Augusto Diniz (O Empreiteiro) e
Andrew Wright (ENR-Engineering News Record)
– Rio de Janeiro (RJ)
Das quatro linhas de BRT (Bus Rapid Transit) previstas para operar no Rio de Janeiro, uma já está em funcionamento, outra em obra, a terceira em fase de licenciamento para início dos trabalhos e a última ainda em estágio de desenvolvimento de projeto pela prefeitura. O BRT é um sistema de transporte público com ônibus articulados que circulam em vias segregadas. Este foi o modal escolhido pela cidade para atender a mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
O BRT Transoeste (Santa Cruz-Barra da Tijuca) já está em operação, mas não com sua capacidade plena. Algumas estações precisam ainda começar a funcionar.
A operação do Transoeste está sendo feita por meio de grupo de empresas de ônibus coletivo urbano, o Consórcio Santa Cruz. Cada veículo é capaz de transportar 140 pessoas. O ônibus, biarticulado e movido a diesel, poderá ter sua capacidade de passageiros ampliada, caso os estudos que estão sendo feitos pela prefeitura indiquem essa necessidade.
A projeção é de que 120 mil passageiros sejam transportados pela linha diariamente. Quando a linha for estendida até a estação Jardim Oceânica, interligando o BRT Transoeste à futura Linha 4 do metrô, 220 mil passageiros/dia deverão ser beneficiados. No entanto, as obras para este trecho somente terão início quando a Linha 4 do metrô estiver em fase final – a expectativa é que esta comece a funcionar em janeiro de 2016.
As obras do BRT Transoeste, sob a responsabilidade da Odebrecht Infraestrutura e Sanerio Construções, se iniciaram em setembro de 2010. O seu custo total foi de R$ 900 milhões.
A mais complexa intervenção do projeto foi a construção do Túnel da Grota Funda, com 1,1 km. O túnel é considerado uma das maiores intervenções urbanísticas da cidade. Ele foi construído atendendo aos mais modernos requisitos de controle e segurança. Uma barreira de proteção contra deslizamentos e painéis laterais internos – estes para melhorar a visibilidade – foram implementados. O túnel tem ainda sistema à prova de apagões e atenderá não somente à linha do BRT, mas também ao tráfego de veículos na região.
O BRT Transoeste quer ser uma opção de transporte na zona oeste do Rio para substituir o ônibus coletivo comum. Porém, o BRT Transoeste não possui passagens de nível exclusivos. O que significa que ele deverá seguir quase o ritual dos ônibus comuns, carros e caminhões, parando em semáforos. Somente em alguns trechos os sinais de trânsito das vias foram programados de forma que os ônibus do BRT sigam sem interrupções, quando isso for possível.
De acordo com o engenheiro de transporte Claudio Luiz Santos, da Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro, os primeiros meses de operação do sistema serão de avaliação do comportamento do usuário. “Manteremos algumas linhas de ônibus coletivos por algum tempo e depois as tiraremos na medida em que os passageiros forem se acostumando com o novo sistema.”
As vias de tráfego do BRT Transoeste foram construídas basicamente no canteiro central das avenidas das Américas e da Dom João VI – esta última considerada mais complexa, devido ao terreno pantanoso. Haverá uma linha expressa intercalada com serviço de paradas do BRT – isso significa que determinados veículos circularão com paradas apenas em algumas estações e outros em todas as estações.
Também está em adequação a construção de um trecho do BRT Transoeste ligando Santa Cruz (ponto final da linha) a Campo Grande, e de Campo Grande a Mato Alto (uma das estações do BRT Transoeste já existente). Quando toda finalizada, a linha Transoeste terá 56 km de extensão e 64 estações. As desapropriações para a construção da linha já alcançaram mil unidades residenciais.
*Foto: Augusto Diniz
*Ônibus biarticulados e movidos adiesel fazem o trajeto da Transoeste
BRT Transcarioca
As obras do BRT Transcarioca (Aeroporto Internacional do Galeão-Barra da Tijuca) são consideradas de maior complexidade porque seu traçado cruza bairros da cidade do Rio de Janeiro de alto adensamento populacional. Foram cerca de 2 mil unidades habitacionais e comerciais desapropriadas até junho, sendo que parte foi feita por acordo e parte por ação judicial.
