional Tom Jobim e o do trem-bala ligando o Rio a São Paulo. Mas, para ele, o Rio sofrerá menos com a crise mundial que outras grandes cidades.
Temos mais resistência à crise, por fatores que ainda precisamos estudar, mas provavelmente são relativos à nossa forte economia de serviços e ao empreendedorismo do carioca. Todas as pesquisas do IBGE mostram que o carioca trabalha mais que o paulista. Isso é porque somos empreendedores e temos um mercado mais dinâmico – disse. – Quem sofre muito com a crise é São Paulo, porque o sistema financeiro foi para lá.
Já Rita Mateus, do Rio Atende, disse que, com o patrocínio de grandes empresas, o instituto tem conseguido desenvolver um trabalho de melhoria do treinamento da mão-de-obra na cidade. Segundo ela, os focos são a área de hotelaria e restaurantes, para ajudar no desenvolvimento do turismo.
Prestar serviço é vocação do carioca. Mas temos pouca auto-estima. Por isso, criamos a campanha para que quem presta um bom serviço seja elogiado. Se reconhecemos o bom profissional, criamos uma rede de bons profissionais.
A área de turismo foi apontada por Besserman como fundamental para o desenvolvimento do Rio. Segundo ele, a indústria do turismo é a segunda do mundo, atrás apenas da do petróleo e, em alguns anos, poderá ser a primeira. Besserman defendeu que áreas turísticas da cidade tenham prioridade no policiamento, para atrair mais visitantes. Segundo ele, a visão de que isso seria injusto com as regiões mais pobres do Rio é equivocada, pois turismo traz emprego e desenvolvimento.
O presidente do IPP lembrou que, na área turística, o Rio tem uma marca forte ligada ao meio ambiente, por ser uma cidade com belezas naturais, além de ter sido sede da Rio-92. Para ele, os governos do estado e do município deveriam levar à União a proposta de fazer em 2012, 20 anos após o encontro mundial sobre meio ambiente, a Rio + 20, para discutir o futuro do planeta.
Fonte: Estadão