São 39 km de linhas segregadas. Os trabalhos foram divididos em dois lotes: um já com 35% de sua execução pela construtora Andrade Gutierrez, em um total de 28 km (trecho Barra da Tijuca-Penha); e 2% das obras realizadas, em um trecho com o total de 11 km – a cargo do consórcio OAS/Carioca/Comtern (trecho Penha-Aeroporto Internacional do Galeão). O ponto final da linha na Barra da Tijuca será no Terminal Alvorada, local em que a Transcarioca terá intersecção com o a linha Transoeste.
O BRT Transcarioca teve suas obras iniciadas em março de 2011, com o custo estimado de R$ 1,6 bilhão. A expectativa é que ele atenda a 400 mil pessoas/dia. O Transcarioca atravessa os bairros de Curicica, Taquara, Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira, Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria e Ramos.
De acordo com Eduardo Fagundes, gerente-geral de obras da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, na via do BRT Transcarioca haverá três “mergulhões” para atender a linha, com um já concluído no bairro de Campinho. Além disso, prevê-se a construção de pontes atravessando a avenida Ayrton Senna e da Ilha do Governador à costa, além da ampliação de viadutos em Madureira e Penha para melhorar o tráfego da região por conta da implementação do sistema. No total, serão 10 viadutos (incluindo duplicações) e nove pontes em todo traçado.
“A maior dificuldade da obra tem sido evitar afetar a rede de água, esgoto, energia e outros sistemas, pois a linha corta áreas populosas e com muitas redes”, explica Eduardo. De acordo com o engenheiro, sistemas de georreferência têm sido usados para identificação de redes.
As vias de circulação dos BRTs estão sendo pavimentadas com concreto, com 25 cm de espessura. Asfalto está sendo usado apenas em trechos fora de circulação dos veículos, como área de estacionamento dos ônibus articulados.
Os trabalhos do BRT Transcarioca têm s
ido realizados em dois turnos, para atender ao prazo – a expectativa é entregar a obra em dezembro de 2013.
Eduardo explica ainda que já havia um antigo projeto no Rio, feito há cerca de 20 anos, de implementação de linhas segregadas de ônibus. “Este foi a base para realização das intervenções atuais com BRT na cidade”.
Transolímpica
Foi definido recentemente o consórcio responsável pela construção e operação do BRT Transolímpica (Recreio dos Bandeirantes-Deodoro). Ao contrário das outras linhas de BRT, o modelo deste foi de concessão por 35 anos. A via também permitirá a passagem de outros veículos, desde que paguem o pedágio para acessá-la. Atualmente, o projeto está em fase de licença ambiental.
A linha terá 23 km de extensão, com 18 estações, e a implantação do corredor expresso vai custar R$ 1,55 bilhão. A previsão é que as obras fiquem prontas até o final de 2015.
O BRT Transolímpica liga a Vila dos Atletas e o Parque Olímpico do Rio, no Riocentro, ao Centro Olímpico de Deodoro. O principal obstáculo será a perfuração de túnel de 1.800 m no Maciço da Pedra Branca.
O consórcio vencedor foi o Rio Olímpico, formado pelas empresas Odebrecht TransPor, Invepar e CCR. Cerca de 400 mil pessoas/dia deverão ser atendidas pela linha. A previsão é de que circulem 55 mil veículos/dia pelo corredor expresso.
Transbrasil
O BRT Transbrasil encontra-se em fase de elaboração de projeto e a expectativa é de que as obras comecem até o início do ano que vem. A linha deve percorrer em boa parte de seu trecho a Avenida Brasil, a mais importante via de acesso ao Rio de Janeiro. A linha ligará o centro da cidade, desde o Aeroporto Santos Dumont, a Deodoro.
O corredor terá 32 km, com quatro terminais, 28 estações e 15 passarelas. A previsão é de que sejam atendidos 900 mil passageiros/dia – será a linha de BRT com maior demanda de passageiros.
Fonte: Padrão